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domingo, 4 de julho de 2010

Chávez ameaça expropriar bens de banqueiro

Autor(es): Agencia o Globo/ Mariana Timóteo da Costa
O Globo - 03/07/2010



Presidente tenta desviar a atenção de escândalo de 120 mil toneladas de comida estragada em estatal venezuelana

Nas declarações mais contundentes sobre o escândalo "Podreval", o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, minimizou ontem o fato de 120 mil toneladas de alimentos estragados terem sido encontrados no último mês nos porões da estatal de petróleo PDVSA. Apesar de lamentar o ocorrido e querer punir os culpados, Chávez disse que o caso "nem se compara" ao do banqueiro Nelson Mezerhane - presidente do Banco Federal, sob intervenção do governo desde 14 de junho, e cuja prisão foi decretada pelo Ministério Público há dois dias, sob a acusação de ter fugido do país com milhões de bolívares de seus clientes.



Chávez discursou numa cerimônia que os críticos chamaram de "teatro político" e entregou, pessoalmente, certificados de depósitos ao primeiro bloco de correntistas do Banco Federal. Mezerhane, que também é acionista da rede de TV "Globovisión", crítica ao governo, alega que a intervenção no banco de quase 300 mil correntistas e o processo contra ele têm motivação política.



Chávez insinuou ainda que o governo pode confiscar as propriedades do banqueiro e de seu sócio na "Globovisión", Guilermo Zuloaga, também foragido, e advertiu que a Justiça vai buscá-los até "os confins da Terra". Mas afirmou estar disposto a "sentar-se e tomar um café com eles, caso se apresentem".



- Como eles e outras pessoas vivem fora do país? Como fazem com o dinheiro? - indagou Chávez.



55% dos venezuelanos culpam presidente pela crise



O presidente venezuelano elogiou o fato de a maioria dos antigos correntistas do Banco Federal terem passado a ser clientes do estatal Banco da Venezuela. Comparou a intervenção do banco de Mezerhane ao caso da comida podre que, segundo analistas, pode afetar a popularidade de seu governo às vésperas das eleições legislativas de setembro. Ontem, uma pesquisa de opinião realizada pela Consultores 21 mostrou que 55% dos venezuelanos culpam o presidente pela crise.



- O caso de corrupção do Banco Federal é mil vezes mais grave do que o dos alimentos, porque foi premeditado. Duvido que o caso dos alimentos tenha sido premeditado - disse Chávez, lembrando que o Ministério Público ontem mesmo indiciou o ex--presidente e dois ex-gerentes da rede de mercados populares Pdval, onde a comida seria vendida.



Diante de rumores de que o ministro da Energia e do Petróleo, Rafael Ramírez, que também preside a PDVSA, seria afastado do governo, o presidente criticou a perseguição da "Globovisión" e da mídia opositora à Presidência.



- Se há tanta gente descontente, sugiro que se convoque um referendo revogatório de meu mandato - declarou o presidente, que já enfrentou um, em 2004.



Para o cientista político Carlos Romero, a guerra entre Estado e propriedade privada tem como objetivo afastar o governo do debate eleitoral. E mostra que Chávez está perdendo o controle da crise.



- Mas, em vez de buscar colaboração e admitir que o Estado é ineficiente, ele quer controlar mais. A Lei de Comunas, que deve ser votada pelo Congresso de maioria governista na semana que vem, é uma prova - diz o professor da Universidade Central da Venezuela.



A lei prevê a criação de uma estrutura municipal paralela, transferindo as atribuições de municípios a comunas socialistas - a exemplo do que existia na extinta União Soviética.

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