“Quando a Lua estiver na sétima casa e Júpiter alinhado com Marte, a paz vai guiar os planetas. E o amor irá além das estrelas. Esse é o começo da era de Aquários”. Este é o primeiro verso, traduzido, claro, da canção “Aquarius”, que embalou gerações desde que foi imortalizada no musical “Hair”, ícone do movimento hippie, no fim dos anos 70. Foi sob o lema “paz e amor” que o espetáculo rodou o mundo e volta a ser encenado no Brasil (a primeira versão foi em 1968), a partir de hoje, pelas mãos de Charles Möeller e Claudio Botelho.
Nos bastidores da produção, o clima é totalmente “faça amor, não faça guerra”. Em cada canto, além da correria e gente fazendo barulho de “rroooonnns” e “grrrsssss” para aquecer as cordas vocais, há almofadas, estátuas da deusa Shiva, incensos, flores, e muitos abraços e carinho. Se a tal Era de Aquarius chegou ou não, uma coisa é certa: dentro do Teatro Oi Casagrande está tudo alinhadinho.
— Estamos vivendo esse momento de paz interior. É um estado de plenitude — conta Karin Hills, que quando criança assistiu à versão para o cinema escondida da mãe: — Colei uma foto da personagem na parede e disse que um dia seria aquela negona!
Veterana da cantoria
Karin integrou o Rouge, grupo de meninas que fez sucesso no início dos anos 2000.
— As pessoas não lembram assim de cara quando me veem no palco. Foi muito intensa a época do grupo. Depois, a mú$quis um tempo de mim (risos). Fiz testes para musicais e deu certo. Estava em outro musical quando fui aprovada. Minha vida sempre foi de testes.
Que o diga Charles Möeller, que sofreu durante as audições. Afinal, foram 5 mil inscritos e 700 fizeram os testes.
— Poderia ter três elencos completos e ainda deixaria gente boa de fora. Isso é muito difícil — lamenta.
Sorte de quem ficou, como os paranaenses Hugo Bonemer e Igor Rickli. Ambos protagonizam o espetáculo na pele de Claude e Berger, respectivamente os líderes da tribo de hippies que invade Nova York para pedir o fim da Guerra do Vietnã. Em sua batalha pessoal, Igor venceu o próprio preconceito.
— Era o maior mauriçola. Achava que esse povo hippie não passava de um bando de lunáticos — conta ele, que hoje já ostenta um visual completamente riponga.
Hugo, que como Claude passa por diversas transformações, sentiu na pele todas elas. Inclusive ostentando um abdôme tanquinho:
— Emagreci nos ensaios. Minha mãe até me mandou uma caixa de paçoca porque acha que estou desnutrido.
Na pele da ruiva livre, leve e solta
Letícia Collin já é uma veterana nos musicais da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho. Fez com eles “O despertar da primavera”, e logo depois emendou nas audições de “Hair”.
— Fiquei sabendo do teste e decidi arriscar. Mas queria fazer a Jeanie. Se não fosse ela, não me interessaria — conta a atriz, que chegou a assistir à versão inglesa em Londres, onde esteve nas últimas férias.
A Jeanie em questão é uma ruiva livre, leve e solta, e na maioria das vezes chapada.
— Mais do que mostrar alguém que usa drogas deliberadamente, existe o contexto em que ela vivia numa fase de investigação e descobrimento da sexualidade também — defende Letícia, que em cena aparece grávida: — Acho ela admirável pois, apesar de toda a loucura, decide arcar com suas responsabilidades.
Além da barriga falsa, assim como o restante do elenco, Letícia fica nua no palco:
— Mais difícil é se movimentar com barriga postiça e vestidão.
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