sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Earliest Human Footprints Discovered
Salve salve, Seinfeld volta à cena
Há 11 anos longe da TV (digo em caráter inédito, já que "Seinfeld" nunca cessa seu fôlego para reprises), Jerry Seinfeld anunciou sua volta ao expediente à versão online da "Variety".
A notícia foi confirmada na noite de ontem pela NBC e já pipoca em uma centena de sites e blogs pela rede.
"The Marriage Ref" é o nome da série, ainda sem data para ir ao ar, e o casamento, como indica o título, é o mote da vez. Casado há 9 anos, Seinfeld se convenceu de que o matrimônio tem grande potencial cômico. E avisa o ator/roteirista que ninguém espere por programa-terapia, que isso é comédia e ponto.
Mas como a capacidade de rir dos conflitos do dia a dia é o melhor remédio para driblar crises, quem quiser identificar o novo programa como terapia de casal, que fique à vontade Sphere: Related ContentJustiça concede liminar que suspende demissões da Embraer
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Informação é do sindicato Conlutas; decisão também suspende futuras demissões na fabricante de aviões
Paulo Justus, de O Estado de S. Paulo
De acordo com o coordenador geral da Conlutas, José Maria de Almeida, a liminar tem efeito imediato e suspende também futuras demissões da empresa. "Isso não termina a nossa luta, vamos pedir para que o governo reassuma o controle acionário da empresa", diz.
A ação de dissídio coletivo para suspender as demissões foi protocolada ontem por representantes da Conlutas, Força Sindical e dos sindicatos dos metalúrgicos de São José dos Campos e Botucatu. Na ação, as entidades sindicais argumentam que a Embraer ignorou os sindicatos e não negociou antes de oficializar a demissão em massa.
Na quinta-feira, as entidades sindicais, a Embraer e a Eleb (Embraer Liebherr) vão comparecer a uma audiência de conciliação no TRT.
Metroviários de São Paulo podem parar na segunda-feira
Funcionários ameaçam entrar em greve devido ao não pagamento da Participação dos Resultados
Solange Spigliatti - estadao.com.br
Segundo o Sindicato dos Metroviários de São Paulo, a Secretaria da Fazenda do Governo do Estado não autorizou a liberação da verba para efetuar o pagamento da PR.
Uma assembleia será realizada às 18h30 desta sexta-feira, 27, na quadra do Sindicato, para avaliar formas de pressionar o governo do Estado a cumprir o acordo firmado com a categoria, não descartando a realização de uma greve a partir de segunda-feira.
A categoria metroviária deveria receber a sua PR até o dia 28 de fevereiro, conforme a cláusula 3ª do Acordo Coletivo dos metroviários, assinado no dia 7 de agosto de 2008, bem como correspondência enviada pela Cia. confirmando que os metroviários atingiram todas as metas estipuladas.
De acordo com o sindicato, às vésperas da data marcada, a gerência de Recursos Humanos do Metrô informou ao Sindicato que o acordo não será cumprido, pois a Secretaria da Fazenda estadual não autorizou a liberação de verba.
INSS convoca 354 aposentados e pensionistas
ROSANA DE CASSIA - Agencia Estado
São beneficiários que realizaram o Censo Previdenciário, por intermédio de um procurador ou representante legal, mas que precisam ser localizados para comprovar que estão vivos.
Os convocados terão prazo de 30 dias para comparecer às agências da Previdência, pessoalmente ou por meio de representante legal, para que um servidor do INSS faça uma visita ao beneficiário. Somente depois que o funcionário do INSS localizar o beneficiário é que o cadastro voltará à normalidade. A lista dos convocados está disponível no portal da Previdência Social (www.mpas.gov.br).
FÁBIO ASSUNÇÃO ELEGANTE EM PREMIO
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Osmar Prado
Osmar Prado
Osmar do Amaral Barbosa, conhecido pelo nome artístico Osmar Prado, nasceu em São Paulo, em 18 de agosto de 1947. Iniciou sua carreira de ator aos 10 anos de idade, integrando o elenco infantil da novela David Copperfield, na extinta TV Paulista. Interpretou diversos papéis na emissora, onde permaneceu por oito anos. Nessa época, além da televisão, trabalhou em teatro com o ator Sérgio Cardoso.
Em 1965, teve uma passagem pela recém inaugurada TV Globo, onde participou da novela Ilusões perdidas, de Ênia Petri, estrelada por Reginaldo Faria e Leila Diniz. Em 1968, convidado pelo diretor Walter Avancini, assinou contrato com a TV Excelsior para atuar na novela Os estranhos, da qual também participaram Stênio Garcia, Gianfrancesco Guarnieri e – no papel de um detetive – Édson Arantes do Nascimento, o Pelé. Ainda na TV Excelsior, integrou o elenco de duas novelas de Ivani Ribeiro, a superprodução A muralha e Dez vidas, que retratava a Inconfidência Mineira.
Assinou seu primeiro contrato com a TV Globo ainda em 1968, para trabalhar em Verão vermelho, de Dias Gomes. Gravada em Salvador, na Bahia, a novela foi protagonizada por Jardel Filho e Dina Sfat – em sua estréia na emissora – e apresentou Osmar Prado no papel de Bebeto, um jovem apaixonado pela filha do casal, Patrícia, vivida pela atriz Maria Cláudia.
Com o sucesso de sua participação em Verão vermelho, Osmar Prado foi escalado para trabalhar na novela seguinte do autor Dias Gomes, Assim na Terra como no Céu, levada ao ar entre julho de 1970 e março de 1971. Na trama, dirigida por Walter Campos, o ator trabalhou ao lado de Carlos Vereza – no papel do contestador Ricardinho – e deu vida a Mariozinho, jovem que se rebela contra o pai, um delegado repressor.
Ainda em 1971, Osmar Prado participou de O cafona, de Bráulio Pedroso, na qual interpretou Cacá, um jovem cineasta que, junto com os amigos Rogério (Carlos Vereza) e Julinho (Marco Nanini), desejava fazer o filme mais radical do cinema brasileiro. Os personagens faziam uma referência bem-humorada aos diretores Cacá Diegues, Rogério Sganzerla e Júlio Bressane. Na novela, o grupo era liderado pelo Profeta, personagem de Ary Fontoura, uma espécie de guru das praias do Rio de Janeiro.
Osmar Prado voltou a participar de uma novela de Dias Gomes no final de 1971, quando viveu o jogador de futebol Mingo, em Bandeira 2. Para dar vida ao personagem, o ator contou com uma assessoria técnica especial: o craque Mané Garrincha, então atuando pelo Olaria, orientou e participou diretamente de algumas filmagens.
No ano seguinte, Osmar Prado protagonizou sua primeira novela na TV Globo, Bicho do mato, de Chico de Assis e Renato Corrêa e Castro. Ambientada no estado do Mato Grosso, Bicho do mato apresentava o ator no papel do caipira Juba, que se apaixona por uma garota da cidade grande, a Rute, vivida por Débora Duarte.
Em 1973, o ator foi escalado para integrar o elenco fixo do seriado A grande família, escrito por Oduvaldo Vianna Filho. Seu personagem, o estudante politizado Júnior, era o terceiro filho do casal Lineu e Nenê – na época, interpretados por Jorge Dória e Eloísa Mafalda –, e não foi reproduzido na versão atual do seriado. Na década de 1970, quando o país vivia o período mais duro do regime militar, diversas falas de Júnior foram censuradas. Em determinado momento, inclusive, houve tantos cortes no texto que o programa não pôde ser levado ao ar, e a TV Globo teve que exibir a reprise de uma partida de futebol.
Com a morte do autor Oduvaldo Vianna Filho, em 1975, a produção do seriado foi suspensa, e Osmar Prado voltou, então, a participar das novelas da TV Globo. Ainda em 1975, integrou o elenco de duas adaptações de obras literárias feitas pelo autor Gilberto Braga: Senhora, de José de Alencar, e Helena, de Machado de Assis. Na primeira, interpretou o advogado Torquato Ribeiro; em seguida, viveu um dos protagonistas da trama, o Estácio, contracenando com Lúcia Alves, no papel de Helena, e Ida Gomes, como Dona Úrsula.
