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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ana Paula Arósio será professora lésbica em filme

Ana Paula Arósio, de 34 anos, será a professora lésbica Júlia no filme "Como Esquecer", que estreia em outubro, de acordo com a coluna Mônica Bergamo, publicada no jornal "Folha de S. Paulo" deste domingo (23). No longa, ela vai aparecer em cenas de masturbação e trocará carinhos com a personagem vivida por Arieta Corrêa. A atriz, que também está de volta à TV depois de dois anos de pausa, falou sobre a persoangem, uma promotora de Justiça, na série policial "Na Forma da Lei", da Globo. "Ela perde o grande amor da vida. E não é marcada pelo trauma", contou. A artista, que também perdeu o noivo, o empresário Luiz Tjurs, que suicidou-se na frente dela, em 1996, disse que a história da série não reacendeu seu trauma de 14 anos. "É uma coisa que eu já trabalhei bastante e que agora tá tranquilo", afirmou ao jornal.


13 de novembro de 1996

Amor de perdição

Vítima de um ciúme obsessivo,
o noivo de Ana Paula Arósio se mata
diante dela com um tiro na boca

Faltavam quarenta dias para o casamento da modelo e atriz Ana Paula Arósio, 21 anos, com o empresário Luiz Carlos Leonardo Tjurs, 29. Apaixonada, ela escolhia peças finas para o enxoval e pensava no vestido de noiva, branco, com véu e grinalda, exatamente como sonhava. Uma bala de revólver calibre 38 pôs fim à história de amor, transformada num pesadelo de ciúme patológico. Ana Paula, cujos olhos azuis resplandecentes e o sorriso perfeito lhe valeram a fama de o rosto mais bonito do país e fotos de capa de mais de 250 revistas, aqui e no exterior, namorava Luiz havia apenas seis meses. Nas últimas semanas, o encantamento inicial já cedia a uma realidade dolorosa. Obcecado, Luiz começou a espalhar para os amigos que Ana o traía e chegava a enumerar os supostos rivais. Nada, porém, poderia antecipar a cena de horror vivida no domingo 3, quando ele encerrou o namoro da maneira mais drástica possível: com um tiro na boca, disparado diante da noiva estarrecida.

O mergulho no inferno começou na sexta-feira. Às 9 da noite, depois de um dia inteiro de gravações da novela Os Ossos do Barão, ela foi ao apartamento do namorado. Não teve uma boa recepção. 'Ele perguntava tudo sobre as cenas que eu havia gravado e com quem eu tinha trabalhado', contou Ana, na sexta-feira passada, em seu depoimento no inquérito policial que investiga o suicídio. 'Ele parecia dopado e dizia que os amigos telefonavam para contar que eu o traía.' O casal discutiu durante três horas. Enfurecido, Luiz arremessou uma garrafa de vinho na parede, quebrando o espelho da sala. À meia-noite, quando Ana decidiu ir embora, o namorado insistiu em segui-la de carro até a casa dos pais, para ter certeza de que ela não iria a nenhum outro lugar.

No sábado, Luiz ligou e, com voz pastosa, pediu a Ana Paula que fosse ao seu apartamento à noite. Lá, limitou-se a entregar um bilhete em que se dizia decepcionado 'com um mundo podre, um mundo que não é meu', e acusava a namorada de traí-lo com o empresário Luiz Simonsen, 30 anos, e com o apresentador de TV Serginho Groisman, 46. O fato de ter contado que se havia iniciado sexualmente com um namorado por quem fora apaixonada passou a ser esgrimido contra ela. Aos olhos do namorado enlouquecido de ciúme, a bem-comportada Ana Paula transformava-se numa oportunista, que passava de mão em mão à procura de um partido melhor. 'Quebrou-se o cristal, quebrou-se o sonho, quebrou-se a confiança', anunciava.

Preocupada, Ana Paula foi visitar o namorado no domingo bem cedo, antes da gravação da novela. Chegou ao apartamento às 7 da manhã. Encontrou Luiz deitado na cama, transtornado, com dificuldades para se manter de pé. Discutiram, discutiram e discutiram. A empregada Maria das Graças Pinheiro ouviu tanta gritaria que, com medo, fechou a porta do seu quarto. A briga continuava. Luiz sentou-se na cama, com um revólver na mão. Começou a pôr as balas no tambor. 'Me mata', pediu, estendendo a arma. Ela balbuciou: 'Não'. A tortura foi num crescendo. Trancando-se com Ana Paula no banheiro, Luiz aninhou o revólver no cinto e começou a escrever um bilhete em que dizia: 'Eu, Luiz Tjurs, gozando plenamente das minhas faculdades mentais, decidi, por vários motivos, que não tenho razões para continuar vivendo...' Em pânico, Ana tentou aproximar-se para roubar a arma. Quando percebeu, Luiz empurrou-a para trás, abriu a porta e foi cambaleando para o quarto. Enfiou o revólver na boca e disparou.

