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sexta-feira, 11 de julho de 2008

O mocinho virou bandido

Divulgação, TV Globo

Murilo Benício não tem vergonha de dizer que seus melhores papéis na TV chegaram a partir de seus próprios pedidos. O ator, que interpreta o malandro Dodi em A Favorita, na Globo, substituiu Fábio Assunção na trama de João Emanuel Carneiro depois de ter recusado um outro papel no folhetim. Isso porque, inicialmente, a idéia do autor era aproveitar o embalo dos últimos papéis do ator, todos voltados para a comédia.

A emissora entendeu que já estava na hora de mudar essa imagem. As pessoas já estavam achando que eu era o Zacarias. Estava vendo a hora de ser chamado para trabalhar com o Didi – brinca Murilo, com muito bom-humor.

O ator chegou a imaginar que poderia não ser chamado para o papel, já que tem cerca de cinco centímetros a menos que a atriz Cláudia Raia, com quem faz par romântico.

Resolvemos isso com o uso de salto nos meus sapatos – revela ele.

Murilo não teve muitas dificuldades na hora de encontrar o tom de sua nova empreitada. Ele conta que vai fazer 37 anos no próximo domingo, e o personagem Dodi não tem muito mais que 40. Veja a seguir, trechos de sua entrevista.

Você recebeu um convite para fazer A Favorita, recusou e depois pediu para interpretar o Dodi. Por quê?
Murilo Benício – O João Emanuel Carneiro tinha me chamado para fazer um personagem mais voltado para a comédia. Não quero dizer que dessa água não beberei mais, só que a minha imagem já está começando a se desgastar nesses tipos cômicos. Passei um tempo fazendo papéis bem dramáticos, como Por Amor, Meu Bem Querer, O Clone, e decidi mudar. Fiz Chocolate com Pimenta, Pé na Jaca, o filme Seus Problemas Acabaram, dos Cassetas, enfim, acho que já estava na hora de dar um tempo de comédia. Mas a sinopse dessa novela me chamou tanto a atenção que fiquei com vontade de entrar no elenco.

Por que você se interessou tanto pela história?
Murilo –
A vida hoje é feita de marketing. A pessoa que está no poder nem sempre é a mais competente, mas com certeza a que soube passar mais credibilidade. O marketing já venceu a competência. É essa a atmosfera da novela, essa incógnita de quem vai se vender melhor. Essa dúvida é o que a história do João Emanuel tem de mais interessante.

Essa dúvida atrapalha na construção do personagem?
Murilo –
Não atrapalhou não. Eu enxergo o Dodi como um personagem até óbvio demais para o conjunto da obra. Interpreto um cara que não deixa dúvidas sobre o seu desvio de caráter. Ele é vilão e isso não vai mudar. É um cara sem berço e que só venceu na vida porque foi esperto e malandro. E, é claro, soube trabalhar seu próprio marketing.

Você se inspirou em algum outro personagem?
Murilo –
Sempre que pego um papel para estudar e criar, eu corro para o meu arquivo de filmes. No caso do Dodi, minha maior inspiração foi o Tony Montana, personagem do Al Pacino no filme Scarface. O Dodi ganhou um ar bronco, meio grosseirão.

Quais foram os principais elementos que o ajudaram a definir o estilo Dodi?
Murilo –
O melhor jeito de compor um personagem é experimentar o figurino. No caso do Dodi, uso ternos com camisas abertas até o peito, com um cordão de ouro. Acho que esses elementos são cruciais para o ator entender como ele deve se comportar. Tem ainda a barba comprida e fios grisalhos do cabelo.

A mudança do tom da voz é um dos recursos que você usa nos personagens. Não tem medo de errar ou receber críticas?
Murilo –
Não. Acho fundamental colocar ingredientes diferentes em cada trabalho. Claro que essa é uma forma de abrir o campo do erro, mas a gente tem de experimentar para poder acertar. O artista tem a obrigação de inovar para não se tornar cansativo. E, muitas vezes, é no erro que a gente anda para frente. Não tenho a pretensão de me tornar a maior estrela da Globo, mas de me aperfeiçoar e estar sempre crescendo como ator.

Essa é a segunda vez que você se oferece para fazer um papel cuja opção inicial era Fábio Assunção. Isso não incomoda você?
Murilo –
É mais gostoso quando alguém escreve um papel para você, mas minha vaidade não chega a esse ponto. Sempre fui segunda ou até terceira opção. Sou ator contratado da emissora e tenho de tentar direcionar minha carreira de algum jeito. Em novelas, fui vilão em Irmãos Coragem e Esplendor, depois nunca mais. Então, quando soube que estavam procurando outro ator, liguei e disse que estava disponível.

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