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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

#NEWS #RIO Chefões do tráfico conseguem escapar

Rio - Com os mais de 50 acessos dos complexos do Alemão e da Penha, revistar cada um dos mais de 300 mil moradores da região tornou-se missão impossível. E a fuga de boa parte dos chefões do tráfico de favelas da cidade foi a prova disso. Entre eles, os principais alvos: os ‘números 1’ do Alemão, Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, e da Penha, Fabiano Atanásio da Silva, o FB.

>> FOTOGALERIA: Polícia e Forças Armadas tomam o Complexo do Alemão

As informações sobre o paradeiro de FB são desencontradas — o bandido é apontado como principal responsável pela invasão ao Morro dos Macacos, em outubro do ano passado, quando um helicóptero da PM foi derrubado.A polícia sabe que ele conseguiu fugir do morro, mas ainda não há certeza sobre onde está agora. Uma versão dá conta de que ele estaria baleado na perna, numa casa no vizinho Morro da Fé.

Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Bandido aparece por trás de um muro e exibe fuzil aos policiais que fazem cerco no Alemão | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
O criminoso sai à rua e continua apontando a arma, não se intimidando com a ocupação dos agentes | Foto: Severino Silva / Agência O Dia

O destino de Pezão também é duvidoso. As denúncias de que ele teria sido o único bandido do Comando Vermelho aceito na Rocinha (dominada pela facção ADA, mas que recentemente fez pacto com o CV) não foram confirmadas. Na verdade, a polícia não acredita que ele tenha ido para a Zona Sul, já que o chefe da Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, tem evitado se envolver no atual embate. Tanto que, desde sexta-feira, um carro de som percorre a comunidade de São Conrado dizendo aos moradores que não se preocupem, já que a Rocinha nada tem a ver com os ataques da cidade.

>> FOTOGALERIA: Guerra no Complexo da Penha

Manifestação ajudou fuga

Chefão da Chatuba, Paulo Rogério de Souza Paz, o Mica, saiu sábado da favela. Vestido de branco, pintou o rosto, gritou ‘paz’ durante manifestação e saiu no meio da multidão. A Mangueira teria sido o destino de Luiz Claudio Serrat Corrêa, o CL, e Lúcio Mauro Carneiro dos Passos, o Biscoito, ambos chefes do Cajueiro, em Madureira. Régis Eduardo Batista, o RG, e Marcelo da Silva Leandro, o Marcelinho Niterói, outros dois líderes, também escaparam.

Ataques começaram no domingo ao meio-dia

A onda de ataques violentos no Rio e Grande Rio começou no domingo 21 de novembro, por volta do meio-dia, na Linha Vermelha, quando seis bandidos armados com cinco fuzis e uma granada fecharam a pista sentido Centro, altura de Vigário Geral. Os criminosos, em dois carros, levaram pertences de passageiros e queimaram dois veículos, após expulsarem os ocupantes. Para o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, as ações criminosas são uma reação contra a política de ocupação de territórios do tráfico, por meio das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e a transferências de bandidos para presídios federais em outros estados.

>> FOTOGALERIA: Um paralelo entre Rio x Iraque

Na manhã da segunda-feira, cinco bandidos armados atacaram motoristas no Trevo das Margaridas, próximo à Avenida Brasil, em Irajá, também na Zona Norte. Os criminosos roubaram e incendiaram três veículos. No mesmo dia, criminosos armados com fuzis atiraram em uma cabine da PM na rua Monsenhor Félix, em frente ao Cemitério de Irajá. A PM acredita que o incidente tenha sido provocado pelos mesmos bandidos que haviam incendiado os três carros na mesma manhã. À noite, traficantes incendiaram dois carros na Rodovia Presidente Dutra, na altura da Pavuna. Foi o quinto ataque a motoristas em menos de 48 horas. Na Zona Norte, outra cabine da Polícia Militar foi metralhada.

No dia seguinte, as polícias Militar e Civil se uniram para reforçar o patrulhamento pelas ruas do Rio. O efetivo foi redobrado para controlar os ataques dos bandidos. A operação, que se chamou 'Fecha Quartel', suspendeu todas as folgas dos policiais militares do Rio de Janeiro. Mais de 20 favelas foram invadidas e armas e drogas foram apreendidas. Bandidos foram presos e alguns criminosos mortos em confronto com agentes.

Na quarta-feira 24 de novembro, novos ataques: ônibus, van e carros foram incendiados na Zona Norte do Rio, Baixada Fluminense e Niterói. Sérgio Cabral, governador do Rio, desafiou os bandidos: 'Não há paz falsa. Não negociamos'. Em uma reunião de cúpula da Segurança Pública do Estado, ficou decidido que a Marinha daria apoio logístico às operações de resposta aos ataques de bandidos.

Em mais um dia de veículos incendiados espalhados pela cidade, mais de 450 homens - entre polícias Militar e Civil e fuzileiros da Marinha, com o apoio de blindados de guerra da força naval, tomaram a Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. Emissoras de tv mostraram, ao vivo, centenas de bandidos armados fugindo para comunidades vizinhas. Cenas históricas que mostraram a atual situação do Rio de Janeiro. Na sexta-feira 26 de novembro, o Exército e a Polícia Federal entraram na batalha. No sábado, uma chance para traficantes locais. A Polícia Militar tentou a rendição dos cerca de 600 bandidos que estariam no Complexo do Alemão. Exatamente às 7h59 deste domingo, o comando da PM ordenou a invasão e poucos mais de 1 hora depois, o Estado comunicava que o conjunto de favelas estava tomado.




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