Num certo dia de 2007, Glauco tocou o telefone para o repórter. Queria agradecer. Ouviu agradecimentos.

Foi um telefonema raro. O primeiro. Em verdade, o único. A certa altura, o repórter perguntou a Glauco de onde lhe vinha tanta inspiração.

E ele, entre risos: “Deus escreve certo por linhas tortas. Eu faço o contrário: desenho torto por linhas certas”.

Pois bem, Glauco morreu. Foi assassinado. Coisa bárbara, ainda pendente de explicação. A polícia caça o responsável. O enterrro será neste sábado.

Não se sabe o que há no céu. Mas é certo que, se não tiver lápis e papel, Deus vai mandar buscar. Não vê a hora de tomar lições com Glauco.

O Todo-poderoso está doidinho para aprender a rabiscar torto por linhas certas.