Metrô de SP transporta 10 milhões de passageiros por km de linha, ante os 8,6 milhões registrados em Moscou
Já a rápida ascensão de São Paulo pode ser explicada por dois fatores. De um lado, houve acréscimo de 750 mil passageiros por dia, observado pelos técnicos estaduais desde a adesão ao bilhete único, em 2006. Só a Linha 3-Vermelha, a mais movimentada, ganhou, em média, 70 mil novos passageiros por dia. Nos horários de pico, os vagões passaram a receber até 8,6 passageiros por m² - o limite "suportável" é de 6 pessoas por m², segundo padrões internacionais. Por segurança, a companhia reduziu em 10% a velocidade média das composições, elevando em até 4 minutos o tempo de viagem.
O outro aspecto que ajuda a entender a superlotação é o tamanho da rede - a menor entre as 11 maiores do mundo. Os 11 milhões de habitantes de São Paulo têm à disposição 61,3 km de linhas. Com 5,5 milhões de moradores, Santiago, no Chile, oferece 83,2 km. Detalhe: os dois sistemas começaram a ser construídos praticamente juntos, na década de 1970.
Embora o metrô tenha aumentado em 35% a oferta de lugares na última década, segundo dados da pesquisa Origem-Destino (OD) divulgada sexta-feira, o ritmo de expansão ainda é lento. De 1974, ano em que foi inaugurado, até 2007, o metrô de São Paulo avançou 1,5 km ao ano. Mesmo se os planos da gestão José Serra (PSDB) se concretizarem, a capital deverá ter apenas 80,5 km de linhas até 2010. Nova York, metrópole que possui o mais extenso metrô do mundo, tem 479 km de linhas.
Com a crescente utilização do transporte coletivo na região metropolitana, registrada pela OD, é muito provável que a superlotação continue. "O metrô paulistano foi asfixiado pela demanda", avalia o engenheiro Telmo Giolito Porto, professor do Departamento de Transportes da Escola Politécnica da USP. "Mas acredito que a compra de equipamentos modernos, a expansão da rede e os investimentos na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) possam pelo menos aliviar essa pressão."
Avaliação
Entre os 11 principais metrôs do mundo, o que apresentou maior evolução foi o de Hong Kong, na China, por causa da unificação das redes da estatal Kowloon-Canton Railway e da concessionária MTR Corporation, administradora do metrô local. Historicamente, o posto de metrô mais superlotado do planeta sempre foi ocupado pelo de Tóquio, no Japão. Em 2007, porém, os japoneses se retiraram da CoMET e deixaram de encaminhar seus dados - os últimos apontavam 8,3 milhões de passageiros transportados por km de linha, ainda abaixo do que São Paulo registra hoje.
Criada em 1992, a CoMET é administrada pelo Centro de Estratégia para o Transporte e Ferrovias do Imperial College, de Londres. Tem o objetivo de compartilhar as "melhores práticas" em diferentes áreas, desde o intervalo entre trens até a exploração comercial nas estações. O Estado teve acesso à parte dos dados coletados. Eles mostram que, apesar de superlotado, São Paulo ainda é referência em diversos aspectos, como limpeza e segurança.
(Com informações de Bruno Tavares, Eduardo Reina e Renato Machado, de O Estado de S. Paulo.)
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