![[Valid Atom 1.0]](valid-atom.png "Validate my Atom 1.0 feed")
BBC MUNDO RADIO
Sexta, 19 de setembro de 2008, 08h50 
Atualizada às 09h03
| Valter Campanato/Agência Brasil  Na parede - Laudo da PF contradiz relato de Nelson Jobim ao presidente da República, antes do afastamento da diretoria da Abin |
Claudio Leal
O resultado do laudo do Instituto Nacional de Criminalística (INC), da Polícia Federal, trouxe novo revés para o ministro da Defesa, Nelson Jobim. A perícia divulgada nesta quinta-feira, 18, atesta que os 16 equipamentos em poder da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) não podem realizar escutas telefônicas, ainda que sirvam para "interceptações de áudio ambiental".
O laudo contradiz as declarações de Nelson Jobim no início da crise aberta pelo grampo contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Os dois tiveram uma conversa ao celular interceptada.
Na reunião que antecedeu o afastamento do diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, o ministro da Defesa apresentou ao presidente Lula a garantia de que o órgão de inteligência podia realizar grampos telefônicos.
Segundo os técnicos da PF, nem mesmo os aparelhos comprados através do Exército (Oscor 5000) têm capacidade de fazer interceptações telefônicas. Em entrevista à TV Brasil, na quarta-feira, 17, o presidente Lula afirmou que Paulo Lacerda pode voltar ao cargo "quando quiser".
Membro da CPI dos Grampos, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) avalia que o laudo põe Nelson Jobim em um situação "desconfortável" no governo. Mas vê com cautela o possível retorno de Lacerda à Abin.
- Uma posição segura vai precisar de mais tempo. Existem outras linhas de investigação com relação à participação de agentes. Tem que ter cautela agora. Esse laudo cria uma situação desconfortável para o ministro (Nelson) Jobim. Com relação à saída do dr. Paulo Lacerda, nunca se afastou toda a diretoria da Abin. Nesse governo, nenhuma das crises foi tratadas dessa maneira - diz Fruet em conversa com Terra Magazine.
A CPI dos Grampos pretende pedir uma perícia "independente" a um centro de pesquisa da Unicamp. Fruet identifica uma clara disputa entre setores do governos nas escaramuças de Nelson Jobim e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
- Como estamos vivendo uma sucessão de informação e contra-informação, é preciso ter cautela com tudo que sai. Não foi coincidência sair o laudo no dia seguinte ao depoimento do ministro Jobim. O laudo da Polícia Federal contradiz o depoimento dele. Por que o laudo não saiu ontem, anteontem ou semana que vem? Essas coisas não acontecem por acaso.
O deputado do PSDB critica a falta de "coordenação" do governo nos esclarecimentos prestados à sociedade. Para Fruet, o resultado do laudo é "um ponto positivo" para Lacerda, mas prefere aguardar os desdobramentos de outras linhas de investigação.
- Está faltando coordenação dentro do governo. Estão expondo negativamente os ministros. Nessa guerra, nessa disputa, não sei qual vai ser a próxima peça a ser movimentada no tabuleiro. Houve um ponto positivo para o dr. Paulo Lacerda, mas há outras linhas de investigação. É uma avaliação pra ser feita daqui a 30, 60 dias. Se foi sumário (o afastamento) naquele momento, também não pode ser agora.
Terra Magazine
Nenhum comentário:
Postar um comentário