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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Polícia acusada de erro fatal



A demora na intervenção e o desenlace da mesma ameaçam desencadear inquérito à acção policialA demora na intervenção e o desenlace da mesma ameaçam desencadear inquérito à acção policial
20 Outubro 2008 - 00h30

Brasil: Adolescente baleada durante sequestro em S. Paulo morre no hospital


Eloá Cristina Pimentel – a menina de 15 anos que foi mantida refém durante cinco dias pelo ex-namorado, Lindemberg Fernandes Alves, de 22 anos, num apartamento em Santo André, periferia de São Paulo, e que foi baleada durante a invasão policial ao cativeiro – teve morte cerebral confirmada pelos médicos na madrugada de ontem. Paralelamente crescem as críticas à polícia, responsabilizada pelo desfecho trágico do cerco de cinco dias.

Com um tiro na virilha e outro na cabeça, que lhe destruiu o cérebro e se alojou na nuca, ao dar entrada no hospital na noite de sexta-feira Eloá já não tinha quase nenhuma probalidade de sobrevivência e o pior acabou por acontecer.

As circunstâncias em que a adolescente foi baleada continuam pouco claras, mas a polícia paulista aparece cada vez mais como grande responsável pelo trágico desfecho do mais longo sequestro do género no estado de São Paulo. A polícia afirma que só invadiu o apartamento depois de ouvir tiros dados por Lindemberg contra Eloá e a outra refém, Nayara Rodrigues, também de 15 anos, atingida por um tiro no rosto mas que, depois de operada, se encontra livre de perigo. Essa versão é desmentida pela multidão de repórteres que cobria o caso no local. Todos são unânimes em asseverar que as detonações de arma de fogo só ocorreram depois de a polícia invadir a residência, cuja porta foi derrubada com explosivos.

Fica cada vez mais claro que foi a desastrada invasão policial, ocorrida quando um promotor de justiça e um advogado contratado pela família de Lindemberg já o tinham convencido a entregar-se, que fez com que ele atirasse sobre as adolescentes, caso se confirme que as balas saíram mesmo do revólver que empunhou desde segunda-feira, quando, inconformado com o fim do namoro decidido pela adolescente, invadiu o apartamento de Eloá, até sexta, quando foi preso.

Ontem, assim que a morte de Eloá foi confirmada, a família da menina decidiu doar os seus órgãos para transplante. Enquanto isso, na cadeia onde está isolado para não ser morto pelos outros presos, Lindemberg recusa-se a falar sobre o tresloucado acto e repete sem cessar que ama Eloá e que a quer de novo a seu lado. Com a morte da adolescente, pode ser condenado a várias dezenas de anos de prisão.

MAIS DADOS

CORAGEM ATÉ AO FIM

Nos últimos cinco dias de vida, nos quais foi refém do ex-namorado, Eloá mostrou coragem. Espancada pelo ex-namorado, não se submeteu e chegou inclusive a desafiá-lo.

DECISÃO POLÉMICA

Criticado pela demora em agir, o coronel Eduardo Félix, que comandou o cerco, piorou as coisas ao afirmar que a polícia não abateu o sequestrador por ele não ser um bandido e sim um jovem trabalhador a sofrer por amor.

Domingos G. Serrinha, correspondente São Paulo

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