No ano seguinte, o ator participou da primeira novela escrita pelo autor Cassiano Gabus Mendes na TV Globo, Anjo mau. Protagonizada por Suzana Vieira, como a vilã Nice, a novela apresentou Osmar Prado no papel de Getúlio, marido da personagem Stela, vivida por Pepita Rodrigues. Em seguida, como Eupídio Morungaba, participou da novela Nina, de Walter George Durst, estrelada por Regina Duarte e Antonio Fagundes.
Ainda na década de 1970, Osmar Prado atuou em outras duas produções de sucesso da TV Globo. Em Te Contei? (1978), de Cassiano Gabus Mendes, interpretou o Edu, que vivia um triângulo amoroso com as personagens Shana, interpretada por Maria Cláudia, e Sabrina, vivida por Wanda Stephânia. Em seguida, em Pai herói, de Janete Clair, deu vida ao marginal Pepo.
Em 1980, na novela Chega mais, de Carlos Eduardo Novaes, interpretou o cantor Amaro da Bahia, que formava um par romântico com a personagem de Renata Sorrah. No ano seguinte, no papel de Alfredo, integrou o elenco de O amor é nosso (1981), de Roberto Freire e Wilson Aguiar Filho.
Após quase 15 anos de contrato com a TV Globo, Osmar Prado deixou temporariamente a emissora em 1982, para se dedicar mais ao teatro. Nos palcos, atuou nas montagens de Barrela, de Plínio Marcos, e Gente fina é a mesma coisa, de Alan Ayckbourn. Em seguida, teve uma passagem pela TV Cultura de São Paulo, onde protagonizou a minissérie Seu Quequé, adaptação feita por Wilson da Rocha do conto Pensão Riso da Noite, de José Condé.
O ator voltou a trabalhar na TV Globo no ano seguinte, em 1983, quando foi convidado para integrar o elenco do seriado Mário Fofoca, interpretado por Luis Gustavo. Osmar Prado deu vida ao corretor Donato Freitas, cujo escritório era vizinho ao do detetive Mário Fofoca, e servia de contraponto às situações vividas pelo protagonista. Em telenovelas, ainda em 1983, viveu o Joãozito em Voltei pra você, de Benedito Ruy Barbosa, e fez uma participação especial em Champagne, de Cassiano Gabus Mendes.
Participou pela primeira vez de uma minissérie da TV Globo em 1984, quando viveu o personagem Marcelo, em Meu Destino é pecar, adaptação da obra de Nelson Rodrigues feita por Euclydes Marinho. Voltou a afastar-se da emissora, em seguida, para participar de duas produções da antiga TV Manchete: as minisséries Viver a vida (1984), de Manoel Carlos, e Tudo em cima (1985), de Bráulio Pedroso. Antes disso, porém, ainda em 1984, fez a sua estréia no cinema, atuando no filme Agüenta, coração, de Reginaldo Faria.
Em 1986, de volta à TV Globo, participou de sua primeira novela das oito, Roda de fogo, de Lauro César Muniz, e interpretou um de seus personagens mais carismáticos na televisão, o Tabaco, um motorista sedutor que mantinha romances com três mulheres ao mesmo tempo, e era verdadeiramente apaixonado por todas elas. No papel, Osmar Prado contracenava com as atrizes Inês Galvão (Bel), Carla Daniel (Marlene) e Cláudia Alencar (Patativa).
No ano seguinte, voltou a trabalhar numa trama escrita por Dias Gomes, Mandala, que também foi exibida no horário das oito da noite. Com a cabeça raspada, Osmar Prado viveu o monge budista Gérson Silveira – interpretado na primeira fase da novela pelo ator Danton Mello –, irmão da protagonista Jocasta, vivida por Vera Fischer.
Em 1988, interpretou um dos personagens principais de Vida nova, de Benedito Ruy Barbosa: o italiano Pietro, que morava em um cortiço e era apaixonado por Gema, vivida pela atriz Nívea Maria. Também em 1988, Osmar Prado voltou a trabalhar numa minissérie da emissora, O pagador de promessas, de Dias Gomes, vivendo o padre Elói, sob a direção de Tizuka Yamasaki.
Atuou em nova minissérie dois anos depois, Riacho Doce, de Aguinaldo Silva e Ana Maria Moretzsohn. Baseada na obra de José Lins do Rego, Riacho Doce apresentou Osmar Prado no papel do pescador Neco. Em 1992, o ator participaria de outra trama escrita pelos mesmos autores (além do autor Ricardo Linhares), a novela Pedra sobre pedra, na qual viveu mais um personagem de grande repercussão junto ao público, o Sérgio Cabeleira, que assustava os habitantes da cidade de Resplendor em noites de lua cheia.
Em 1993, interpretou aquele que talvez seja seu maior sucesso na televisão, o Tião Galinha, um personagem exótico que carregava as crendices e fábulas do universo popular na novela Renascer, de Benedito Ruy Barbosa. O personagem, que era catador de caranguejo e sonhava ter uma roça, acreditou que poderia criar um diabinho em uma garrafa para realizar seu desejo. O papel rendeu a Osmar Prado o prêmio de melhor ator coadjuvante da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
Apesar do sucesso obtido pelo personagem, o ator deixou a TV Globo ainda durante as gravações de Renascer. Transferiu-se para o SBT, que reorganizava seu núcleo de dramaturgia com a novela Éramos seis, de Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho. Ainda no SBT, Osmar Prado integrou o elenco da novela Sangue do meu sangue (1995), de Vicente Sesso.
Osmar Prado voltou a trabalhar na TV Globo em 1998, convidado para interpretar o prefeito Barnabé de Barros, na novela Meu bem querer, de Ricardo Linhares. Dois anos depois, participou da novela Esplendor, de Ana Maria Moretzsohn, no papel de Rodolfo Bernardes.
Em 2001, integrou o elenco da premiada minissérie Os Maias. Baseada na obra de Eça de Queiroz, com adaptação feita por Maria Adelaide Amaral, a minissérie foi estrelada por Fábio Assunção e Ana Paula Arósio, interpretando Carlos Eduardo e Maria Eduarda, e apresentou Osmar Prado no papel de Tomás de Alencar.
Ainda em 2001, na novela O clone, de Glória Perez, o ator interpretou Lobato, um advogado de classe média, ex-dependente químico, que luta para se manter longe do álcool e da cocaína. Através dele e da personagem Mel, interpretada pela atriz Débora Falabella, a autora introduziu na novela a discussão sobre o uso de drogas, o drama dos usuários e as possibilidades de tratamento, o que ajudou a garantir uma grande repercussão na mídia e estimulou uma campanha contra o uso de drogas e pela valorização da vida. Em seguida, atuou em Chocolate com pimenta (2003), de Walcyr Carrasco, no papel do caipira Margarido.
Em seguida Em 2005, Osmar Prado integrou o elenco da premiada minissérie Hoje é dia de Maria, de Luiz Fernando Carvalho e Luís Alberto de Abreu, baseada na obra de Carlos Alberto Soffredini. O ator voltaria a atuar em Hoje é dia de Maria – Segunda jornada, exibida no mesmo ano.
Em 2006, Osmar Prado participou do remake da novela Sinhá Moça, de Benedito Ruy Barbosa. Exibida pela primeira vez em 1986, com Lucélia Santos e Marcos Paulo nos papéis principais, a nova versão apresentou Débora Falabella e Danton Mello como Sinhá Moça e Rodolfo, além de Osmar Prado no papel do dominador Barão de Araruna. No ano seguinte, atuou em Eterna magia, de Elizabeth Jhin. Em 2008, o ator estava na novela Ciranda de pedra, de Alcides Nogueira. Ele também integrou o elenco das minisséries JK (2006), de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira, e Amazônia – De Galvez a Chico Mendes (2007), de Glória Perez.
Osmar Prado também é atuante no teatro e no cinema. Entre os filmes em que trabalhou estão Ipanema toda nua (1971), de Libero Miguel, Agüenta, coração (1984), de Reginaldo Faria, O grande mentecapto (1989), de Oswaldo Caldeira, Boca de Ouro (1990), de Walter Avancini, A hora marcada (2000), de Marcelo Taranto, Desmundo (2002), de Alan Fresnot, e Olga (2004), de Jayme Monjardim, onde interpretou o presidente Getúlio Vargas.