'Quando cheguei ao prédio, ela não conseguia falar coisa com coisa, estava em estado de choque', diz Marco Aurélio Garcia, amigo e conselheiro de Ana Paula, localizado pelo pastor Hesley, do templo evangélico onde o casamento seria celebrado, e a primeira pessoa a quem a modelo telefonou. A cena encontrada por Marco: Luiz estendido no chão do quarto com uma bala na cabeça. Sobre o criado-mudo, caixas com comprimidos de Lexotan, um calmante, e Rohypnol, um hipnótico, medicamentos de venda controlada que podem ajudar a explicar por que uma situação já patológica se pode ter agravado a um limite insuportável. Tomados indiscriminadamente, ou associados a bebidas alcoólicas, os remédios - especialmente o Rohypnol, proibido nos Estados Unidos - desencadeiam graves efeitos colaterais. 'Esse medicamento rebaixa o nível de consciência e seu usuário pode perder a capacidade de comparar e avaliar situações', explica o psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos. 'Ele pode entrar num estado em que não distingue a realidade da fantasia. É como se sonhasse, ou tivesse pesadelos, acordado.'

Com ou sem remédios, Luiz Tjurs, um rapaz bonito, com aspirações artísticas, já vinha dando sinais de confusão entre o real e o imaginário. Inseguro, alucinadamente ciumento, ele se desequilibrou progressivamente ao se apaixonar por uma das modelos mais cobiçadas do país, fanática por trabalho e com uma agenda tão lotada que precisou trancar matrícula na Faculdade de Letras da USP. Ana Paula acordava todos os dias às 5h30, participava das gravações de Os Ossos do Barão, no SBT, fazia ginástica e tinha aulas de inglês, canto e interpretação. No que sobrava de tempo, viajava para fazer fotos e gravar comerciais. Para quem alimenta um enorme sentimento de posse e fantasias de traição, não pode haver coisa pior. 'Ele sempre foi ciumento e possessivo, queria todas as atenções para ele, mas nunca imaginei que pudesse chegar a esse ponto', conta a modelo e atriz Gisele Fraga, que há seis anos teve um romance com o rapaz.

As fantasias se aceleraram nas últimas semanas. Luiz Tjurs falava sobre o suposto amante de Ana Paula a todos os amigos. 'Ele estava paranóico de ciúme, inventou uma história e passou a acreditar nela', diz o empresário Júlio Pignatari, dono da boate Base e amigo de Tjurs, que freqüentava a mesma igreja evangélica. Serginho Groisman, colega de Ana Paula no SBT, onde apresenta o Programa Livre, ficou impressionado com os bilhetes do suicida. 'Nunca namoramos, somos amigos, e não a vejo há mais de três meses', diz. A família do empresário Luiz Simonsen admite que ele namorou Ana Paula em 1992, durante cerca de seis meses. 'Mas nunca mais se viram desde então', diz um parente.

A divulgação do bilhete causou comoção no viperino mundo das passarelas, onde Ana Paula, estrela com cachê que chega a 50 000 reais por comercial e a 10 000 por foto publicitária, ainda tem fama de menininha mimada. Num ambiente em que não é estranho trocar de namorado uma vez por semana, ela destoava pela timidez e discrição. Até o ano passado ainda era acompanhada em todo e qualquer compromisso por sua mãe, Claudete. Sai pouco e não usa roupas provocantes. Entre discos de Pink Floyd e U2, ouve muita música clássica - sua ópera preferida é La Bohème, de Puccini. Seu perfil parecia casar maravilhosamente com o do introspectivo Luiz, um rapaz tímido que não gostava de badalar e preferia ficar em casa dedilhando seu piano de cauda. Em 1989, como vocalista do grupo Loui, ele chegou a lançar um disco independente, chamado Sombras e Virtudes. Vendeu menos de 1 000 cópias.

