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Lula já não distingue eventos oficiais e atos de campanha. Em ambos, só fala de eleição.
Tome-se o exemplo desta quinta (14). Lula abriu o dia no Piaui, disfarçado de presidente. Fechou-o no Pará, vestido de cabo eleitoral.
Em Teresina, capital piauiense, discursou num evento oficial, no Instituto Federal Tecnológico do Estado.
Recordou as eleições presidenciais que perdeu. Disse que o sentimento de derrota rendeu-lhe “ensinamento” e “frustração”.
Afirmou que seus adversários "tinham medo e por isso contavam muita mentira a meu respeito. Diziam que era comunista, porque tinha a barba comprida...”
Comparou-se a outros barbudos notórios: “Jesus também tinha barba comprida. Tiradentes também tinha”. Prosseguiu:
“Quantas vezes tive que responder e pagar o preço, porque a bandeira do meu partido é vermelha, porque tem uma estrela na bandeira...”
Quantas vezes “...tive de responder sobre aborto. Quem é contra fica jogando casca de banana para ver se a gente pisa e cai".
Em tom de despedida, disse que valeu a pena. Julga ter demonstrado que "a arte de governar não se aprende em universidade...”
“...Senão pegavam um na Academia Brasileira de Letras para ser presidente”. Evocou a pupila Dilma Rousseff:
“A arte de governar é como a arte de ser mãe, cuidar da família, garantir direitos e oportunidades a todos".
A atmosfera de campanha levou a platéia a gritar o nome de Dilma, que não estava presente. E Lula:
"Vocês sosseguem o facho, apaguem o fogo, porque aqui é um evento oficial da Presidência da República".
Logo voltaria a esquecer a natureza do evento. Agradeceu a Deus pela derrota de dois senadores piauienses de oposição: Heráclito Fortes (DEM) e Mão Santa (PSC).
Voou para Belém. E, dali, para Ananindeua, município assentado na região metropolitana da capital paraense.
À noite, escalou o palanque. Dessa vez, ao lado da pupila Dilma Rousseff. Além dela, a governadora Ana Júlia Carepa, candidata à reeleição.
Dessa vez, absteve-se de falar de Senado. Seus dois candidatos –Jader Barbalho (PMDB) e Paulo Rocha (PT)— foram abalroados pela lei da Ficha Limpa.
Discursou sobre a raiva. Disse que seus opositores transferem para Dilma o “ódio” que nutrem por ele.
Fazem contra Dilma as mesmas acusações que faziam contra ele. Que acusações? Não informou.
Em vez de Jesus e Tiradentes, recorreu a outras analogias:
“Uma parte da elite fazia essas acusações [também] a Ulysses Guimarães, em 1974, quando ele foi candidato de oposição ao [Ernesto] Geisel...”
“...O mesmo discurso contra Tancredo Neves, quando foi para o Colégio Eleitoral [contra Paulo Maluf]."
Nesse ponto, Lula soou desconexo. Como que acometido de amnésia, ignorou que o seu PT recusou-se a prestigiar Tancredo.
Voltou a se concentrar no próprio umbigo: "Faziam essas acusações a mim em 1989, em 1994, fizeram em 2002, fizeram em 2006”. Que acusações? De novo, não disse.
“Daí, pensei: agora [em 2010] acabou, eu não sou mais candidato, não vão fazer mais [acusações].”
Voltou-se para Dilma: “E estão fazendo contigo a mesma coisa que fizeram comigo, que fizeram com Getúlio [Vargas], com João Goulart e que fizeram com Juscelino [Kubitschek]".
Getúlio? Jango? Juscelino? Que diabo eles tem a ver com Dilma? Ganha uma viagem de ida a Ananindeua quem souber explicar.
Virou-se novamente para a pupila: "Eles estão transferindo para você o ódio que eles acumularam contra mim".
Para ironizar a plataforma populista do rival José Serra, Lula disse que a oposição é composta de “políticos Xuxa”.
Explicou-se: “Na campanha, é beijo pra cá, beijo pralá. Depois da eleição, tchau, tchau”.
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