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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A ética do café-com-leite


Seg, 20/10/08
por gmfiuza |

Dentre as inovações trazidas pela doutrina petista à vida brasileira, destaca-se a estabilidade ideológica. É uma espécie de imunidade diplomática para o sujeito fazer e dizer as barbaridades que quiser, sem perder suas credenciais de defensor do povo.

Marta Suplicy finalmente declarou que não devia ter insinuado que Gilberto Kassab é gay. Ela disse num debate na TV que isso foi um erro da sua campanha.

O curioso é que uma semana antes, a mesma Marta tinha declarado que era “um direito do eleitor” ter informações sobre o status conjugal e a condição de macho reprodutor do prefeito de São Paulo. Agora a candidata lamenta o constrangimento que aquela propaganda “maliciosa” causou.

A ex-prefeita concedeu a si mesma uma espécie de habeas corpus moral: já que pegou mal, não está mais aqui quem falou. Brincadeirinha, gente. Relaxa e goza.

A defesa mais estóica do princípio da estabilidade ideológica foi feita por Lula. Marta é vítima do preconceito da elite, disse o presidente. Foi tudo uma trama contra a candidata petista, porque a defensora das minorias homossexuais é ela – está escrito no crachá.

Delúbio também se sentia protegido por essa tal estabilidade ideológica. Como ele tinha o crachá de defensor do povo, acreditava mesmo que aquela implicância toda com um dinheirinho “não contabilizado” só podia ser conspiração da direita.

Talvez seja melhor deixar combinado assim: Marta Suplicy é café-com-leite. O que ela diz não importa, nem o que ela desdiz. Doravante, só vale o que ela pensa que é. Aí, finalmente, a coerência estará garantida.

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