Imortalizado pela literatura de Lord Byron e Eça de Queirós, o hotel mais antigo da Península Ibérica continua a ser palco de reuniões literárias que ainda hoje respiram a história e tradição romântica de Sintra |
A escassas centenas de metros do centro da vila património mundial da UNESCO, o Lawrence´s Hotel, inaugurado em 1764, mantém hoje o ambiente familiar descrito em pormenor, no século XIX, pela escritora inglesa Lady Jackson no livro Formosa Lusitânia.
Se no livro Os Maias, de Eça de Queirós, esta antiga albergaria inglesa faz parte das visitas que a personagem central da obra (Carlos da Maia) faz a Sintra para se encontrar com a sua amada (Maria Eduarda), é com o poeta inglês Lord Byron que atinge maior reconhecimento.
No início do século XIX este escritor romântico instala-se no Lawrence´s Hotel durante uma temporada e escreve uma parte do livro Peregrinação de Childe Harold, obra onde relata as suas experiências pelo continente europeu e em que Sintra é descrita como um paraíso.
Não é de estranhar pois que, nas suas instalações, as portas dos 11 quartos e cinco suites estejam assinaladas não com números mas com os nomes das figuras ilustres que ao longo de quase três séculos de existência passaram pela hospedaria.
«Grandes personalidades passaram aqui: Eça de Queirós, Lord Byron, William Beckford, Lady Jackson, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco e Bulhão Pato. É um pequeno hotel com 16 quartos e todos têm nomes de personalidades que aqui passaram» , disse a directora geral do hotel, Catarina Caracol.
Segundo a responsável, o Lawrence’s Hotel tem ainda hoje, à semelhança do que acontecia no passado, uma vertente cultural muito marcada, nomeadamente reuniões de debate literário feito por grupos como o clube Lord Byron.
Mas se no passado altas figuras literárias e políticas passaram pelo Lawrence´s, também personalidades internacionais e nacionais do presente desfrutam dos ares da Serra de Sintra, junto à Quinta da Regaleira.
«Já tivemos distintas personalidades como Bill Clinton, Margareth Tatcher e muitos outros portugueses que não poderei mencionar por razões óbvias» , disse Catarina Caracol, mostrando os livros de hóspedes e assinaturas e dedicatórias, o registo vivo das pessoas que fizeram deste hotel o recanto de uma visita ao Romantismo de Sintra.
Frequentado maioritariamente pela classe média alta, com a chegada do Verão é habitual ser difícil encontrar disponível um dos 11 quartos e 5 suites decorados de época.
Construído em 1764, o Lawrence’s é o hotel mais antigo da Península Ibérica e um dos primeiros do género na Europa, tendo recebido o nome dos proprietários ingleses originais.
Com o passar do tempo sofreu várias alterações, quer de nome quer de proprietários, tendo já sido uma Hospedaria Inglesa (1850) e mais tarde o local onde, afirma Catarina Caracol, se fabricaram os primeiros pastéis de feijão típicos de Torres Vedras.
Em 1961 foi encerrado, encontrando-se abandonado e à beira da ruína durante três décadas, até que um casal holandês, 235 anos depois da sua inauguração, o adquiriu em 1989 e o reconstruiu mantendo o traçado original.
Actualmente muitos dos guias que mostram Sintra a turistas e a estudantes em viagens de estudo passam obrigatoriamente junto ao Lawrence´s e enquadram a sua história literária romântica com o Romantismo da vila e do seu vasto património histórico.
Lusa / SOL
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