No teatro, fez peças como Um rubi no umbigo (1979), de Ferreira Gullar; Um caminho para dois (2005), entre outras.
Última atualização: 06/2008
[Fontes: ANTUNES, Elizabete. “Versão original tinha nomes como Brandão Filho e Eloísa Mafalda do elenco” IN: O Globo, 25/03/2001; “A televisão está sendo mal utilizada” IN: Última Hora, 08/06/1978; COSTA, Luiz. “Astro do SBT solta o verbo em defesa de ‘Sangue do meu sangue’ IN: O Estado de S. Paulo, 15/09/1995; FERREIRA, Adriana. “Abençoado Propagandas. Deus e pelo diabo” IN: O Globo, 03/04/1993; FERREIRA, Mauro. “Osmar critica elites em tom medieval” IN: O Globo, 10/05/1996; “Frente a frente com o drama” IN: Correio Braziliense, 21/04/2002; GONÇALVES, Cláudia. “Na pele do monstro” IN: Folha de S. Paulo, 23/01/1994; GONÇALVES. Olívia. “‘Pintando o sete’ nas telas e na televisão” IN: O Globo, 07/09/1988; MARIA, Cleusa. “Eles roubaram a novela das oito” IN: Jornal do Brasil, 14/10/1986; MARINHO, Flávio. “Do drama engajado à comédia, dois papéis sucessivos num mesmo palco” IN: O Globo, 26/09/1982; MARTINS, Eliane. “Mistério em Resplendor” IN: O Globo, 12/01/1992; MARTUCHELLI, Adriana. “Pietro, um desafio para Osmar Prado” IN: O Globo, 11/12/1988; OLIVEIRA, Roberta. “‘Até logo’ aos musicais e a volta aos clássicos” IN: O Globo, 13/02/2002; “O sofredor (e engraçado) Morungaba” IN: Última Hora, 29/06/1977; PENTEADO, Lea. “Estudar e trabalhar: para um profissional de TV a difícil harmonia” IN: O Globo, 18/11/1978; PIERRY, Marcos. “Já experimentei maconha” IN: Isto É, 10/06/2002; “‘Renascer’ domina premiação de críticos” IN: Folha de S. Paulo, 02/06/1994; SOUZA, Ana Cláudia. “Um ator em busca de um personagem” IN: Jornal do Brasil, 27/11/1993; “Vocação para a comédia” IN: O Dia, 04/08/1999; www.itaucultural.org.br, acessado em 11/2006; www.teledramaturgia.com.br, acessado em 11/2006; http://us.imdb.com, acessado em 11/2006.]
Fonte :
MEMORIA GLOBO Sphere: Related Content
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Plane Crash in Amsterdam Leaves 9 Dead
Pó de azeitona e outros ingredientes...
Centrão para os sentidos Pó de azeitona. Polpa de cagaita. Goma de araruta. Esses e outros sabores de nomes exóticos podem ser encontrados logo ali, na região central da Paulicéia |
REPORTAGEM: ROBERTA MALTA Casa das frutas Rua da Cantareira, 323, tel. (11) 3228-9011. De terça a sábado, das 5 às 11 h; segunda-feira, das 6 às 9 h. Não se engane. Apesar do nome, seu trunfo são os peixes ultrafrescos. Essa peixaria fica a cargo de Tokai, um japonês que há 45 anos trabalha no comércio de frutos do mar. O mestre atende alguns dos melhores restaurantes da cidade, entre eles Jun Sakamoto e Shintori. O único senão é o horário: para conseguir os melhores pescados, é recomendável chegar lá por volta das 5 da manhã. Quanto mais cedo, melhor. Casa das mandiocas Mercado Kinjo Yamato – Rua da Cantareira, 377, boxe 57, tel. (11) 3326-1295 e (11) 3311-0982. De segunda a sábado, das 3 às 15 h. Vende produtos das regiões norte e nordeste do país, com ênfase na mandioca e seus subprodutos. Como as farinhas gomada, d’água, quebradinha, crua de mandioca, grossa de mandioca, de tapioca. E mais: goma de tapioca seca e pronta, tapioca e beiju flocados, goma de araruta, fécula de batata, sagu, mandioca descascada, polvilhos doce e azedo, quirera de milho, tucupi e jambu. Uma dica é comprar a mandioca puba (R$ 7, o quilo) – após oito dias de molho, a massa vira um prático preparado para fazer bolos, cuscuz ou mingau. KL temperos Mercado Kinjo Yamato – Rua da Cantareira, 377, boxe 5, tel. (11) 3311-6226. De segunda-feira a sábado, das 5 às 15 h. O mais novo boxe do Mercado Kinjo Yamato tem uma oferta variada de temperos e condimentos nacionais e importados. Ali, é possível comprar orégano argentino, canela em pau da Indonésia, alecrim do Marrocos ou uma mistura de limão e pimenta alemã. A casa oferece ainda temperos albaneses, chineses e libaneses, além dos tradicionais caldos de legumes, costela e frango, e um mix de condimentos baianos, que inclui com coentro, cominho, louro e pimenta. Tillo embalagens Rua da Cantareira, 201, tel. (11) 3313-7278. De segunda a sexta-feira, das 7 às 18 h; sábado, das 7 às 14 h. Trabalha com uma linha bastante variada de descartáveis: espetinhos coloridos para petiscos, toalhas de papel rendadas, embalagens para congelados ou viagem, sacos zip de diversos tamanhos, taças de plástico, espetos de madeira para churrasco, rolos de sacos picotados, sachês de molhos e açúcares e mais uma infinidade de produtos práticos para o dia-a-dia. Uma boa compra são os enormes e resistentes rolos de papel- filme. Eles podem vir em caixas de isopor com lâminas para corte ou em refil. A qualidade e o preço são imbatíveis. Os refis são vendidos a 26,50 reais (o rolo de 600 m x 29 cm), contra a média dos supermercados: 6,80 reais, um rolo de 30 m x 28 cm. Rua da Cantareira, 709, tel. (11) 3311-0511. De segunda a sexta-feira, das 8 às 18 h; sábado, das 8 às 14 h. A importadora vende de chocolates e vinagres a conservas e geléias. Porém, o forte da casa fica por conta dos vinhos e azeites. A variedade de óleos de oliva – italianos, gregos, portugueses, espanhóis e tunisianos– se reflete nos preços praticados por lá. Tem azeite para todos os bolsos. É possível comprar um italiano, de 500 ml, por 107,80 reais (Poderi di San Giuliano Primer) e outro da mesma nacionalidade por 16,80 reais (La Mola delle Sirene). Banca do Santo Mercado Kinjo Yamato – Rua da Cantareira, 377, boxe 50, tel. (11) 3326-5428. De segunda-feira a sábado, das 6 às 13 h. Uma conversa com o dono, seu Santo, pode ajudá-lo a “apimentar” sua receita. Com 70 anos de idade, ele trabalha desde os 17 com pimentas. A variedade é grande: brinco-de-princesa, bode, fidalga, murupi, kayane, biquinho-doce e ardida, malagueta, dedo-de-moça, entre outras. Rua da Cantareira, 589, tel. (11) 3328-8220. De segunda a sexta-feira, das 9 às 18 h; sábado, das 9 às 14 h. Fecha aos domingos e feriados. Com 1.300 rótulos, a maioria de Minas Gerais, a loja também tem cachaças de Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. Os preços variam de 7 reais (a Tabúa, de Salinas, MG) a 1.750 reais (a Dona Beija, mineira, de Araxá). A mais procurada é a Anísio Santhiago (R$ 220), de Salinas, absolutamente igual à Havana (R$ 750). A vendedora conta a história: o senhor que produzia a cachaça morreu, há mais de dez anos, e a família perdeu na Justiça a patente da Havana. O nome da bebida mudou, mas o conteúdo continua o mesmo. A diferença de preço se deve ao fato de a “irmã mais velha” ter virado relíquia (na loja há apenas seis exemplares da bebida). A casa também vende barris de madeira, pingômetros e outros acessórios. A loja ainda tem um pequeno “Museu da Cachaça”, que exibe cerca de 150 garrafas antigas ou fora de circulação, e tem um serviço de bar. Ali, é possível tomar algumas doses acompanhadas de bolinhos de mandioca ou minipastéis, em simpáticas mesinhas. Vale a visita. Na Rua Comendador Abdo Schahin Rua Comendador Abdo Schahin, 136 (travessa da Rua 25 de Março), tel. (11) 3228-3640 e (11) 3228-7651. De segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18 h; sábado, das 8h30 às 15h. Seu