Igreja no centro de SP faz missa à noite com portas fechadas
Plantão | Publicada em 22/02/2009 às 10h30m
Cinthia Rodrigues, Diário de S. PauloSÃO PAULO - Toda terça-feira, às 20h, um grupo de orações lota a Igreja de Santa Cecília, no centro de São Paulo, para cantar e rezar. Uma vez por mês, um padre convidado celebra missa neste horário. Os fiéis entram por uma porta secundária, na lateral. À noite, a entrada principal é fechada com uma corrente e trancada com um cadeado. A barreira é colocada para impedir a entrada de pedintes, moradores de rua e assaltantes. Os responsáveis pelo templo dizem que eles incomodam os frequentadores, pedem dinheiro e xingam.
A coordenadora do grupo de orações, Maria Helena Soriano, conta que, mesmo com o fechamento do principal acesso, muitos intrusos ainda entram.
- Fica mais fácil o controle, mas é comum alguém chegar bêbado e bagunçar - diz.
O cônego Alfredo Nascimento Lima, que está no local há 21 anos, diz que até uma escada de dez metros já foi roubada. Em outra ocasião, um jovem drogado ficou trancado do lado de dentro e, quando acordou, quebrou vitrais e uma imagem do Sagrado Coração.
- Além disso, tinha casal que namorava na escadaria, não tinha outro jeito.
A Igreja de Santa Cecília, inaugurada em 1901, tem pinturas de Benedito Calixto e Oscar Pereira da Silva e homenageia a padroeira dos músicos. As maiores relíquias são peças de Santa Donata, doadas pelo papa Pio X à paróquia quando ele decretou que São Paulo passaria a arquidiocese. Muitos católicos fazem visitas ao local apenas para rezar diante do altar da urna de mármore e vidro dedicada à santa.
Para Maria Helena, a importância do patrimônio justifica o portão fechado.
- Acho que, se é pela segurança da igreja e até das pessoas, melhor deixar trancado mesmo - afirma Maria Helena.
Os frequentadores estão acostumados com o obstáculo e entram pela porta lateral sem reclamar. Quem passa pela frente, no entanto, estranha a cena das fileiras lotadas, com várias pessoas cantando de dentro do portão trancado.
- Nunca vi igreja fechada com a missa acontecendo - afirma a faxineira Bernardina de Campos, de 38 anos, que começou a trabalhar no bairro esse mês.
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