O bairro Liberdade fica às margens da rodovia BR-040, a cerca de 25 km do Centro de Ribeirão das Neves, cidade com 350 mil habitantes. O local entrou no caso Eliza Samudio com importância secundária, mas passou a dividir com o sítio do jogador Bruno, em Esmeraldas, o título de lugar mais importante para a investigação do desaparecimento. Foi invadido por policiais e jornalistas, o que mudou a rotina dos moradores. Poliane Pimenta de Souza, mulher de uma das testemunhas, disse que a movimentação tem deixado a população, ao mesmo tempo, curiosa e incomodada.
— Nós precisamos seguir a vida. O nosso mundo não pode parar por causa disso. Também aumentamos o cuidado com as crianças, pois é carro pra tudo que é lado — afirmou.
A oito quilômetros dali, começou uma trama que colocou o bairro nas páginas, telas e caixinhas de som do Brasil inteiro. No ponto de ônibus do Ceasa, sob a passarela Afonso Cruz, Dayanne Rodrigues do Carmo, ex-mulher de Bruno, entregou o bebê de Eliza a Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, e Flávio Caetano de Araújo, o Flavinho, amigos do jogador. Eles por sua vez, levaram Bruninho ao Liberdade. Suas ruas, que têm nomes de números, representam a aproximação entre suspeitos e testemunhas. Essas vielas íngremes com cerca de cinco metros de largura, onde o goleiro do Flamengo passou boa parte de sua juventude, guardam elos que conectam os fatos.
Rua Um: em uma casa inacabada, dois homens conhecidos com Tim e Nem foram detidos, levados para um local desconhecido, interrogados e liberados. Eles teriam informações de onde estaria o corpo de Eliza.
Rua Dois: moram, na mesma casa, os cunhados Coxinha e Flavinho.
Rua Cinco: residem Elenilson Vitor da Silva, caseiro do sítio de Bruno, e Cleiton Gonçalves, que dirigia a Land Rover apreendida do jogador, onde foram encontrados vestígios de sangue.
Rua Sete: moram Cássio Rogério Romão e Luciene Ferreira, pais de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo e braço direito de Bruno.
Rua Onze: o bebê foi encontrado pela polícia, na casa de Geisla Letícia Souza. A Rua Delegado Paulo Olegário, entre Liberdade e Vereda, também faz parte desta história. Era para lá, à casa de Júlia, que Coxinha e Flavinho iriam levar o bebê, mas a menina saiu para ir a um baile funk e eles acabaram deixando a criança na casa de Geisla.