[Valid Atom 1.0]

terça-feira, 1 de abril de 2008

Betancourt é a refém mais maltratada pelas Farc, diz marido

FERNANDO SERPONE
da Folha Online

Ingrid Betancourt, refém das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) há seis anos, é a seqüestrada mais humilhada pelos guerrilheiros, afirmou nesta segunda-feira o publicitário Juan Carlos Lecompte, marido da franco-colombiana, que pediu a intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela libertação dos reféns.

Zé Paulo Cardeal/TV Globo
Juan Carlos Lecompte, marido da refém Ingrid Betancourt
Juan Carlos Lecompte, marido da refém Ingrid Betancourt

"Os que recuperaram sua liberdade dizem que ela (Betancourt) se mantém firme em suas convicções, que a humilham e ela confronta a guerrilha, e por isso, ela é a que mais maltratam", disse Lecompte, 45, durante gravação de entrevista para o "Programa do Jô", da Rede Globo, em São Paulo, que vai ao ar nesta segunda-feira.

De acordo com o marido de Betancourt, na Colômbia há hoje pouco mais de 3.000 seqüestrados, sendo que alguns estão em cativeiro há mais de dez anos.

Para o publicitário, as Farc "são terroristas porque têm seqüestrados civis. Se não os tivessem, poderiam ser uma guerrilha".

Na semana passada, o governo colombiano anunciou que, se as Farc libertarem Betancourt, dará por iniciado o acordo humanitário para a troca de reféns por rebeldes presos. A afirmação de Bogotá, que representa uma mudança da posição adotada até o momento, foi divulgada após as notícias de que o estado de saúde de Ingrid é muito grave.

"Há uma versão oficial do governo colombiano de que ela foi vista em um posto de saúde, e que estava muito mal, em um estado deplorável, delicado, e deve ser levada a um hospital", afirmou Lecompte. "Por isso essa urgência pela busca de ajuda para libertá-la."

Chávez

O colombiano afirmou que, graças ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, seis reféns políticos das Farc foram libertados neste ano, em dois episódios diferentes. "O presidente Chávez é alguém que a guerrilha respeita e ouve, por isso o converte em uma pessoa idônea para resolver o problema."

De acordo com Lecompte, se a Colômbia não tivesse realizado a operação militar em território equatoriano --que matou Raul Reyes, número dois da guerrilha---, um outro grupo de dez reféns, entre eles Betancourt, já teria sido libertado. O ataque, em 1º de março, desencadeou uma grave crise entre Colômbia, Equador e Venezuela.

Recentemente, Lecompte esteve com as presidentes do Chile e da Argentina, Michelle Bachelet e Cristina Kirchner, em busca de apoio regional. "À medida em que conseguiram internacionalizar o problema, conseguiram as libertações", afirmou o publicitário. "Enquanto o problema estava restrito à Colômbia, nada acontecia."

Lula

O colombiano pediu ainda a intervenção do presidente Lula. "Se o presidente Lula se envolver --o Brasil é a potência da América Latina, é nosso vizinho--, ele pode falar com o governo colombiano, pode falar com a guerrilha, pode incidir no problema", afirmou ao programa.

Lecompte disse ainda que "a droga na Colômbia é o combustível da guerra --financia as Farc, financia a guerrilha, financia os paramilitares, financia alguns políticos corruptos e alguns militares corruptos também". Para o colombiano, "se não existisse a droga na Colômbia, não existiria a violência".

Ingrid Betancourt, 46, foi seqüestrada em 23 de fevereiro de 2002, quando fazia campanha à Presidência como candidata pelo Partido Verde. Desde então, a França passou a intervir na questão dos reféns da guerrilha a fim de conseguir sua libertação.

Leia mais

Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters

Nenhum comentário: