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sexta-feira, 26 de março de 2010

Serra reclama da cobertura da imprensa em SP. E faz muito bem!


sexta-feira, 26 de março de 2010 | 5:47

No Estadão Online. Comento em seguida:

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, governador José Serra (SP), reclamou hoje do tratamento dado pela imprensa a ações de seu governo em São Paulo. Em discurso na inauguração de uma unidade de radioterapia no Instituto do Câncer, na capital paulista, o tucano acusou os jornais paulistas de serem levianos ao noticiar algumas inaugurações de obras. A uma plateia de cerca de 150 médicos e enfermeiros, o tucano queixou-se de que iniciativas do governo estadual ficam “clandestinas na imprensa”.
Segundo o governador, a imprensa ignorou uma pesquisa da Secretaria da Saúde que dá nota 8,65 ao atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) em São Paulo e também a inauguração de um Ambulatório Médico de Especialidade (AME) em Heliópolis, na zona sul da cidade. Ao final do discurso, Serra expressou o desejo de que os jornalistas de veículos online noticiassem sua “alegria” em participar da cerimônia.
“Os serviços online de grandes jornais ontem comeram barriga. Disseram que eu fui inaugurar um centro de saúde inacabado. Eu fui inaugurar um centro de atenção integrado à saúde mental pronto para funcionar”, disse o governador, referindo-se à unidade entregue ontem em Franco da Rocha. “Isso se chama leviandade. Nenhum grande jornal de São Paulo escapa disso”, criticou.

Check-up
Apesar do tom das queixas, o presidenciável mostrou-se bem disposto e disse que fará um check-up antes das eleições de outubro. “Vou fazer um check-up, sim. Eu sempre faço antes de qualquer campanha eleitoral para ver o estado das artes”, afirmou. Ele garantiu que está “muito bem” de saúde. “Vocês vão escrever sobre isso e os inimigos vão começar a dizer que eu estou doente”, disse aos jornalistas.
O governador afirmou que já agendou no Instituto do Câncer uma tomografia completa, em um equipamento entregue hoje, capaz de detectar tumores. “O exame esquadrinha cada milímetro do corpo. Se você tiver qualquer tumor, aparece”, disse. “Eu já fiz, mas não deu nada. Já que tem um mais avançado, não custa.”

Comento
Antes que os petralhas se assanhem, faço eu mesmo a pergunta que eles fariam, óbvia e, para variar, errada: “Quer dizer que Lula critica a imprensa, e você diz que ele é autoritário, mas Serra critica e você diz que ele está certo?”

Respondo: “Isso mesmo! Lula é autoritário ao reclamar, e Serra está certo”.

Em primeiro lugar, Serra nunca pertenceu a um grupo ou a um governo que tenham tentado criar mecanismos de censura à imprensa, à diferença de Lula, cujo governo financia iniciativas desse tipo, a exemplo das conferências de comunicação, cultura e do Programa Nacional-Socialista dos Direitos Humanos.

Em segundo lugar, e não menos importante, a imprensa brasileira trata Lula a pão-de-ló, como provou o farto noticiário do inexistente PAC 1 e provará o não menos farto do igualmente inexistente PAC 2. Fala-se dessas coisas, por exemplo, no dia-a-dia, sem qualquer sombra de ironia ou desconfiança, como se existissem.

Em terceiro lugar, o noticiário de ontem estava mesmo estupidamente errado. Mas não só isso: durante um bom tempo, os serviços online mantiveram no ar textos que sugeriram que os PMs, em Franco da Rocha, partiram como bestas contra pobres professores desprotegidos. Aconteceu o contrário. Os soldados foram agredidos.

Em quarto lugar, nunca antes na história destepaiz um governante foi tão massacrado por conta das chuvas — como se um volume inédito de água em 70 anos não tivesse o condão de provocar, também, problemas inéditos.

Em quinto lugar, sindicalistas a serviço de um partido político, que mal disfarçam a campanha eleitoral a que se dedicam, são paparicados pelo jornalismo online, tratados como fontes confiáveis. Durante vários dias, sites e portais “informavam” que os professores de São Paulo estão sem reajuste salarial desde 2005 — o que é uma mentira estúpida. Até agora, a imprensa paulista, com as exceções de sempre, omite a real pauta de reivindicações da Apeoesp: mais importante do que o reajuste de 34%, que o sindicato sabe estupidamente irrealista, ele quer o fim do plano de carreira, dos bônus por mérito e dos limites para as faltas. É uma pauta jurássica.

Esses lugares todos não formam uma hierarquia. É preciso ver o conjunto da obra. E olhem que nem toquei no noticiário relativo à questão eleitoral propriamente, com as dezenas de vezes por dia em que a candidatura de Serra é exterminada por “analistas” antes mesmo de ser lançada. Qualquer pançudo diz uma batatada, e ela fatalmente será manchete das páginas online se for… contra Serra. Os leitores não precisam acredita em mim porque sabem ler.

É claro que endosso a sua crítica porque, como todos sabem, é também a minha. As redações, na média, são petistas. Ou é petismo propriamente dito, alinhamento claro com o partido, ou é aquele furor por “justiça social” que as faculdades de jornalismo despejam todos os anos no mercado. O rapaz e a moça acreditam firmemente que a justiça social e a igualdade são critérios morais superiores à verdade. E o PT seria o melhor veículo dessas aspirações.

Como o jornalismo online, com exceções, é uma barafunda editorial, vivendo a sua fase de marcha para o Oeste, às vezes se tem um lastimável vale-tudo. E qualquer coisa vai ao ar.

Só para encerrar: os baderneiros a serviço do PT, que disfarçam sua ação político-eleitoral com reivindicações sindicais, já sabem que o confronto com a Polícia lhes garante primeira página, a exemplo do que se viu ontem. Ora, conceder a vigaristas políticos tal privilégio é um pouco mais do que erro. É campanha eleitoral.

Sugiro que os jornalistas leiam o editorial do Estadão de ontem. Inclusive os jornalistas e editores do Estadão em São Paulo. Continua a ser uma ótima escola de jornalismo.




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