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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

MP abre inquérito contra chefe-de-gabinete de Lula


Objetivo é apurar vazamento de informações da Satiagraha

Folha
A procuradora da República Ana Carolina Roman, lotada em Brasília, abriu um inquérito civil para investigar Gilberto Carvalho, o chefe-de-gabinete de Lula.

Deve-se a novidade ao repórter Ricardo Brito (só assinantes do Correio).

A investigação visa apurar a suspeita de que Carvalho teria vazado dados sigilosos da Abin, relacionados à Operação Satiagraha.

Uma suspeita que nasceu de um grampo telefônico feito pela Polícia Federal em aparelho usado pelo ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP).

A serviço de Daniel Dantas, principal investigado da Satiagraha, Greenhalgh telefonara para o auxiliar de Lula em 28 de maio de 2008.

Queria saber se um agente da Abin, de codinome Marcos, fora acionado para seguir os passos de um cliente dele.

Greenhalgh não disse o nome do cliente. Mas tratava-se de Humberto Braz, um preposto de Daniel Dantas. Que, dois meses depois, seria pilhado numa tentativa de suborno de delegado da PF. Coisa de R$ 1 milhão.

Greenhalgh e Carvalho travaram o seguinte diálogo, captado pela escuta da PF:

Gilberto: Luiz?

Greenhalgh: Oi..

Gilberto: O general [Jorge Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional] me deu o retorno agora... É o seguinte: não há nenhuma pessoa designada na Presidência... na Abin...com esse nome, a placa do carro não existe é fria, tá? Eles aqui acham que a única alternativa é que tenha sido caso de falsificarem documento... eles não consideram possível que seja da Abin, eu não falei com o Luiz Fernando [diretor-geral da PF] ainda, mas não tem jeito... a polícia federal não usa a PM, eles não se misturam de jeito nenhum, tá? Então, eu acho que o mais provável é que o cara tava armando mesmo alguma coisa... Mas com documento falso que também, no Rio, é muito comum, porque daqui não tem, eu pedi, insisti, fiz com o máximo cuidado tal.

Greenhalgh: Deixa eu te falar uma coisa. Tá ouvindo o grito da menina?

Gilberto: O grito da vida.

Greenhalgh: Isso é o grito da vida realmente, linda, mas deixa eu te falar: seria bom dar um toque no Luiz Fernando também hein!

Gilberto: Eu vou dá, eu vou dá, amanhã cedo eu tenho que falar com ele vou levantar isso dai também.

Greenhalgh: Tem um delegado chamado Protógenes Queiroz [à época responsável pela Satiagraha] que parece que é um cara meio descontrolado.

Gilberto: Ele tá onde, o Protogenes, agora?

Greenhalgh: Aí, tá aí em Brasília.

Gilberto: Ah aqui em Brasília.

Greenhalgh: É o que saiu na Folha na matéria da Andréa Michael [refere-se a notícia que antecipara detalhes da Satiagraha, inclusive o pedido de prisão de Daniel Dantas]. Mas eu tô indo amanhã pra reunião do diretório [do PT].

Gilberto: Eu te vejo lá, eu tô indo no diretório também.

Greenhalgh: Legal...

(...)

Gilberto: Tá. Eu vejo você lá.

Greenhalgh: Grande abraço.

Gilberto: Valeu Luiz...

Greenhalgh: Obrigado.

O inquérito do Ministério Público foi aberto há uma semana. É conseqüência de uma representação formulada pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).

Na petição, Sampaio pediu o afastamento liminar [antes do julgamento do mérito da causa] de Gilberto Carvalho.

O deputado alega que, ao repassar para Greenhalgh informações relacionadas à Abin, Carvalho teria incorrido em “improbidade administrativa”.

A procuradora ainda não deliberou sobre o pedido de afastamento do auxiliar de Lula. Por ora, apenas abriu o inquérito.

Ouvido, Carvalho disse que está pronto a fornecer ao Ministério Público todos os esclarecimentos que forem necessários.

Na época em que o conteúdo da PF viera à luz, ele já havia emitido uma nota de esclarecimento.

Em 3 de novembro, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República analisara a conduta de Carvalho. A conclusão foi a de que o chefe-de-gabinete de Lula não incorrera em “desvios éticos”.

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