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quinta-feira, 11 de junho de 2009

"O Primo Basílio – O Musical" é coleção de equívocos



09/06/2009 - 22:57 - Michel Fernandes, especial para o Último Segundo

SÃO PAULO – A alma Eça de Queiroz precisa que se reze uma missa em sua intenção. O fato é que uma de suas obras-primas, o clássico O Primo Basílio, ganhou uma versão musical que é um verdadeiro sortilégio. Dan Rosseto assina a direção da malfadada produção que está em cartaz no Teatro Brigadeiro e conjuga equívocos soberbamente.

Divulgação

A adaptação da obra literária, assinada por Francisca Braga, congrega em si uma série de tentativas tortas e repletas de pretensão. Para utilizar músicas marcantes da bossa nova, clássicos que receberam arranjos duvidosos, embora o diretor musical, Dyonísio Moreno, é referência dentre os melhores diretores musicais de teatro, Francisca colocou a ação da peça em meados dos anos 60 do século 20. O resultado é um fiasco que não convence. Os assuntos da época – como a construção de Brasília por Juscelino Kubistchek - é mero cosmético que fica num pano de fundo pobre e inverossímil.

Infelizmente, a forma escolhida por Dan Rosseto para a inserção dos números musicais em nada contribui para a credibilidade do uso das canções como temas das ações - que devem substituir, comentar ou, simplesmente, ilustrar, como é o verdadeiro papel das músicas em espetáculos musicais -, dando a impressão – para isso contribui negativamente as coreografias de Ivan Silva – de que não á nenhuma conexão entre música e ação. Fica falso. Desconjuntado.

Se houvesse um cuidado primoroso com a produção – cenários, figurinos, iluminação, entre outros, o que é esperado como condição sine qua non em autodenominadas superproduções musicais – seria menos intolerante nessas linhas reflexivas, mas nem os microfones estavam funcionando 100%, traço inconcebível para uma produção com tal porte.

Na parte vocal, Paula Capovilla, quem assina a preparação, deve pedir que os atores evitem o vibrato e contenham suas paixões na hora de cantar músicas que podem resvalar no clichê caricato e maniqueísta.

Nem tudo está perdido, no entanto, algumas interpretações conseguem, apesar de carregadas de caricaturas, fazer o público rir.

O Primo Basílio – O Musical vai até o dia 6 de setembro, todas as sextas e sábados, às 20h30, e domingos às 19h. Os ingressos custam R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia). O Teatro Brigadeiro fica à Av. Brigadeiro Luís Antonio, nº 884, Bela Vista. Mais informações através dos telefones (11) 3115-2637/(11) 3107-5774.

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