João já passou dos 70 anos e continua trabalhando na casa onde constituiu sua história. Especializado em produtos sírios, a loja conta com um belo balcão de doces, e é a única da região que vende tahine em balde. A chef Andréa Kaufmann, do AK Delicatessen, conta que criou muitas de suas receitas visitando o empório: “Gosto de trabalhar em cima do ingrediente, e seu João sempre tem algo novo para me apresentar, além de indicar o ideal para cada prato”, conta. A casa exala tradição. Na Rua Santa Rosa Rua Santa Rosa, 187, Brás, tel. (11) 3312-7555. De segunda a sexta-feira, das 7 às 18 h; sábado, das 7 às 13h30. Como o nome indica, o hit da casa são os laticínios. Requeijões, Catupiry e cream cheese podem ser comprados em baldes de 3,6 quilos ou em embalagens domésticas. Cheddar, gruyère e gorgonzola têm versões cremosas, vendidas em copos plásticos. Há queijos de cabra do tipo feta e boursin com sabores como azeitonas pretas, alho e salsa ou temperados com pimenta-rosa e orégano. As mussarelas aparecem em diversos formatos: trança, palito, bolinha. Curiosa a trança ao vinho, de cor violeta, em embalagens de 600 gramas, a 17,80 reais o quilo. Mantas de mussarela de búfala (boas para enrolar com o recheio de sua preferência e rechear pizzas) saem por 30 reais o quilo. Interessantes também os pacotes de 1 quilo de pepperoni em lâminas da marca Ceratti (R$ 24), perfeito para pizzas, sanduíches ou saladas. A lingüiça fatiada segue o mesmo princípio e sai mais em conta (R$ 9,10). Rua Santa Rosa, 197/207, Brás, tel. (11) 6846-5199 e (11) 6842-5104. De segunda a sexta-feira, das 7 às 18 h; sábado, das 7 às 13 h. Os queijos da casa são famosos pela variedade e qualidade. Além dos importados, há exemplares de fabricação própria, feitos em Três Corações, MG. Imperdível o gouda holandês Old Dotch Master, vendido a 42 reais o quilo, que veio para concorrer com o maturado Prima Donna, a 58 reais o quilo. Além da boa oferta em rótulos de vinhos, impressiona a variedade de mostardas francesas: à l’estragon, aux herbes de Provence, aux noix, au citron, au curry, à l’ancienne, au cognac. Os charmosos importados dividem o balcão com o brasileiríssimo Melado Fios de Ouro, da Fazenda Mandiqüera, do Rio de Janeiro. Cerealista Helena Rua Santa Rosa, 141 e 149, Brás, tel. (11) 3227-6767. De segunda a sexta-feira, das 8 às 17 h; sábado, das 8 às 13 h. Especialista em produtos orgânicos, naturais, integrais, diet e light. Vende, por exemplo, polpa de frutas como cajá, cambuci, carambola, cagaita, araçá, araçá-boi (R$ 4,95 a embalagem com quatro pacotes de 100 gramas). As barras de cereais têm sabores incomuns: banana com açaí e quinua, abacaxi com macadâmia. Granolas de diversos tipos, farinhas e grãos podem ser comprados a granel. Cultive Rua Santa Rosa, 297, Brás, tel. (11) 3227-5351 e 3313- 8024. De segunda a sexta-feira, das 7h20 às 16 h. A tímida mercearia vende conservas de palmito pupunha em diversos cortes. O pseudofruto pode ser comprado em bandas, rodelas, medalhas, inteiro e picado. As embalagens variam de 1,8 quilo a 300 gramas. Na Rua da Alfândega World Wine Rua da Alfândega, 182, Brás, tel. (11) 3383-7477. De segunda a sexta-feira, das 9 às 18 h; sábado, das 9 às 15 h. A importadora de vinhos tem seis anos e pertence à família La Pastina. Os 1.200 rótulos são exclusividade da casa e a bela adega tem raridades como o Porto Krohn, de 1900 (R$ 8.295). Entre um Château Latour 2000 (R$ 10.167) e um Cheval Blanc 2000 (R$ 10.429), o charme da loja do centro é a ponta de estoque sempre com bons rótulos a preços abaixo da média. Quem estiver fazendo compras pela região não deve deixar de dar um pulo lá para conferir as ofertas-surpresa. Na Avenida Mercúrio Av. Mercúrio, 146, Brás, tel. (11) 3313-8067 e (11) 3229-7864. De segunda a sexta-feira, das 8 às 17h30; sábado das 8 às 14 h. É a loja perfeita para você encontrar aquele ingrediente esquisito pedido numa receita. Pós de azeitona, beterraba, cenoura, brócolis, alho ou de cebola e mandioquinha em flocos são artigos comuns na casa. As frutas desidratadas fogem do convencional: melancia, laranja, melão, manga, morango, abacaxi, pêssego, goiaba, maçã com canela, mamão, coco em fitas e banana enfeitam o amplo balcão. As farinhas também são pouco usuais: de castanha-do-pará, castanha-de-caju, limão, avelã, banana verde. Há, ainda, pós de soja para shakes de sabores variados, biscoitos, petit fours, amêndoas confeitadas, frutas cristalizadas, especiarias, chás, sucrilhos, balas e marshmallows coloridos. Tudo isso num ambiente muito limpo. Impossível sair dali sem fazer uma comprinha, nem que seja só por curiosidade. Na Rua Paula Souza Rua Paula Souza, 87/95, Luz, tel. (11) 3326-1300 e (11) 3311-7533. De segunda a sexta-feira, das 8 às 18 h; sábado, das 8 às 13 h. Especializada em maquinaria e utensílios voltados à área de alimentação, a loja tem um diferencial a mais: Galvão, o vendedor de 46 anos, no ramo desde os 13 de idade, cobre todos os orçamentos da concorrência. “Já perdi a conta de quantos restaurantes montei”, orgulha-se o homem que sabe tudo de equipamentos e nada de temperos. Bruck Rua Paula Souza, 216, Luz, tel. (11) 3329-3400. De segunda a sexta-feira, das 8 às 18 h; sábado, das 8 às 12h. Fundada em 1937, a importadora de vinhos tem mais de 300 rótulos e traz com exclusividade para o Brasil as marcas Bolla, Corvo e Valdorella. Lá, é possível comprar os famosos crackers salgados colombianos Dux por um preço bem abaixo da média nas delicatessen: 13 reais a lata. Estojos de madeira com bebidas e taças comemorativas de datas festivas, podem ser comprados sob encomenda, durante o ano todo. Rua Paula Souza, 133/137, Luz, tel. (11) 3326-8266. De segunda a sexta, 8 às 18 h; sábado, das 8 às 13 h. Vende desde panelas de 140 litros a abafadores de hambúrguer, passando por forminhas de empadas, tachos gigantes e ralos para pia. Personagem lendário da casa, Arsénio gosta de ajudar os clientes a escolher a louça certa para cada prato. Assim faz com a Mara Salles, do Tordesilhas, com quem costuma passear pelo estoque, observando porcelanas portuguesas e imaginando receitas. “O que mais me agrada é trocar idéias com os clientes”, conta o vendedor que nutre o sonho de ser garçom: “Além da beleza que vejo em servir, seria uma maneira de me aproximar das pessoas da noite, solitárias por natureza”, filosofa. Uma dica para colecionadores são os restos de conjuntos de pratos de restaurantes fora de linha. No Mercadão Mercado Municipal de São Paulo Rua da Cantareira, 306. Fecha no último domingo de cada mês. Maior centro comercial varejista de alimentos do mundo, o Mercado Municipal de São Paulo, ou Mercadão, como é carinhosamente chamado, é uma espécie de meca dos gourmets paulistanos. Nos seus 275 boxes são movimentados todos os dias mais de 350 toneladas de produtos. Confira abaixo alguns boxes e bancas selecionados por Prazeres da Mesa que merecem visita obrigatória. Morota Rua B, boxe 44, tel. (11) 3227-5998 e 3316-1520. De terça a sábado, das 5h às 14h. Peixes frescos desembarcam ali diariamente. Fornece produtos para os restaurantes Kinoshita, Ran, Supra, Shundi Original, entre outros. Porco Feliz Rua E, boxe 26, tel. (11) 