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domingo, 17 de agosto de 2008

Rússia começa retirada de tropas da Geórgia na segunda-feira


Presidente russo diz ao presidente francês que soldados deixarão até mesmo a província separatista pró-Moscou

Agências internacionais


Soldados russos em Tskhinvali, na Ossétia do Sul

AP

Soldados russos em Tskhinvali, na Ossétia do Sul

MOSCOU - O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev assegurou neste domingo, 17, que as tropas russas em território georgiano começarão a deixar a região de conflito na segunda-feira, a partir do meio-dia. A promessa foi feita ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, responsável pela mediação do cessar-fogo entre Moscou e Tbilisi, dois dias após a assinatura do acordo de trégua.


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No sábado, Medvedev assinou o acordo de cessar-fogo com a Geórgia, um dia depois de o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, firmar a contragosto o pacto que propõe a retirada das forças russas, mas permite patrulhas limitadas de soldados da Rússia dentro da Geórgia, como parte das forças de paz. O Kremlin ressaltou que as tropas russas recuarão tanto do território georgiano controlado por Tbilisi quanto da região separatista da Ossétia do Sul, embora nesta permaneça um contingente de pacificação, segundo as agências russas.

Os dois presidentes também conversaram sobre a aplicação jurídica dos seis pontos do plano europeu de regra do conflito. Sarkozy advertiu o presidente Medvedev para as graves conseqüências que a não execução rápida e completa do acordo teria para as relações da Rússia com a União Européia (UE)".

Segundo a BBC, o acordo prevê que os dois lados encerrem as atividades militares e retornem às suas posições originais de antes do início do conflito. Paris afirmou neste domingo que os dois líderes concordaram com o envio de observadores internacionais da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE, na sigla em inglês).

O subchefe do Estado-Maior do Exército da Rússia, Anatoli Nogovitsin, afirmou neste domingo que a retirada das tropas russas da Geórgia será "gradual". Neste momento, as tropas russas mantêm o controle sobre três cidades georgianas (Gori, Senaki e Zugdidi), após abandonarem o porto de Poti, no Mar Negro, no sábado. A Geórgia exige a saída imediata das tropas "ocupantes" russas, a quem acusa de "saquear" e "destruir" as principais infra-estruturas civis do país.

O major-general Vyacheslav Borisvov, comandante das forças russas na região, disse à BBC que a retirada gradual das tropas russas do território georgiano já começou. Ele afirma ter ordenado que os soldados sejam substituídos por agentes de paz e que a retirada já está em andamento.

Apesar da declaração, o ministro da Defesa russo, Sergei Ivanov, disse em Moscou que a retirada ainda não havia começado e que o comandante poderia estar se referindo às preparações do Exército.

O secretário do Conselho de Segurança da Geórgia, Alexander Lomaia, disse que a maior parte das tropas já deixou a cidade de Gori, a 70 km da capital, Tbilisi, mas que ainda permanecem nas áreas próximas da cidade. Segundo Lomaia, a movimentação das tropas, em uma circunferência de 40 quilômetros ao redor de Gori, parece ser mais uma tentativa de redisposição do que um esforço de retirada.

Apelo internacional

Em visita à Geórgia, a chanceler alemã, Angela Merkel, pediu para que Rússia retire suas tropas "em questão de dias". Merkel ainda assinalou que a guerra na região separatista da Ossétia do Sul não implicará em nenhuma mudança na decisão tomada pela Otan, em abril passado, em sua cúpula de Bucareste, sobre a entrada da Geórgia na Otan. "As portas da Otan estão abertas para a Geórgia", afirmou, acrescentando que a política de vizinhança da UE com a Geórgia será "mais ativa" a partir de agora.

O presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, disse que não vai abrir mão das províncias separatistas da Ossétia Sul e Abkházia, afirmando que a Geórgia nunca irá desistir de um único quilômetro quadrado se quer do território do país. Ele ainda voltou a acusar a Rússia de fazer uma "limpeza étnica" na região.

Saakashvili insistiu na necessidade de criar uma força multinacional de paz para a solução do conflito. "Não há tropas de paz russas, são soldados. A Rússia não pode ser mediadora. Não há parte sul-osseta, já que ali são todos representantes russos. Os separatistas são financiados pela Rússia", apontou. Ao lado do presidente georgiano, Merkel ainda mostrou a disposição da Alemanha em participar de uma força multinacional de paz na zona de conflito. "Não se pode alongar o processo de retirada de tropas estipulado anteriormente. Também é importante que os observadores cheguem o mais rápido possível à zona", disse.

A secretaria de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, disse esperar que o presidente da Rússia mantenha sua palavra dessa vez, obedecendo ao acordo de cessar-fogo para retirar suas tropas da Geórgia. Rice assinalou que Medvedev prometeu que as forças russas iriam começar a retirada quando o presidente da Geórgia assinasse a trégua. Mas isso não aconteceu. Segundo Rice, a Rússia não tem cooperado com o cessar-fogo e Medvedev não está honrando com a promessa que fez ao presidente francês, mas agora espera que o líder russo mantenha sua palavra

Corredor humanitário

Neste domingo, o papa Bento XVI pediu pela criação imediata de um corredor humanitário para acelerar a ajuda aos refugiados na Geórgia e pediu para que os direitos humanos das minorias étnicas envolvidas no conflito sejam respeitados. "Faço um chamado pela abertura de um corredor humanitário entre a região da Ossétia do Sul e o restante da Geórgia, de modo que os mortos, que foram abandonados, possam receber sepultamento digno, e que os feridos recebam atendimento adequado e que todos possam se reunir com seus entes queridos".

Matéria atualizada às 12h40.

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