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sábado, 26 de julho de 2008

MST faz ações contra criminalização dos movimentos sociais e invade fazenda do grupo de Daniel Dantas


Publicada em 25/07/2008 às 22h26m

O Globo Online; Globonews TV; Henrique Gomes Batista - O Globo; TV Liberal

BRASÍLIA E RIO - Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram nesta sexta-feira a fazenda Maria Bonita, no município de Eldorado dos Carajás, que pertenceria à Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, que por sua vez pertence ao grupo Opportunity, controlado pelo banqueiro Daniel Dantas, investigado pela Polícia Federal na Operação Satiagraha por corrupção e lavagem de dinheiro. Dantas chegou a ser preso duas vezes e solto beneficiado por habeas corpus do Supremo Tribunal Federal. A assessoria de imprensa do Opportunity afirma que o grupo é apenas um dos investidores da fazenda. Segundo o movimento, participariam da ocupação cerca de 1,2 mil manifestantes, incluindo mulheres e crianças.

" Precisamos dar um basta contra Daniel Dantas, que está invadindo todas as terras, e comprando as propriedades com dinheiro sujo "

A invasão da propriedade é parte da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária, no Dia do Trabalhador Rural, para protestar contra o que chamam de lentidão no processo de criação de assentamentos e ao modelo do agronegócio. As ações condenam também a criminalização dos movimentos sociais, especialmente no Rio Grande do Sul e no Pará. (Você concorda com a criminalização do MST?)

Em nota, grupo de Dantas repudia ocupação

O protesto também é contra o que o MST chama de concentração de terras nas mãos de Dantas. O MST afirma que a fazenda Maria Bonita é pública e foi comprada ilegalmente em 2005 pela empresa do grupo de Dantas. Segundo o MST, o Instituto de Terras do Pará (Iterpa), atesta que a área pertence ao estado e, por isso, sua venda é proibida. Em nota, a diretoria da Agropecuária Santa Bárbara repudiou a invasão e afirma que a compra foi legal. Segundo o cumunicado, a fazenda é a mais produtiva do estado e "não é passível de desapropriação". Leia a íntegra da nota.

Segundo Raimundo, do MST, que não divulga o nome completo para evitar problemas com autoridades, esta será uma ocupação permanente. Ele disse acreditar que, em até 20 dias, cerca de 3.000 famílias estarão no local. O grupo escolheu a fazenda justamente por ser uma propriedade de Dantas próxima do local do massacre de Eldorado do Carajás, que, em 17 de abril de 1996, deixou 19 membros do movimento mortos.

- Precisamos dar um basta contra Daniel Dantas, que está invadindo todas as terras, e comprando as propriedades com dinheiro sujo - afirmou Raimundo.

O coordenador do MST Charles Trocate disse que o movimento pretende fazer um acampamento permanente.

- Escolhemos o dia de hoje para fazer uma manifestação contra a corrupção deste grupo na região - disse Trocate. - Posteriormente, em audiência, queremos pedir que o terreno seja desapropriado - explicou.

Ainda segundo ele, aproximadamente dez pessoas ligadas à gerência da fazenda estão no local. A Polícia Militar esteve lá e afirmou que a reintegração de posse só pode ser realizada com mandado judicial.

Em Fortaleza, os manifestantes saíram em marcha no princípio da manhã desta sexta-feira da sede do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), onde estão acampados desde o início da semana. Outro grupo partiu do campus da Universidade Federal do Ceará (UFC). Em Recife, os manifestantes saíram da sede do Incra em direção ao Ministério Público Federal (MPF) em caminhada.

Líderes ligados ao MST e ao MTM são multados em R$ 5,2 milhões

Na quinta-feira, a Justiça Federal de Marabá, no Pará, multou três líderes sem-terra em R$ 5,2 milhões por terem participado de manifestações que interditou a Estrada de Ferro de Carajás (PA), que pertence à Vale, em abril. Luís Salomé de França, Erival Carvalho Martins e Raimundo Benigno Moreira fizeram parte dos protestos organizados pelo Movimento dos Trabalhadores da Mineração (MTM) e MST na série de manifestações do chamado "Abril Vermelho". Eles têm 15 dias para pagar a multa, que foi calculada com base no descumprimento da ordem judicial que proibia os sem-terra de invadir a ferrovia. O MST vai recorrer da decisão.

( Opinião: No blog Traduzindo o Juridiquês, "Devo, não nego, não pago" )

Além da multa determinada pelo juiz Carlos Henrique Bolirdo Haddad, os três líderes estão proibidos de voltarem a praticar qualquer ato que implique ameaças ao livre trânsito na ferrovia. Em caso de desobediência, eles ficarão sujeitos ao pagamento de multa diária no valor individual de R$ 3 mil.

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