3315-0180 e 3228-3979. De segunda a sábado, das 5h às 16h. Carnes nobres e exóticas, como avestruz, capivara, cateto, coelho, cordeiro, ema, faisão, jacaré, javali, cabrito, paca, pato, queixada e vitelo. Comércio de Miúdos Luigi De terça-feira a sábado, das 5h30 às 16 h; segunda-feira, das 5h30 às 14h. Vende desde, rabo, língua e fígado, a mocotó, coração e vísceras. Rua B, boxe 28, tel. (11) 3228-1809. Banca do Pacheco De segunda a sábado, das 6 às 17h30; domingo, 6h às 16h. Azeitonas, bacalhau, conservas, embutidos, laticínios, temperos, tripas, soja. A chef Xmune Isper, da Tenda do Nilo, adora as tripas de vitela da banca. Rua D, boxe 19, tel. (11) 3228-0296. Casa Irmãos Borges Rua B, boxe 3, tel. (11) 3227-7048 e 3227-1735. De segunda a sábado, das 5h às 16h. A dupla bacalhau e azeitonas são o carro-chefe da casa. Também há frutas secas, castanhas, queijos e alguma oferta de vinhos. Queijos Roni Rua F, boxe 1/5, tel. (11) 3326-1488 e 3486-2503. De segunda a sábado, das 6h às 16h. Fabrica queijos desde 1889. Aos sábados, das 10 às 16 h, a banca oferece uma atração à parte: o chef mirim Giovanni Tassitani, de 12 anos, prepara receitas com queijos da casa para o público degustar. Saporito Rua D, boxe 28, tel. (11) 3228-9922 e 3228-0381. De segunda a sábado, das 5h às 17h. Especializada em pertences para feijoadas e salsicharia. Empório Santa Therezinha Rua H, boxe 10, tel. (11) 3326-2584. De segunda a sábado, das 6 às 17h30. Bons doces caseiros em barra. Amendoim com chocolate, abóbora com coco, doce de leite com ameixa, goiabada com coco, chocolate com leite condensado são alguns dos sabores disponíveis, a 14 reais o quilo. Banca do Ramon – Adega Rua K, boxe 3, tel. (11) 3227-4192. De terça a sábado, das 6 às 18 h; domingo e segunda, das 6 às 16 h. De San Pellegrino a Dom Pérignon Rosé vintage, 1996, o boxe de bebidas da banca mais presente no Mercadão (são cinco ao todo) traz cervejas Krombacher em latas de 5 litros, garrafas de 3 litros de Veuve Clicquot e Moët Chandon, Amaretto branco italiano e conhaques gregos em garrafas decoradas, de porcelana. Bar do Mané Rua E, boxe 14, tel. (11) 3228-2141. De segunda a sexta-feira, das 4h30 às 16 h; sábado, das 4h30 às 17 h; e domingo, das 6 às 14 h. Uma legião de curiosos faz fila para devorar o sanduíche de mortadela que ganhou fama internacional. Ainda pouco conhecido do grande público, a versão de pernil da casa lentamente vem conquistando um lugar ao sol. O candidato ao estrelato segue o padrão do lanche mais vendido do bar: recheio farto (250 g a 300 g) no pão francês. A carne vem com molho de tomate, cebola e tempero da casa. Custa 9 reais e vale por uma refeição. |
RODRIGO SANTORO
Em plena decolagem
Por Júlio Bezerra
‘Que momento bonito’, pensava Rodrigo Santoro entre uma sessão e outra do 61º Festival de Cannes. Presente na competição pela Palma de Ouro com dois filmes estrangeiros (“Leonera”, do argentino Pablo Trapero, e “Che”, do americano Steven Soderbergh), a carreira internacional de Santoro parece em plena decolagem. Movendo-se de um set a outro, foram quatro longas filmados no ano passado: um presidiário (“Leonera”); Raúl Castro, o irmão de Fidel e atual presidente de Cuba (“Che”); um empresário do mundo do vale-tudo (“Cinturão vermelho”, de David Mamet); e uma comédia despretensiosa (“The Post Grad Survival Guide", de Vicky Jenson). Em miúdos: Santoro anda muito bem na fita.
Nascido em Petrópolis, Santoro, 32 anos, se descobriu entusiasmado com o trabalho de ator ainda no colégio, nas aulas de literatura. Sua formação se deu na Oficina de Atores da Rede Globo e em quatro períodos da faculdade de jornalismo. Foram ao todo sete novelas e um sucesso histórico no teatro (“D''Artagnan e os Três Mosqueteiros”). Em 2001, entre "Bicho de Sete Cabeças" (Laís Bodansky) e “Abril Despedaçado” (Walter Salles), Santoro foi reivindicado pelo cinema. Abordado por executivos da Columbia enquanto divulgava o filme de Salles em Los Angeles, foi convidado para fazer uma pequena participação em "As Panteras Detonando" (2003) e nunca mais parou de trabalhar em inglês.
Vivendo atualmente mais tempo fora do Brasil, Santoro tirou uma folga das filmagens de “I Love You Phillip Morris”, em que contracena com Jim Carrey e Ewan McGregor, e esteve rapidamente entre nós para divulgar a estréia nacional de seu mais novo filme estrangeiro, “O Cinturão Vermelho”, de David Mamet. Em entrevista à Revista de CINEMA, ele lembrou de seu professor Bibiano e das adaptações que fazia para o palco da escola; revelou ter tido um certo preconceito quando ingressou na Oficina da Globo; cobriu Mamet de muitos elogios; confessou o desejo de fazer mais teatro; e falou sobre seus próximos projetos. Santoro não fala exatamente em um deslanchar lá fora, mas comemora um 2007 especial, “em que as coisas realmente começaram a acontecer”.
Revista de CINEMA - Gostaria que você falasse um pouco de sua trajetória. Você nasceu em Petrópolis, não é? É verdade que você adaptava filmes da TV para o teatro da escola?
Rodrigo Santoro - Eu tinha um professor na escola em Petrópolis que se chamava Bibiano. Professor de literatura. Ele começou a promover uma coisa que se chamava sessão lítero-musical. Os alunos se dividiam em grupos e tinham que fazer uma performance. Podia tudo: apresentar um texto, uma poesia, uma música, encenar uma peça... E ainda contava metade da nota final. Ou seja, se você não fosse bem na prova, você tinha a sessão lítero-musical. Foi aí que eu comecei a me dar bem. Eu me sentia muito confortável fazendo aquilo. Tinha todo ano e foi um maior sucesso. Foi o primeiro momento em que me vi estimulado a fazer uma performance. Não pensava em carreira, mas me divertia bastante. Então, fazíamos isso mesmo: pegávamos esses filmes que passavam o tempo inteiro na TV, tipo “Sessão da Tarde”, e adaptávamos. Lembro de uma comédia que passava sempre. Os personagens estavam viajando de férias. Nós adaptamos e fizemos um grupo de teatro que estava viajando de férias em um hotel muito louco. Fizemos uma salada total mesmo. Puro instinto e estímulo.
Revista de CINEMA - Você chegou a terminar o curso de jornalismo?
Rodrigo Santoro – Infelizmente, não. Fiz dois anos, quatro períodos na PUC-Rio. No primeiro período da faculdade um amigo me chamou pra fazer um teste com ele na Oficina de Atores da Globo, que ficava no Jardim Botânico. O Tonio Carvalho foi o meu professor e coordena o curso até hoje. Você ia lá e gravava um monólogo. Depois eles te aprovavam ou não. Eu confesso que na época eu tinha preconceito mesmo. Queria fazer teatro. Mas lembro que o Tablado estava em uma fase ruim e o curso da Cal já tinha começado. Passou um mês e me ligaram da Oficina dizendo que eu tinha passado. Fiz três oficinas. Estavam lá também o Murilo Benício, a Maria Luiza Mendonça, o Márcio Garcia. Esse foi o começo. Aqui eu ainda fazia a faculdade. No quinto período, tive que trancar minha matrícula pra fazer minha primeira novela, “Olho no Olho” (1993). Eu voltei pra PUC, mas tive que trancar de novo e fui jubilado. Mas eu adorava a faculdade. Lembro do professor Everardo Rocha. O que é o etnocentrismo? (risos) Foi sensacional. Tive uma formação muito legal lá na PUC.