Luiz Tjurs era o herdeiro de uma família marcada pela tragédia. Seu bisavô, um imigrante russo, morreu louco, internado num manicômio. Sua avó também terminou os dias em um hospício. Em menos de um século, a família foi da pobreza à fortuna e à bancarrota com a rede de hotéis Horsa, que na década de 60 chegou a ser a maior do país, mas em 1993 abriu falência com um passivo de 25 milhões de dólares. Para Luiz Tjurs, restou um apartamento reformado que ocupa um quinto da cobertura dúplex que pertencera a seu pai. Além de uma revendedora de carros importados, ele tinha uma produtora de vídeo.

Amigos e parentes dedicaram os últimos dias a recordar os 'recados' do suicida, acreditando que sua morte poderia ter sido evitada - uma tortura que, além de desnecessária, é inútil. Ana Paula, ainda chocada com a visão do namorado morto, passou dois dias sedada. Ao acordar, delirava pedindo para experimentar o vestido de noiva. Obrigada por lei a prestar depoimento no inquérito que investiga as circunstâncias do suicídio, fez declarações com o olhar perdido e o rosto inchado de tanto chorar. Nilton Travesso, diretor do núcleo de dramaturgia do SBT, foi visitá-la e combinou com sua mãe que Ana Paula voltaria a trabalhar ainda nesta semana.


Ana Paula Arósio

Novembro 11, 2006

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Foto: Ana Paula Arósio por Nana Moraes
(in Estilo de Vida – edição de Novembro de 2006) *

Essa Morena entende-me. Em 1996, também viu o amor suicidar-se à sua frente com um tiro na cabeça. Era juiz. Chamava-se Luiz Tjurs. Recentemente, pela primeira vez, deu declarações a respeito. Uma frase só, dita à jornalista Monica Bérgamo, colunista do jornal Folha de S.Paulo. Uma frase só onde porém deixa dito tudo: «Eu lambia o chão por ele!» Eh!… Quando é assim, assistir de frente ao suicídio do amor traumatiza. «Isso vai me afetar pelo resto da vida, como tudo o que vivi, para o bem e para o mal», a franqueza escancarada de Arosio a causar-me comoção próxima. Porque, sim, é penoso assumir traumas: quaisquer que eles sejam. Os do amor, incluídos. São poucos, todavia, os que, como Arósio, se mantém firmes, avessos a antídotos e outros alucinógeneos que anestesiem o passado nas veias: «Nunca esqueci o que aconteceu. Nem devo. Se passei por isso, é porque tinha que aprender alguma coisa.» Esquecimentos e memória à parte, acontece que de 1996 para cá o tempo passou, quer se queira, quer não queira. No entretanto, mesmo leituras descompassadas como as minhas pelas páginas da especialidade, sabem que Arósio foi inúmeras vezes assunto por trocar frequentemente de namorado/a. Suicidado o amor, fez bem. Fez o que lhe restava de direito. Teve o seu luto: a mais nao era obrigada. Porque, infelizmente, depois do suicídio, o tempo continua a contar para os que foram abandonados vivos. «Acho que o tempo fez com que eu pudesse olhar para o que aconteceu com mais maturidade e objetividade. Por enfrentar e mais bem entender o meu papel nessa história, deixei de ser tão passional ou emocional em relação a isso», ela diz. Para quem não entende, se é que importa que entenda ou não. Suicidado o amor, é como Arosio diz: «deixei também de me defender de relacionamentos, como fazia.» Antes de entender, é claro: o suicídio e o seu papel nessa história. Antes do tempo mostrar que não resta revertério, nem consolo, para o irremediável: o suicídio do amor bem à sua frente, esse traumático instante presenciado de que, imagino, teria dispensado ser testemunha.

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Preste atenção:

aspas_azuis2.jpg Hoje sei mais o que gosto e o que não gosto. Por isso vou embora logo quando vejo que algo não dará certo. Antes eu nem via.

aspas_azuis2.jpg A paixão é uma droga que não me convém. É só fazer as contas de quantas vezes eu me apaixonei, e em quantas me dei mal. Em todas.

aspas_azuis2.jpg Todo o mundo precisa de pouco para ser feliz. As pessoas que acham precisar de muito na verdade não sabem do que precisam.

… Grande, ‘sister’!

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* ensaio fotografado no quarto da casa de Ana Paula, em Vargem Grande, Rio de Janeiro


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