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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Afinal, o que o Brasil ganha com a crise de Honduras?

23/09 - 00:30 - Caio Blinder, de Nova York

NOVA YORK - A política externa do presidente Lula e do seu ministro das Relações Exteriores Celso Amorim tem ambições desmedidas, mas o senador tucano Eduardo Azeredo, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, também foi desmedido. Ele observou que o governo procurou "sarna para se coçar" ao abrigar o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, na embaixada brasileira em Tegucigalpa.


Antes de mais nada, são os políticos hondurenhos que procuraram sarna para se coçar, tanto Zelaya com suas jogadas caudilhescas, como o afoito governo golpista de Roberto Micheletti. De qualquer forma, com o cerco à embaixada brasileira em Tegucigalpa pelas forças de segurança do governo hondurenho (este acuado pela comunidade internacional) e a escalada de tensões (e riscos), o governo brasileiro abriu o flanco para seus críticos. Para acompanhar a enrascada na qual o Palácio do Planalto e o Itamaraty se meteram basta acompanhar o raciocínio do influente "Wall Street Journal". Na edição desta quarta-feira, o jornal enfatiza que a crise em Honduras empurrou o Brasil para um inusitado emaranhado de controvérsias.

Na verdade, parece que a crise pegou a diplomacia brasileira de surpresa. Melhor se fiar nas alegações de Celso Amorim de que ele não sabia dos planos teatrais de Zelaya de retornar ao seu país, de onde foi escorraçado há quase três meses, e buscar abrigo na embaixada brasileira. O resultado político imediato é muito perigoso para o Brasil. Zelaya está usando o santuário diplomático como uma plataforma política. Na terça-feira, o chanceler Amorim precisou recomendar que o presidente deposto baixasse o tom e abandonasse o falatório passional do tipo pátria ou morte. E o próprio presidente Lula precisou aconselhar Zelaya a não dar pretexto para uma invasão da embaixada.

Em uma América Latina do cabeça-quente Hugo Chávez e do errático casal Kirchner, o Brasil há tempos é visto como um necessário contraponto ao histrionismo diplomático (apesar de excessos retóricos do presidente Lula) e uma ponte para o ainda todo-poderoso big brother norte-americano. Mas, pelo menos na avaliação do Wall Street Journal", o Brasil está perdendo capital político com este novo lance da crise hondurenha. A volta de surpresa de Zelaya colocou o Brasil em uma posição constrangedora, apesar do argumento de Celso Amorim de que o lance pode facilitar a solução da crise.

O problema é que o governo Micheletti, embora acuado, endureceu devido a este lance. Com isto, fica minada a capacidade do Brasil para negociar uma saída pacífica, na medida em que Micheletti vê a diplomacia brasileira como mais partidária. Não há duvidas, é verdade, que é preciso ser partidário da normalidade democrática e isto significa remover os golpistas do poder. O drama é o método. Existem, portanto, os cenários alarmistas envolvendo um descontrole da situação como a invasão da embaixada ou uma escalada de violência. O Brasil se tornou o principal patrocinador de Zelaya (em termos imediatos abafando Hugo Chávez). Persiste a pergunta: o que o Brasil ganha com esta encrenca?










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