Revista de CINEMA - De uns anos pra cá, seu nome foi aos poucos deixando a TV, teve uma passagem rápida pelo teatro, e é hoje mais associado ao cinema. Como você vê essa mudança?
Rodrigo Santoro - Na verdade, tenho pouca experiência no teatro. Fiz apenas aquela peça “D''Artagnan e os Três Mosqueteiros”, que foi um enorme sucesso, quase dois anos em cartaz. Tenho muita vontade de fazer mais. O problema é que o cinema foi tomando o meu tempo. Desde o “Bicho de Sete Cabeças” (2001) e “Abril Despedaçado” (2001), minha vida se voltou para o cinema. Comecei a trabalhar lá fora. O cinema no Brasil foi crescendo, ganhando forma. As oportunidades foram aparecendo e eu achei e ainda acho que não dá pra negar essas ofertas. Por isso, sacrifiquei esse meu desejo de fazer mais teatro. Até tive algumas oportunidades de fazer coisas pequenas, ficar um mês em cartaz... Mas isso não é o que entendo por teatro. Não quero ficar repetindo o que todo ator fala, que o teatro é maravilhoso e tal, mas é realmente a forma mais gratificante e instantânea de atuação. Você sente aquilo no corpo, formigando. É a casa do ator. Estou seguindo o caminho do cinema, mas o teatro está no coração. E são diferentes tipos de trabalho. É por isso que, quando me perguntam sobre minha situação na Globo, eu confirmo o meu desejo de continuar fazendo TV. São coisas muito diferentes. A TV é uma linguagem e um método de trabalho totalmente diferente. Você faz 30 cenas por dia, enquanto no cinema você roda duas. As pessoas pensam que é uma coisa descartável. Mas se você levar na seriedade, o trabalho na TV pode te trazer muitas coisas. Você pode experimentar muito mais na TV do que no cinema, por exemplo. Você pode fazer um mesmo plano diversas vezes, atuando de maneira diferente em cada uma delas. Isso é maravilhoso. A idéia então é poder transitar por esses três palcos, por essas três formas de arte.
Revista de CINEMA - Estes últimos dois anos têm sido de muito trabalho. Você trabalhou com o David Mamet, o Pablo Trapero, o Steven Soderbergh... Você poderia falar um pouco sobre essas experiências?
Rodrigo Santoro - Já faz uns cinco anos que eu tive minha primeira oportunidade lá fora, que essa história toda começou. O que eu sinto é que 2007 foi realmente um ano especial. Fiz quatro filmes. O primeiro foi o “Cinturão Vermelho”. Depois foi o “Che”, do Soderbergh. Na verdade, foram dois longas em um, um processo longo de trabalho. Eu filmei a minha participação na primeira parte e tive um intervalo. Nesse período, consegui fazer o filme do Pablo Trapero, na Argentina. Era uma participação pequena, apenas uma semana e meia de filmagem. Depois voltei para o “Che” para terminar a segunda parte do trabalho. Em dezembro, eu comecei a fazer uma comédia que seria chamada de “Ticket to Ride”, mas acabou recebendo o nome de “The Post Grad Survival Guide" (algo como “o guia de pós-graduação em sobrevivência”). É uma comédia da FOX dirigida por Vicky Jenson e com Michael Keaton e Carol Burnett no elenco. Era uma coisa que eu nunca tinha feito. Não uma comédia romântica, mas uma comédia comédia mesmo. E eu vinha do presídio do filme do Trapero e da selva do “Che”... Essa salada, esse curto-circuito foi muito legal.
Revista de CINEMA - Este deslanchar do seu trabalho lá fora ganhou uma especial evidência nos últimos meses, quando você apresentou dois filmes, ambos estrangeiros, em competição pela Palma de Ouro, em Cannes. Como você sente este momento atual da tua carreira?
Rodrigo Santoro - 2007 foi um ano especial em que as coisas realmente começaram a acontecer. E isso em uma direção que me interessava. Até porque, até então, tudo era ainda uma aventura. Pra mim, sempre valeu muito a pena. Viajei bastante, tive contato com culturas muito diferentes, e conheci muitos diretores, roteiristas, produtores e atores. Então, sempre valeu a pena. Mas eu ia mais na aventura mesmo, tocando de ouvindo, seguindo o fluxo das coisas. Não sei se é bem um deslanchar. Mas em Cannes mesmo, às vezes, eu parava para pensar. Que momento bonito, que realização, que sensação boa de ter arriscado, de ter investido, de ter trabalhado muito. Foi realmente um momento de reconhecimento do meu esforço e trabalho em um dos maiores festivais do mundo.
Revista de CINEMA - David Mamet é um famoso diretor de atores. A improvisação é sempre uma de suas marcas. Como foi trabalhar com ele?
Rodrigo Santoro - A oportunidade de trabalhar com o Mamet foi incrível. Ele é um cineasta, um dramaturgo, um escritor que acompanho já há algum tempo. Tenho um profundo respeito pelo trabalho dele. Lembro da primeira obra que li dele. Era um livro em que ele discordava completamente do método Stanislavski. O Mamet falava que o ator deveria seguir o texto, que não deveria exatamente criar o personagem. Aquilo me causou um enorme impacto. Apesar de eu não seguir à risca o método, o Stanislavski é uma das maiores referências do ator. Fiquei muito curioso com a figura do Mamet. Você pode concordar ou discordar, mas tem de ter respeito pela opinião extremamente bem argumentada dele. Trabalhar com ele foi um presentaço. Foi uma experiência muito particular de trabalho. Eu assisti ao filme pronto nos EUA no mês passado e fiquei surpreso pela forma como eu aparecia ali. Eu me senti bastante dirigido. É sempre um trabalho de colaboração. O Mamet estava totalmente aberto, mas ele tinha uma visão muito forte do que ele queria e de sua forma de trabalho. Por exemplo, ele me falava: “O seu personagem é um homem de negócios. Ele não tem tempo a perder. Eu não quero que você pare de falar. Você fala para sobreviver. Você não pára. Urgência é a palavra dele”. E eu me via ali atropelando. Me coloquei como veículo mesmo do texto. Lembro de uma seqüência no final em que o Mike (personagem vivido por Chiwetel Ejiofor) está indo para o ringue e eu estou falando, falando... Aquilo era um diálogo e se transformou em uma espécie de monólogo. Isso a dez minutos de filmar e no ritmo do Mamet. Ele me colocava na fogueira mesmo. Foi um aprendizado. Me senti ali como naquele quadro do Faustão, “Se Vira nos 30” (risos). Foi um enorme desafio. Muito específico, completamente diferente de tudo que eu já tinha feito. Não sabia que estava pronto para este tipo de trabalho.
Revista de CINEMA – E o “Che”?
Rodrigo Santoro - O trabalho com o Soderbergh também foi extremamente gratificante. Fomos lá para o meio do mato em Porto Rico. Filmamos um mês e meio lá. Era um trabalho de improviso e em uma língua que eu não dominava. A gente consegue se expressar no portunhol, mas isso é uma tremenda armadilha. A diferença do português para o espanhol é muito grande, e eu tinha que falar com um sotaque cubano, que é um espanhol todo particular. Trabalhar em inglês já tinha sido um grande aprendizado. Não vou dizer que estou completamente confortável, mas estou quase lá. O espanhol era então mais um grande desafio. E eu estava fazendo o irmão do Fidel e atual presidente de Cuba, Raúl Castro. Muita responsabilidade.
Revista de CINEMA - Você viveu um vilão em “As Panteras 2” (2003); um galã tímido em “Simplesmente Amor” (2003); um misto de HQ com figura histórica em “300” (2007); um personagem no seriado “Lost”; o irmão de Fiel Castro e atual presidente de Cuba... Revendo seus papéis (em especial os internacionais), é extremamente curioso como eles são diferentes entre si. Como se dão essas suas escolhas?
