Clóvis Mezzomo, brasileiro, descendente de italianos, branco de olhos verdes decidiu levar Lula às barras dos tribunais.
Representou contra o presidente no STF. Exige explicações sobre o diagnóstico que Lula fez acerca das origens da crise global.
Na semana passada, discursando ao lado do primeito-ministro britânico Gordon Brown, Lula dissera o seguinte:
A crise global foi “fomentada por comportamentos irracionais de gente branca, de olhos azuis...”
Gente que, “antes da crise pareciam (sic) que sabiam tudo, e que agora demonstra não saber nada”.
Para o brasileiro Clóvis Mezzomo, o presidente incorreu em crime de racismo. Daí o pedido de explicações, que precede a proposição de uma ação penal.
Mezzomo alega que, ao atribuir a crise ao “homem caucasiano”, Lula acomodou nas costas de uma etnia a responsabilidade pela encrenca que fez ferver a economia.
Um comportamento que considera “intoleravalmente racista”. O autor da petição empilha uma série de preceitos legais que o presidente afrontou.
Menciona o artigo 5º da Constituição: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.
Cita o inciso XLII do mesmo artigo: “A prática de racismo constitui crime inafiançável e imprescritível”.
Anota o artigo 140 do Código Penal, que tipifica como crime “injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro”.
Enfileira a lei 7.716, de 1989, que define os “crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor”. E vai por aí.
Não resta ao Supremo senão notificar Lula. Algo que será feito nos próximos dias. O presidente pode confirmar ou retificar suas declarações.
Como a confirmação o sujeitaria ao inconveniente de um processo, é provável que Lula se desdiga.
O diabo é que, como ensinou Horácio (65-8 a.C.), em priscas eras, “a palavra, uma vez lançada, voa irrevogável”.
Nesta sexta (3), aliás, o chiste de Lula voou até Londres. Em entrevista, uma repórter pediu “descupas” ao presidente brasileiro Lula por ser branca e ostentar olhos azuis.
Riso amarelo, Lula disse que, a despeito da carga genética, a entrevistadora não tinha cara de banqueira. “Você certamente é vítima da crise”.
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