Plantão | Publicada em 29/09/2009 às 18h03m
BBC O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta terça-feira, em Brasília, que o Itamaraty pediu ao presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, que ajude a diminuir o número de hóspedes que estão na embaixada brasileira, em Tegucigalpa.
"Exortamos o presidente Zelaya e sua esposa para que esse número seja reduzido", disse Amorim durante audiência pública no Senado.
Segundo ele, "houve um certo estacionamento" no número de visitantes em aproximadamente 60 pessoas.
Amorim lembrou que a casa chegou a ter 300 pessoas e que o grupo vem se reduzindo aos poucos. "Me garantiram que o número será reduzido ainda mais", disse o ministro.
O chanceler brasileiro disse ainda que esse trabalho "não é simples" e que é preciso compreender o aspecto "emocional" que envolveu a entrada dessas pessoas na representação brasileira.
Exageros
As autoridades brasileiras temem pela segurança das pessoas que estão na representação diplomática e também querem evitar que a embaixada possa ser usada por eles como base para um movimento político.
De acordo com Amorim, o grupo é composto por jornalistas, parentes e correligionários do presidente deposto.
Os senadores questionaram o fato de o presidente deposto estar usando a embaixada brasileira para incitar movimentos a seu favor, o que seria proibido.
Amorim voltou a ressaltar o pedido, feito a Zelaya, de que o presidente deposto "evite exageros".
"Pedi a ele, inclusive, que não usasse mais a expressão 'pátria, restituição ou morte'. Morte é tudo que não queremos. Ele acatou", disse o ministro.
"Temos buscado conter o presidente Zelaya, no sentido de prevenir exageros", acrescentou.
Status
Apesar de questionado pelos senadores, Amorim não quis comentar o status do presidente Zelaya.
No domingo, o governo interino de Honduras deu um prazo de dez dias para que o Brasil defina qual é o status político de Zelaya, caso contrário, ameaçou não reconhecer mais a embaixada como uma instituição diplomática.
Alguns senadores criticaram o fato de o termo "hóspede" não ser aceito no âmbito da diplomacia internacional.
"Estamos vivendo uma situação sui generis, inclusive no direito internacional. Nunca um golpe de estado foi rechaçado com tanta unanimidade", disse o ministro.
Washington
Também nesta terça-feira, um porta-voz do Departamento de Estado americano, Philip J. Crowley, negou que tenha havido alguma mudança na postura americana em relação a Honduras.
Crowley respondia a uma jornalista, durante uma entrevista coletiva, que indagou se as declarações feitas pelo embaixador dos Estados Unidos na OEA, Lewis Anselem, de que o regresso de Manuel Zelaya a Honduras foi ''irresponsável e insensato'' representariam uma guinada por parte dos americanos.
''Em absoluto, nós temos dito isto ao longo deste processo. Que todas as partes precisam agir de forma construtiva e evitar declarações provocativas ou que incitem à violência ou inibam a resolução desta situação'', disse Crowley.
O porta-voz do Departamento de Estado procurou atenuar as declarações do embaixador americano, que havia acrescentado ainda que Zelaya precisava parar de agir como um "astro de cinema'' e a se portar mais como um ''líder''.
''Acredito que o nosso representante apenas se referiu a declarações feitas pelo presidente Zelaya e por seus correligionários, de que é preciso agir de forma mais construtiva.'' *Colaborou Bruno Garcez, da BBC Brasil em Washington
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