Publicado em 03 de Janeiro de 2011
Crise da dívida soberana na Europa foi um dos temas do encontro rápido com a presidente do Brasil. Dilma não tem viagem marcada a Lisboa
A reunião de ontem em Brasília entre o primeiro-ministro português e Dilma Rousseff não chegou à meia hora, como exigia a agenda apertada da nova Presidente do Brasil. O primeiro dia de trabalho no Palácio do Planalto foi ritmado e Dilma só rumou à residência oficial, em Granja do Torto, após sete reuniões com líderes internacionais. À saída, o chefe de governo português resumiu o encontro: "Reafirmei que uma das prioridades mais altas da política externa portuguesa é a relação com o Brasil." Além disso, "disse à Dilma que pode contar com Portugal como o mais fiel e mais próximo aliado naquilo que vai ser, certamente, a caminhada do Brasil para ocupar o seu espaço no Conselho [de Segurança] das Nações [Unidas], tanto na questão geopolítica como na dimensão económica". O Brasil pretende ser um dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
Um assessor para a área internacional da presidência da República brasileira disse ao i que a conversa entre Sócrates e Dilma Rousseff se baseou numa "troca de impressões sobre a perspectiva económica e política dos dois países e da Europa em geral". "José Sócrates fez-lhe um relato sobre a situação económica europeia, de acordo com o seu ponto de vista, mas não tenho conhecimento de qualquer acordo económico ou novas perspectivas de negócios que envolvam empresas, ainda mais porque não estava presente no encontro o ministro da Fazenda", revelou.
O primeiro-ministro afirmou que os dois governos elegeram o comércio como prioridade: "Portugal é uma porta de entrada na Europa para os produtos brasileiros e continuará sendo". "Em larga medida, a reunião serviu para abordar a abertura de empresas portuguesas ao investimento brasileiro e a expansão do Brasil na Europa através de Portugal", diz ao i o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal. Basílio Horta enumera os dossiês em cima da mesa: "A parceria na construção do [avião] KC-390 da Embraer, a presença da Camargo Corrêa em Portugal, nomeadamente com a criação de um cluster de empresas portuguesas, bem como a entrada da Petrobras na Galp. Não me admiraria que também se comece a falar novamente da integração da TAP e da TAM, algo que olharia com toda a naturalidade", concluiu.
Dilma Rousseff já foi convidada para visitar Portugal, mas a viagem não está ainda agendada.
Dívida portuguesa no G20 Ontem o gabinete de Sócrates tentou afastar a ideia de que o primeiro-ministro foi ao Brasil "vender" dívida soberana: "Essas questões são para os ministros com a pasta das Finanças." Porém, o primeiro-ministro não deixou de piscar o olho ao governo brasileiro: "A dívida soberana portuguesa está no mercado e é um bom investimento, que vale a pena ser feito." Sócrates teve oportunidade de conversar com Dilma sobre "o esforço do governo português para superar este momento da crise que todos os países europeus estão a atravessar".
Em Dezembro, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, encontrou-se com o seu homólogo brasileiro e convidou o Brasil a investir na dívida de Portugal. Guido Mantega não deu, porém, uma resposta definitiva: "Não disse nem sim nem não, mas prefiro soluções mais institucionais; são mais definitivas e abrangentes." À data, o ministro brasileiro comprometeu-se a contactar o presidente do Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional para discutir medidas que pudessem ajudar os países europeus com problemas de confiança. Mantega referiu que ia levar "o problema português" à próxima reunião do G20, em Fevereiro. Com Cláudia Garcia
Um assessor para a área internacional da presidência da República brasileira disse ao i que a conversa entre Sócrates e Dilma Rousseff se baseou numa "troca de impressões sobre a perspectiva económica e política dos dois países e da Europa em geral". "José Sócrates fez-lhe um relato sobre a situação económica europeia, de acordo com o seu ponto de vista, mas não tenho conhecimento de qualquer acordo económico ou novas perspectivas de negócios que envolvam empresas, ainda mais porque não estava presente no encontro o ministro da Fazenda", revelou.
O primeiro-ministro afirmou que os dois governos elegeram o comércio como prioridade: "Portugal é uma porta de entrada na Europa para os produtos brasileiros e continuará sendo". "Em larga medida, a reunião serviu para abordar a abertura de empresas portuguesas ao investimento brasileiro e a expansão do Brasil na Europa através de Portugal", diz ao i o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal. Basílio Horta enumera os dossiês em cima da mesa: "A parceria na construção do [avião] KC-390 da Embraer, a presença da Camargo Corrêa em Portugal, nomeadamente com a criação de um cluster de empresas portuguesas, bem como a entrada da Petrobras na Galp. Não me admiraria que também se comece a falar novamente da integração da TAP e da TAM, algo que olharia com toda a naturalidade", concluiu.
Dilma Rousseff já foi convidada para visitar Portugal, mas a viagem não está ainda agendada.
Dívida portuguesa no G20 Ontem o gabinete de Sócrates tentou afastar a ideia de que o primeiro-ministro foi ao Brasil "vender" dívida soberana: "Essas questões são para os ministros com a pasta das Finanças." Porém, o primeiro-ministro não deixou de piscar o olho ao governo brasileiro: "A dívida soberana portuguesa está no mercado e é um bom investimento, que vale a pena ser feito." Sócrates teve oportunidade de conversar com Dilma sobre "o esforço do governo português para superar este momento da crise que todos os países europeus estão a atravessar".
Em Dezembro, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, encontrou-se com o seu homólogo brasileiro e convidou o Brasil a investir na dívida de Portugal. Guido Mantega não deu, porém, uma resposta definitiva: "Não disse nem sim nem não, mas prefiro soluções mais institucionais; são mais definitivas e abrangentes." À data, o ministro brasileiro comprometeu-se a contactar o presidente do Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional para discutir medidas que pudessem ajudar os países europeus com problemas de confiança. Mantega referiu que ia levar "o problema português" à próxima reunião do G20, em Fevereiro. Com Cláudia Garcia
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