Rodrigo Santoro - O critério é muito instintivo. Quando fiz o “Carandiru”, um jornalista me perguntou: “Você escolheu fazer um travesti para quebrar com a imagem de galã?” Mas eu não penso dessa forma. Não construo uma imagem, mas personagens. Nunca tomei uma decisão baseada em uma imagem ou em como o público vai me enxergar fazendo aquilo. Até porque, isso é atirar no escuro. Não há como se ter muito controle sobre a imagem que fazem de você. As minhas decisões são sempre muito instintivas. É uma coisa de química mesmo. Eu sinto que aquilo vai me fazer bem. E aí eu começo a pensar. É claro que o que mais importa é o personagem e também o projeto. Qual é a história? Como e onde vai ser feito? No caso do “Che”, por exemplo, eu queria fazer parte daquele filme. Eu queria ajudar a contar aquela história. E isso em um elenco que tinha gente de toda a América Latina, menos do Brasil. Também não posso negar que o personagem distante de mim me interessa. Mas isso não é uma fórmula. O personagem não precisa ser completamente diferente de mim, basta ser humano, interessante, ter profundidade. Personagens e projetos que me façam aprender coisas novas, que me façam pesquisar sobre assuntos que desconheço. O próprio “Bicho de Sete Cabeças” foi uma experiência muito gratificante nesse sentido. Eu visitei diversos manicômios e hoje a visão que tenho desses lugares, das pessoas que passaram por lá, é completamente diferente.
Revista de CINEMA - De uns anos pra cá, surgiu com força no cinema nacional a figura do preparador de elenco. Alguns atores e atrizes já se pronunciaram contrários a essa figura. Você costuma falar muito bem do Sérgio Penna (preparador de elenco de “O Bicho de Sete Cabeças”). Como você vê isso?
Rodrigo Santoro - Acho que não existem fórmulas prontas para o trabalho dos diretores com os atores. Eu respeito e entendo as pessoas que dizem que não precisam do preparador. Eu até concordo. Mas também compreendo e respeito o ator ou diretor que acha essa figura importante. Em alguns trabalhos, eu acho importante também. Fiz muitos trabalhos sem o preparador e outros tantos com ele, como “Bicho de Sete Cabeças”, “Carandiru” (2003), e o próprio “Che”. Eu levei o Sérgio Penna comigo para Cuba. Ficamos um tempo lá pesquisando para o “Che”. Além de um grande preparador, é um amigo. É uma pessoa com quem desenvolvi uma intimidade muito grande. A gente fala a mesmo língua. Às vezes não preciso verbalizar as coisas, o meu olhar pra ele já basta e vice-versa. Então é isso. Vejo os dois lados. Concordo com eles. Não tem certo, nem errado. Se funciona pra você, está valendo.
Revista de CINEMA - É curioso como alguns atores da sua geração (como o Selton Mello, o Matheus Nachtergaele, entre outros) estão tomando o caminho da direção. Na sua opinião, trata-se de um desenvolvimento natural? Você tem esse desejo?
Rodrigo Santoro - Não penso nisso agora, mas não posso dizer que nunca farei. O que posso dizer é que adoraria ser dirigido pelo Selton e pelo Matheus, que são amigos. Eu entendo que existem coisas que eles querem dizer e que só podem dizer sendo diretores mesmo. Mas este ainda não sou eu. Toda a minha energia ainda está voltada para o meu trabalho como ator. Até por essa coisa de trabalhar lá fora, em uma outra língua. A minha trajetória ainda está em formação.
Revista de CINEMA – Como anda sua situação com a Globo. Você já está escalado para alguma novela ou minissérie?
Rodrigo Santoro – Existe, sim, a possibilidade de voltar a fazer uma coisa mais curta ou uma participação. Ainda não decidimos quando e o que exatamente. Como eu já disse, tenho muita vontade de fazer. É uma questão de viabilizar isso. Uma coisa, por exemplo, que não seria legal fazer agora era uma novela de 10, 11 meses. Mas eu quero voltar e fazer alguma coisa mais curta.
Revista de CINEMA - Você poderia falar um pouco de seus próximos projetos. Há um projeto de volta ao teatro com o Luiz Fernando Carvalho, não é?
Rodrigo Santoro - Nós temos uma idéia de encenar um trabalho da Marguerite Duras, uma grande escritora francesa, mas ainda não temos datas e nem decidimos qual será a obra exatamente. É um projeto. O Luiz Fernando tem uma identificação muito grande com a Duras. Estamos conversando bastante, mas ainda é muito cedo. O projeto de filme “Heleno de Freitas”, do José Henrique Fonseca, está bem mais adiantado. Estamos na fase final e acredito que devemos filmar em dezembro. O roteiro está ficando muito legal. Não é um filme de futebol, mas sobre a vida desse jogador do Botafogo, que é muito interessante. A trajetória dele é impressionante e ando muito confiante em relação ao projeto.
Janelas
“Estou seguindo o caminho do cinema, mas o teatro está no coração. E são diferentes tipos de trabalho. Por isso que, quando me perguntam sobre minha situação na Globo, eu confirmo o meu desejo de continuar fazendo TV. São coisas muito diferentes”
“Acho que não existem fórmulas prontas para o trabalho dos diretores com os atores. Eu respeito e entendo as pessoas que dizem que não precisam do preparador. Eu até concordo. Mas também compreendo e respeito o ator ou diretor que acha essa figura importante. Em alguns trabalhos, eu acho importante também”
“A TV é uma linguagem e um método de trabalho totalmente diferente. Você faz 30 cenas por dia, enquanto no cinema você roda duas. As pessoas pensam que é uma coisa descartável. Mas se você levar na seriedade, o trabalho na TV pode te trazer muitas coisas. Você pode experimentar muito mais na TV do que no cinema, por exemplo”
A São Paulo dos desejos
A chegada de grifes como Hermès, Gucci, Tom Ford e Marc Jacobs é apenas a vitrine mais glamourosa de um mercado que cresce e transforma São Paulo na capital do consumo classe A da América Latina
Por Simone Esmanhotto
| 19.11.2008
Ilustração de Nick com fotos de Fabio Mangabeira/divulgação |
Uma cena curiosa tem se passado desde que o Shopping Cidade Jardim abriu as portas, em junho. Contra as regras da segurança do endereço de compras classe A de São Paulo, visitantes tiram fotos diante da futura Hermès. "Mas é só um tapume laranja!", diz, surpreso, Christian Blanckaert, vice-presidente de assuntos internacionais da grife. É fácil entender o espanto. Christian presidiu o Comitê Colbert, associação que cultiva os padrões de produção do mercado de luxo, e hoje comanda a expansão global de um dos maiores símbolos do refinamento francês. Freqüentar o número 24 da Faubourg Saint-Honoré, há 128 anos sede da maison, é tão natural quanto respirar o ar da capital francesa. Daí o estranhamento com o comportamento de alguns paulistanos. A primeira loja brasileira da Hermès nem abriu a previsão é abril do ano que vem mas já se trata de um acontecimento.
Em 2009 não será mais preciso fazer parte do jet set para consumir Hermès. Mais do que isso, será o ano em que São Paulo, responsável por 72% do consumo de luxo no Brasil, entrará para o mapa de expansão das grifes internacionais. Em maio de 2008, Tom Ford desembarcou na Villa Daslu para inaugurar sua terceira loja, depois de Nova York e Zurique e antes de Milão. No mesmo mês e endereço, a Balenciaga passou a ocupar um espaço de 54 metros quadrados. Laudomia Pucci, filha do fundador da Emilio Pucci e sua diretora de imagem, deu estampa na festa de abertura da primeira loja da marca na América Latina, na área ao lado da Dior. Neste mês, é a vez do Shoe Space, com 12 500 pares de sapatos importados. Conhecidas pelas bolsas de qualidade, a Longchamp e a Furla desembarcaram no Cidade Jardim, que também vai abrigar a segunda Chanel da cidade. No Shopping Iguatemi, depois da 7 For All Mankind e seus jeans de quatro dígitos e dos produtos de beleza Kiehls, a Gucci chega com uma loja de 470 metros quadrados. Decorada com jacarandá, mármore, metal dourado e vidro, a filial paulistana será a terceira no mundo a exibir a nova decoração ditada pela estilista Frida Giannini. Nos Jardins, Natalie Klein, dona da NK Store, brindou com Veuve Clicquot a inauguração de espaços Stella McCartney e Missoni dentro da multimarcas. O próximo passo é abrir a primeira Marc Jacobs da América Latina, uma loja de 500 metros quadrados com entrada pela Haddock Lobo, em frente à Cartier.
