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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

'Dalva e Herivelto são como Courtney Love e Kurt Cobain'


6 de janeiro de 2010

Por Maria Carolina Maia


Maria Adelaide Amaral, com retrato do casal Dalva e Herivelto ao fundo (Foto: Renato Rocha Miranda/TV Globo)

Enquanto se prepara para voltar às novelas, gênero com que ingressou na TV, em 1990, Maria Adelaide Amaral faz uma nova incursão pelas minisséries, formato que a consagrou. Dalva e Herivelto, seu novo trabalho, estreou na última segunda-feira, explorando a relação afetivamente explosiva e musicalmente fértil de dois dos maiores nomes da era do rádio. Para a escritora, Dalva de Oliveira e Herivelto Martins formavam um casal como Courtney Love e Kurt Cobain, os roqueiros grunges que compartilharam drogas, escândalos e depressões. "É uma história repleta de drama, paixão, ciúme, traições e egos feridos", resume a dramaturga.


Quando casados, Dalva e Herivelto dividiram palcos, fãs e boemia. Separados, protagonizaram polêmicas, trocando acusações por meio da imprensa e de canções agressivas. "E a culpada foi ela/ Transformava o lar na minha ausência / Em qualquer coisa abaixo da decência", disparou Herivelto em Caminho Certo, uma parceria com o jornalista David Nasser. Ao que Dalva teria respondido, gravando Errei, Sim, de Ataulfo Alves: "Mas foste tu mesmo / O culpado / Deixavas-me em casa / Me trocando pela orgia." Na entrevista abaixo, Maria Adelaide fala da minissérie, da relação com os herdeiros de Dalva e Herivelto e do retorno aos folhetins com o remake de Tititi, que deve ocupar o horário das 19h a partir do segundo semestre de 2010.

Dalva e Herivelto são representantes da era de ouro do rádio e de um Brasil que não existe mais. A senhora acha que eles são capazes de atrair o público jovem?
Dalva e Herivelto são bem parecidos com algumas figuras que os jovens conhecem bem: Courtney Love e Kurt Cobain, Nancy e Sid Vicious, e outros casais explosivos.

Como a senhora descreve a relação entre Dalva e Herivelto, como parceiros profissionais e como casal?
Ele foi um grande compositor e intuiu que ela, excelente cantora, era o que estava faltando à Dupla Preto e Branco, formada por ele e Nilo Chagas. Os três constituíram o Trio de Ouro, que durou até 1949, quando eles se separaram e ela começou efetivamente a carreira solo, com grande sucesso. Ele não esperava por isso.

Os atores Adriana Esteves e Fabio Assunção como Dalva e Herivelto (João Miguel Jr./TV Globo)Com outras boas histórias sobre a cena cultural brasileira, por que narrar a vida desse casal?
Na verdade, quando fui ao Rio, minha proposta era fazer uma série sobre a Isaurinha Garcia. Mas o diretor musical Mariozinho Rocha me lembrou de Dalva e Herivelto. Imediatamente, começamos a recordar o famoso rompimento dos dois e as músicas que isso gerou. É uma história repleta de drama, paixão, ciúme, traições e egos feridos. E dava para contar em cinco capítulos.

A senhora se especializou em narrativas curtas. É mais fácil escrever uma minissérie do que uma novela?
Tenho mais tempo para pesquisar e escrever, o que faz com que os capítulos sejam desenvolvidos com mais calma. Mas em 2010 retorno às novelas, com o remake de Tititi, do saudoso Cassiano Gabus Mendes, o homem que efetivamente me levou para a TV em 1990, para escrever com ele Meu Bem, Meu Mal.

Consta que Pery Ribeiro, filho de Dalva e Herivelto, se sentiu insatisfeito por não participar das decisões sobre a minissérie. Os herdeiros de fato foram afastados das resoluções?
Todos os herdeiros foram devidamente consultados antes e durante a redação dos capítulos. No período de gravação, a Yaçanã Martins cedeu vários documentos e objetos pessoais de Herivelto, seu pai, e deu alguns palpites na cenografia. O Pery foi consultado sobre a música de abertura, que, aliás, é cantada por ele e Dalva. A minha relação com eles transcorreu num clima de confiança desde a primeira reunião. Aliás, isso era fundamental. De outra maneira, a minissérie nem poderia ser realizada.

Fabio Assunção esteve afastado da TV por dependência química, e agora volta na pele de um boêmio que maltratava a esposa. Isso não pode depor contra o ator diante dos fãs?
A dinâmica do casal era bastante neurótica, mas curiosamente Herivelto nunca ergueu a voz para Lurdes (sua terceira mulher). Apesar da virulência de Herivelto, Fabio deu ao personagem a humanidade que naturalmente ele devia ter.


Sulamérica Trânsito












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