Em discursos feitos no Comitê de Assuntos Públicos Americano-Israelense (Aipac, na sigla em inglês), em Washington, os senadores Barack Obama e Hillary Clinton defenderam as relações dos EUA com Israel. Obama disse que, se eleito, fará "todo o possível" para "garantir a segurança de Israel" e "dará fim à ameaça" do Irã. Já Hillary disse que a posição dos EUA não é negociável. "E os EUA ficarão com Israel agora e sempre", afirmou.
Os discursos foram feitos um dia após Obama ter se declarado o candidato democrata para disputar a Presidência dos Estados Unidos nas eleições gerais de novembro, em que deve enfrentar o republicano John McCain. Apesar de Obama ter conseguido, segundo projeções, os 2.118 delegados necessários para obter a nomeação, Hillary não desistiu.
Charles Dharapak/AP |
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O provável candidato democrata Barack Obama durante discurso a judeus em Washington |
"Não há ameaça maior para Israel ou para a paz e a estabilidade da região [do Oriente Médio] que o Irã. A ameaça iraniana é grave, e meu objetivo como presidente será eliminá-la", disse Obama.
Nas declarações, Obama falou ainda sobre as negociações de paz no Oriente Médio. Segundo ele, os israelenses entendem que a segurança verdadeira só pode existir se houver paz.
"Por isso, faremos todos o possível para que Israel e os países da região a alcancem. A paz é do interesse nacional dos EUA, de Israel e da ANP (Autoridade Nacional Palestina). Como presidente, ajudarei na manutenção de dois Estados --um israelense e um palestino, vivendo lado a lado. Me comprometo, desde o início de minha administração, a trabalhar para isso".
"Os palestinos precisam de um Estado independente, mas é preciso também preservar o Estado de Israel. Jerusalém deve continuar sem divisões, e a ser a capital de Israel", disse Obama.
Ele disse também que é preciso isolar o grupo radical islâmico Hamas, que administra a faixa de Gaza desde junho de 2007. "Não há espaço para negociações com terroristas. Não aceitaremos [o Hamas] antes que eles reconheçam Israel e renunciem à violência", afirmou.
"Não tenho ilusões de que a paz será fácil, ela precisará de decisões fortes de ambos os lados. Mas palestinos e israelenses querem a paz, e os EUA devem ajudar neste processo, para deter o vácuo causado pela violência na região", disse ainda Obama.
Nas declarações, Obama criticou o provável candidato republicano, John McCain, pela política que defende para a Guerra do Iraque. "Precisamos mudar a nossa política para a região. Em 2002, já sabíamos que o Irã era uma ameaça para Israel, que tinha armas nucleares, mas ignoramos essa ameaça. Esse foi o principal motivo pelo qual fui contra a invasão do Iraque, porque acreditava que isso daria força para o extremismo na região", afirmou o democrata.
Hillary
Já Hillary, ao discursar, afirmou que a relação entre os EUA e Israel será mantida caso o próximo presidente seja democrata. "E sei que [Barack] Obama sabe o que é isso, sei que ele será um bom amigo para Israel", afirmou.
Charles Dharapak/AP |
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Hillary discursa no Comitê de Assuntos Públicos Americano-Israelense |
Hillary também elogiou Obama, e afirmou possuir os mesmas visões que o senador. "Eu sei que Obama compartilha meus pontos de vista e o próximo presidente precisa dizer ao mundo que sua posição não é negociável. E os EUA ficarão com Israel agora e sempre".
A senadora criticou o governo do presidente George W. Bush e afirmou que o provável candidato republicano à Casa Branca, John McCain, continuaria com as mesmas "políticas erradas" da atual administração, que "fazem do Oriente Médio um lugar mais perigoso".
"Deixem-me ressaltar que nós precisamos de um democrata na Casa Branca no próximo ano porque os desafios do século 21 não são somente de Israel, mas da América também. (...) O presidente Bush nos moveu na direção errada e McCain continuará a fazer do Oriente Médio um local mais perigoso com as mesmas políticas erradas para o Iraque".
"A campanha de terrorismo do Hamas tem tirado a vida de milhares de inocentes, sem nenhuma indicação de paz. Até que o Hamas renuncie às armas e reconheça Israel, negociar com eles é inaceitável para os EUA", afirmou ela.
Mantendo a mesma linha de discurso de Obama, Hillary também condenou o Irã. Segundo a senadora, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad "arma o Hamas e o terrorismo do Hizbollah [grupo extremista islâmico libanês] para destruir Israel". Ela ameaçou o país dizendo que "se o Irã utilizar armas nucleares contra Israel, deve saber quais serão as conseqüências".
Cenário
Nesta quarta-feira, Obama se volta para a tarefa de tentar unificar o partido para uma disputa de cinco meses com McCain. Ontem à noite, durante o discurso, Obama fez vários elogios a Hillary e disse que ela será "central" na vitória democrata. "Nosso partido e nosso país estão muito melhor por causa dela, e eu sou um candidato melhor por ter tido a honra de competir com Hillary Rodham Clinton."
03.jun.2008/Efe/AP |
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Montagem mostra os democratas Hillary Clinton e Barack Obama após as votações nos Estados de Montana e Dakota do Sul |
De acordo com projeção da rede de TV CNN, Obama ultrapassou a marca mínima necessária de 2.118 delegados que precisava para garantir a nomeação do Partido Democrata na convenção que será realizada em agosto.
A emissora chegou ao número somando os delegados eleitos comprometidos com o senador e os superdelegados que anunciaram o endosso. No entanto, o apoio dos superdelegados somente será oficializado durante a Convenção Nacional Democrata, em agosto.
Até o momento, segundo a CNN, Obama possui o apoio oficial de 1.763 delegados eleitos, contra 1.640 da rival Hillary Clinton. Na soma de delegados e superdelegados, Obama tem 2.158 e Hillary, 1.926.
Os cinco meses de prévias democratas terminaram ontem com votações nos Estados de Montana e Dakota do Sul, os últimos a realizarem as primárias e que colocavam em jogo 31 delegados. Obama venceu em Montana, e Hillary ganhou em Dakota do Sul.
Apesar de Obama se declarar o candidato democrata, Hillary não concedeu a derrota e disse que consultaria os líderes do partido e apoiadores para determinar qual seria seu próximo passo. No discurso desta quarta-feira, Hillary não deu nenhum sinal de que decisão poderia tomar.
"Eu estou comprometida com a união do nosso partido para que possamos nos mover adiante mais fortes e mais prontos que nunca para tomar de volta a Casa Branca em novembro", disse Hillary. Apesar das afirmações, ela não fez nenhuma proposta a Obama.
Com agências de notícias
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