Ilustração de Nick com fotos de Fernando Moraes/divulgação |
Não é coincidência essa mudança de paisagem. Desde que as grifes mais caras do mundo deixaram de ser empresas familiares abastecendo a elite do planeta e viraram, nos anos 1980, parte de conglomerados bilionários comandados por homens de negócios, conquistar novos consumidores virou questão de sobrevivência. Japão e Estados Unidos foram os primeiros destinos. Agora é a vez de mercados antes considerados periféricos virarem o centro das atenções. É senso comum entre os executivos que não se pode perder o bonde. Quem chega primeiro garante uma fatia melhor de mercado por uma razão simples: familiaridade do cliente com a marca e desta com o consumidor. Vide o caso da Louis Vuitton (leia reportagem na pág. 20). No país desde 1999, a LV acaba de abrir a quarta loja em São Paulo, cidade onde as vendas crescem quatro vezes mais do que a média mundial.
China, Rússia e Turquia são as fronteiras mais cobiçadas, mas o Brasil não fica muito atrás. "O país deixou de ser uma república de bananas aos olhos das grandes grifes", diz Alejandro Pinedo, da Interbrand Brasil, consultoria inglesa que publica uma lista das marcas mais valiosas do mundo. Das 100 avaliadas, nove vêm do universo da moda, joalheria e relojoaria fina: Louis Vuitton, Gucci, Chanel, Rolex, Cartier, Tiffany, Prada e Armani, instaladas nos quatro guetos de luxo da cidade. A nona, a Hermès, é a derradeira a se fixar em território paulistano. Uma das razões apontadas pelas marcas para apostar as fichas por aqui é o crescimento do poder aquisitivo no Brasil. Só em 2007, 63 pessoas por dia fizeram seu primeiro milhão no país, segundo dados da Merrill Lynch. Em cinco anos, o número total de milionários saltou de 92 000 para 143 000 pessoas. A consultoria Escopo Geomarketing contabilizou o número de paulistanos cuja renda familiar mensal ultrapassa 50 000 reais: 34 000 pessoas, 10 000 a mais do que no mesmo levantamento feito há três anos. "Antes, recebíamos apenas clientes das famílias tradicionais, conhecedoras da Cartier", afirma a diretora da marca, Véronique Claverie. "Hoje, atendemos clientes do interior e de outros estados, que às vezes querem gastar e não sabem como." Essa leva de reais fresquinhos ajudou a elevar o gasto médio mensal na joalheria francesa de 8 000 reais, em 2006, para 11 000 reais, em 2008.
As grifes miram também numa nova classe média. Um levantamento da Fundação Getulio Vargas aponta que 93,8 milhões de pessoas, metade da população do país, possui hoje renda familiar entre 1 064 reais e 4 561 reais por mês. Só em São Paulo, 2,9 milhões de pessoas mais de um quarto da população da cidade têm rendimento familiar acima de 6 000 reais. "Estamos de olho nas classes B e C", diz Jean Cassegrain. O diretor-geral da Longchamp desistiu de abrir uma loja nos Jardins porque, há quatro anos, as calçadas eram irregulares e uma mulher não podia andar de salto alto. O motivo não parece prosaico quando pesquisas apontam que as mulheres são responsáveis por 56% das compras de luxo. Numa visita recente a São Paulo, Cassegrain se encantou com as boas-novas: a primeira remessa da bolsa Légende, de 2 240 reais, desapareceu das prateleiras em três dias; a Oscar Freire estava repaginada, à prova de acidentes com saltos 10 (veja reportagem na pág. 28). Agora ele se concentra na segunda loja na cidade. Impressionado com o vaivém de gente no primeiro shopping do país 48 000 pessoas por dia, 67% delas com renda superior a 13 000 reais mensais , é possível que ele escolha o Iguatemi.
Ilustração de Nick com fotos de Laurent Sully Jaulmes/divulgação |
"E pensar que até pouco tempo atrás nada disso existia", lembra Eliana Tranchesi, dona da Villa Daslu, hoje com 333 marcas importadas e 180 vendedoras. Considerada um templo do consumo dos muito ricos, a butique abriu uma filial no Shopping Cidade Jardim. Quem não se sentia à vontade na Villa entrou, foi bem atendido por vendedoras treinadas para ajudar novos clientes, e gastou até. No primeiro mês de funcionamento, a Daslu vendeu 7 milhões de reais.
O Brasil ainda representa a modesta fatia de 0,8% dos 170 bilhões de euros (cerca de 460 bilhões de reais) movimentados anualmente pelo mercado global de luxo. A melhor das previsões, da consultoria Bain & Co., é que o mercado nacional cresça 35% até 2013. No ano que vem, devem desembarcar por aqui Goyard, Azzedine Alaïa, Givenchy, Balmain, Lanvin, Anne Fontaine, Juicy Couture. E, em 2010, os donos do Iguatemi planejam inaugurar o Shopping JK, com marcas de luxo inéditas no país. O grupo JHSF, do Cidade Jardim, promete para daqui a dois anos um outlet em pleno funcionamento no quilômetro 60 da Rodovia Castello Branco para escoar as sobras das lojas classe A. Pode ser que, no futuro, o cenário do mercado de luxo de São Paulo se pareça mais com Paris ou Nova York. Com uma vantagem: só aqui será possível comprar a Birkin, a bolsa mais cobiçada da Hermès, em "suaves" prestações.
Sphere: Related ContentPasseio da CPTM tenta resgatar o antigo glamour das viagens de trem
Como nos velhos tempos
Por Filipe Vilicic
Fotos Mario Rodrigues |
Estação de Jundiaí: parada construída em 1867 |
Andar de trem em São Paulo é, quase sempre, sinônimo de aperto e desconforto. Apenas nos horários de pico, das 6 às 8 horas e das 17 às 20 horas, cerca de 500 000 pessoas usam as seis linhas que cruzam a cidade. Os vagões ficam superlotados. Mas nem sempre foi assim. "Até meados da década de 50, esse transporte era considerado chique", conta Ayrton Silva, gerente de planejamento da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). "Havia carros com poltronas de couro, ar-condicionado e comissários. Nos restaurantes, os homens tinham de usar paletó e gravata." Com o objetivo de retomar um pouco desse glamour, a CPTM promete inaugurar no sábado (28) o Expresso Turístico, um trem da metade do século passado que vai levar os passageiros a cidades do interior. O primeiro passeio aberto ao público está marcado para o dia 14 de março, e a passagem custará 28 reais.
O programa começará com roteiros para Jundiaí. Todos os sábados, o Expresso partirá da Estação da Luz, no centro, e percorrerá, em uma hora e meia, os 60 quilômetros que separam a cidade da capital. No trajeto, três guias turísticos contam curiosidades de algumas paradas e construções que podem ser avistadas pelo caminho. Sobre a Estação Barra Funda, inaugurada em 1890, por exemplo, relatam que foi um pátio ferroviário especializado no transporte de carga de maquinários e de matérias-primas que chegavam às indústrias emergentes.
Miniatura no Museu da Companhia Paulista de Estradas de Ferro: história das ferrovias estaduais |
"Queremos reviver o hábito do turismo ferroviário e valorizar a malha paulista, em torno da qual cresceram vilarejos e indústrias", afirma o secretário adjunto de Transportes Metropolitanos, João Paulo de Jesus Lopes. Em Jundiaí, o turista desce do trem e escolhe entre três pacotes: o cultural, com visita a três museus e ao centro histórico; o rural, por fazendas; e o ecológico, que inclui trilhas na Serra do Japi. No Museu da Companhia Paulista de Estradas de Ferro podem-se conferir acessórios antigos e miniaturas de locomotivas. Além de Jundiaí, há planos de um trajeto para Paranapiacaba, aos domingos.
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