Para Juan Lecompte, 'momento é perfeito' para intervenção do presidente brasileiro.
O publicitário disse ter informações de que ela estaria doente e sofrendo abusos sexuais.
O publicitário Juan Carlos Lecompte pediu nesta segunda-feira (31) uma participação mais efetiva do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, nas negociações para a libertação de sua mulher, a ex-candidata à presidência da Colômbia Ingrid Betancourt. Ela é mantida como refém pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) há seis anos.
Lecompte, de 49 anos, passou o dia em São Paulo, onde gravou entrevista para o “Programa do Jô”, que será exibida na noite desta segunda-feira (31).
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Para Lecompte este é o “momento perfeito” para uma intervenção do presidente brasileiro. “É muito importante o que Lula pode dizer ao presidente da Colômbia, Álvaro Uribe. O Brasil é uma potência latino-americana. Penso que ele (Lula) pode efetivamente fazer mais. Esta é uma situação de emergência”, disse ele.
Em entrevista ao "Jornal Nacional", Lecompte disse que Ingrid estaria sofrendo de hepatite tipo B, leishmaniose e malária. Além disso, ele declarou ter informações de Ingrid teria sofrido "vários abusos sexuais" por parte de guerrilheiros das Farc. "Espero que elas (as Farc) não a matem. Seria uma brutalidade, afirmou.
De acordo com o marido de Ingrid – o casal está junto há 13 anos – sua libertação deveria ocorrer o quanto antes, devido ao seu estado de saúde delicado. “Este é um momento crítica para a intervenção de Lula”, pediu. Lecompte disse que tentou falar com o presidente, mas nunca teve oportunidade de chegar até Lula.
Apesar de viver seis anos de angústia, Lecompte se mostrou otimista. "Estamos mais próximos de uma libertação do que longe. Agora, eu tenho mais esperança porque libertaram seis reféns (no início do ano)", disse.
O ar de preocupação ficou evidente quando ele lembrou que a crise entre Equador e Colômbia, provocada pela morte de Raúl Reyes – tido como o segundo na hierarquia das Farc – em território equatoriano, pode atrasar a libertação da franco-colombiana. "A coisa ia avançar ou então a Ingrid já poderia estar livre", contou o publicitário.
Lecompte criticou a posição de Uribe, afirmando que falta a ele vontade política para atuar a favor dos reféns. "O Uribe não tem vontade política para resolver o problema. Ele não tem interesse em libertar a Ingrid. Ela é a única que pode barrá-lo (nas urnas)".
Para comprovar o que estava dizendo, o publicitário mostrou uma reportagem do jornal colombiano "El Tiempo", de 13 de março, noticiando que a ex-candidata é a segunda na lista entre as autoridades com mais popularidade no país. O primeiro é o próprio Uribe, cujo governo tem 84% de aprovação nacional, segundo a pesquisa do Instituto Gallup publicada no periódico.
Ao contrário, o colombiano nascido em Cartagena, elogiou o empenho do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em resolver a questão. "Graças a ele, os seis reféns foram libertados", disse Lecompte.
De acordo com ele, as Farc manteriam sob seu poder pelo menos três mil pessoas. Algumas, há dez anos. "É muito cruel, é horrível". O marido de Ingrid contou que não em pesadelos sobre o seqüestro. "Tenho sonhos positivos em que vou me encontrar com ela e ficamos juntos". Ingrid tem dois filhos de um casamento anterior.
O publicitário afirmou que não vai desistir. "É muito difícil, mas eu não vou parar de lutar até que a Ingrid recupere sua liberdade. Ela está muito doente. Se isso não acontecer, morre". Lecompte veio a São Paulo a convite do Partido Verde (PV), o mesmo de Ingrid na ocasião do seqüestro. Ele se encontrou com o presidente nacional da legenda, José Luiz de França Penna. O PV criou há dois meses um comitê internacional para a libertação de Ingrid.
A ex-candidata à presidência da Colômbia foi seqüestrada no dia 22 de fevereiro de 2002 por integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em uma estrada para San Vicente Caguán, a cerca de 700 km de Bogotá, capital da Colômbia.
Nesta segunda-feira (31), em mais uma tentativa de chegar a uma solução para a libertação de Ingrid e dos outros reféns em poder das Farc, a França se declarou disposta a examinar qualquer fórmula que possa facilitar esse processo.
Na semana passada, a notícia de que o estado de saúde de Ingrid seria muito grave e ela precisou ser atendida em um posto médico nos municípios de San José e El Retorno reforçou os movimentos para a libertação da franco-colombiana. A refém, que vive na selva desde o seqüestro, teria contraído hepatite B e leishmaniose.
A França chegou a enviar à Guiana Francesa um avião Falcon 900, à espera de uma possível libertação de Ingrid. No início do ano, seis reféns das Farc foram libertados, entre eles, Clara Rojas, que era assessora da ex-candidata à presidência e fora seqüestrada junto com ela, há seis anos.
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