Dário Moreira de Castro Alves
![]() Rótulo de garrafa de vinho do Porto de Adriano Ramos Pinto, comemorativo do centenário da morte de Eça de Queirós, gentilmente pelo Arquivo Histórico da Adriano Ramos Pinto - Vinhos S. A. |
O vinho do Porto é, de entre os vinhos portugueses de toda categoria, o mais referido na obra de Eça de Queirós.
As referências ao vinho Duque de 1815 são frequentes. Trata-se do «vintage» daquela data, em homenagem ao Duque de Wellington, vencedor de Napoleão em Waterloo. Ainda antes de ser titulado Duque, o Tenente-General Arthur Wellesley teve uma brilhante actuação militar nas Guerras Peninsulares em Portugal e Espanha, tendo enfrentado com êxito o Marechal Soult, no Porto, o General Massena, no Buçaco, além de ter sido protagonista em outros feitos militares. Mereceu do Príncipe Regente D. João, no Brasil, em 1811, o título de Visconde do Vimeiro. Também teve em Portugal o título de Marquês de Torres Vedras.
Em O Crime do Padre Amaro, o cónego Dias abriu uma garrafa, «não do seu famoso ‘duque de 1815’», mas do seu «1847», também um Porto de um grande ano. Mas, no mesmo romance, o abade da Cortegaça, no famoso jantar do meio dia, serviu aos amigos o finíssimo néctar do qual dizia, «depois de o fazer reluzir à luz na transparência dos copos: Disto não se bebe todos os dias».
Algumas situações são verdadeiramente verdadeiramente antológicas, e o vinho do Porto esplende pela expressão de graça e ironia que com tanta frequência e força marcam e matizam a obra de Eça de Queirós.
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