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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

WikiLeaks Itamaraty aconselhou EUA para facilitar volta de Sean




Telegrama revela que diplomata brasileiro recomendou a americanos que evitassem "discursos inflamados"

Cristina Grillo e Denise Menchen

Telegrama do consulado dos EUA no Rio para o Departamento de Estado em 9/11/ 2009 afirma que o então conselheiro da embaixada brasileira em Washington, Alexandre Ghisleni, sugeriu que congressistas americanos evitassem "discursos inflamados" sobre o caso Sean Goldman em audiência no Congresso americano.

De acordo com o telegrama, revelado pela ONG WikiLeaks (www.wikileaks.ch), isso poderia "exercer uma influência potencialmente negativa" no julgamento do caso, que ocorreria dias depois da audiência. A Folha é um dos sete veículos de imprensa que têm acesso antecipado ao material.

Em 17/12/2009 o Tribunal Regional Federal da 2ª Região determinou que Sean fosse entregue ao Consulado dos EUA no Rio para retornar com o pai, David Goldman, ao país onde nasceu.

Segundo o documento do consulado americano, a sugestão do diplomata brasileiro foi feita ao então subsecretário de Estado americano para o hemisfério ocidental, Thomas Shannon.

Hoje embaixador dos EUA no Brasil, Shannon pedira a Ghisleni, atualmente servindo na embaixada brasileira em Havana, que o Itamaraty ajudasse a garantir o retorno de Sean.

Tanto a Embaixada dos EUA em Brasília como a assessoria de imprensa do Itamaraty informaram que não comentariam os telegramas.

Políticos americanos entraram na campanha midiática e judicial movida por David Goldman para reaver a guarda do filho, retido no Rio pela família materna. Dos 432 membros da Câmara dos Deputados americana, 418 votaram pelo retorno de Sean. O caso esteve na pauta da visita de Lula aos EUA em março de 2009.

Consulado americano responde acusações feitas pelo advogado da família de Sean Goldman

Publicada em 23/12/2010 às 16h31m

Ronaldo Braga

O americano David Goldman, pai do menino Sean /Roberto Stuckert Filho (arquivo)

RIO - A porta-voz do Consulado Geral dos EUA no Rio, Heidi Arola, esclareceu, na tarde desta quinta-feira, que segundo a Convenção de Viena, os Estados Unidos não impediram, "de nenhuma maneira", o acesso de autoridades do governo do Brasil a nenhum cidadão brasileiro. Na quarta-feira, o advogado da família brasileira do menino Sean Goldman, Carlos Nicodemos, afirmou que o governo americano teria negado uma visita dos avós maternos ao menino antes do Natal. Ainde de acordo Nicodemos, a decisão atendeu a um pedido do modelo David Goldman, pai de Sean.

- Não podemos discutir questões envolvendo cidadãos privados sem sua expressa autorização. Acreditamos que o Ministério das Relações Exteriores do Brasil possa responder melhor questões referentes ao direito de visita de qualquer cidadão brasileiro nos Estados Unidos - disse a porta voz, em relação as declarações de Carlos Nicodemos.

A assessora do consulado explicou que assim que um caso referente à Convenção de Haia, sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças é decido, e o cidadão menor de idade retorna a seu país de residência, a questão fica sob jurisdição do poder judiciário local, que seria responsável por decidir questões - como direito à visitação - que podem ser apresentadas pelas partes envolvidas.

- O governo dos EUA não intervém em casos de custódia. Nós prezamos a assistência e cooperação do Governo do Brasil na defesa de suas obrigações referentes à Convenção de Haia. Tanto o Brasil como os EUA são signatários da Convenção de Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças, de 1980, um acordo internacional sobre como lidar com casos de retenção ilegal e abdução de crianças de seus países de residência originais. Os dois países são obrigados a assegurar que este tratado seja executado - disse a assessora do EUA.

Segundo ela, ao longo desse caso internacional de abdução de crianças, o Departamento de Estado dos EUA encorajou as autoridades brasileiras a acelerar todos os processos legais necessários para que o caso fosse resolvido e Sean pudesse retornar para casa depois de mais de cinco anos.

- Segundo a Convenção de Haia, casos como este devem ser resolvidos em seis semanas. Cada país tem uma autoridade central que é responsável pela supervisão de casos referentes à Convenção de Haia. A autoridade central no Brasil é a Secretaria Especial de Direitos Humanos. A autoridade central nos EUA é o Departamento de Estado. Esperamos continuar trabalhando com o governo brasileiro para resolver prontamente todos os outros casos referentes à Convenção de Haia ainda pendentes - finalizou Heidi Arola.

Segundo Nicodemos, ele entrou na Justiça com um novo pedido de visitação consular ao neto, que foi negado na tarde de quarta-feira, segundo ele, "pelo governo dos Estados Unidos".

- Na quarta-feira, fui informado pelo Ministério de Relações Exteriores, que o Departamento de Estado Americano se negou a intermediar o pedido de visita consular com ou sem a presença dos avós - afirmou o advogado Carlos Nicodemos, que disse ainda que a decisão foi justificada "diante do desinteresse do pai não há o que se fazer".

Em junho deste ano, a avó materna do menino, Silvana Bianchi, afirmou que ficou cem dias sem conseguir contato com o menino até finalmente conseguir contato por telefone. De acordo com Silvana, o primeiro telefonema entre eles durou um pouco mais de cinco minutos e o segundo, quase 17 minutos.

Disputa judicial por guarda de Sean começou em 2004Sean retornou aos Estados Unidos em 24 de dezembro de 2009, após ter sido pivô de uma longa batalha judicial entre a família brasileira - representada pela avó materna e pelo padrasto João Paulo Lins e Silva - e David. Desde que a mãe morreu, em 2008, durante o parto da filha de seu segundo casamento, o menino era criado por Silvana e pelo padrasto, no Rio.

A briga pela guarda da criança começou em 2004, quando a mãe de Sean trouxe David para uma viagem de férias de duas semanas ao Brasil. Eles viviam em New Jersey. Ao desembarcar no Brasil, contudo, Bruna telefonou ao marido avisando que o casamento estava acabado e que ela não voltaria. Ela se casou novamente.

Obrigada pela Justiça, a família materna devolveu, sob protestos, o menino ao pai no prédio do Consulado Americano. Pai e filho viajaram em seguida para os Estados Unidos.



Pedaço de mim

Hoje faz um ano que Sean Goldman foi entregue ao pai americano, David. Sem vê-lo há um ano, João Paulo Lins e Silva, padrasto, decidiu criar Twitter sobre o garoto. Endereço: @saudadedesean.


LAST

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