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sábado, 2 de julho de 2011

Jobim elogia FHC e diz que hoje tem de tolerar 'idiotas'


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VERA MAGALHÃES
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
CATIA SEABRA
DE BRASÍLIA

O ministro Nelson Jobim (Defesa) fez um discurso ontem na homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que foi interpretado como sinal de insatisfação com sua situação no governo Dilma Rousseff.

Começou dizendo que faria um "monólogo" dedicado a FHC --de quem foi ministro da Justiça e que o indicou para o Supremo Tribunal Federal--, e que deixaria "vazios" que o tucano iria "compreender perfeitamente".

Jobim elogiou o estilo conciliador do ex-presidente. "Nunca o presidente levantou a voz para ninguém. Nunca criou tensionamento entre aqueles que te assessoravam", disse. A referência foi interpretada como uma alusão ao estilo duro de Dilma com seus auxiliares.

"Se estou aqui, foi por tua causa", afirmou, sem mencionar Lula nem Dilma.

Alan Marques/Folhapress
FHC recebe homenagem em Brasília por seus 80 anos e recebe os cumprimentos do ministro Nelson Jobim
FHC recebe homenagem em Brasília por seus 80 anos e recebe os cumprimentos do ministro Nelson Jobim

Disse que, quando presidente, FHC construiu "um processo político de tolerância, compreensão e criação".

"E nós precisamos ter presente, Fernando, que os tempos mudaram." E citou Nelson Rodrigues: "Ele dizia que, no seu tempo, os idiotas chegavam devagar e ficavam quietos. O que se percebe hoje, Fernando, é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento".

Esse encerramento da fala provocou perplexidade em governistas da plateia. "O que ele está querendo dizer?", indagou um petista.

Questionado sobre a fala, FHC disse que não viu nenhuma tentativa de fazer "comparações". Sobre os "idiotas", FHC sorriu e concordou: "É, aquilo foi forte".

Já o presidente do ITV (Instituto Teotonio Vilela), Tasso Jereissati, avaliou que o titular da Defesa "fez um discurso cheio de recados".

Aliados do ministro dizem que ele está, de fato, insatisfeito com Dilma. Recentemente se queixou a correligionários de que a presidente não o convoca para opinar sobre assuntos de política e direito, como Lula fazia.

Ele também ficou incomodado com o corte do orçamento de sua pasta. Assessores da Defesa negam que Jobim tenha manifestado a vontade de deixar o cargo.

ECUMÊNICO

Vários aliados de Dilma participaram da homenagem a FHC no Senado: o governador Eduardo Campos (PSB-PE), o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que fez um discurso elogiando o ex-presidente, e o ministro Garibaldi Alves (Previdência).

A mestre de cerimônias do evento foi a atriz Fernanda Montenegro. O vice-presidente Michel Temer recepcionou o tucano no gabinete do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

No discurso, FHC se disse "muito feliz" com a carta elogiosa que recebeu de Dilma por conta do aniversário de 80 anos e que viu no gesto a prova de que "não é preciso destruirmos um ao outro".

O discurso mais crítico ao PT foi feito por José Serra, que disse que, quando presidente, FHC jamais "passou a mão na cabeça de aloprado".







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