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O recurso à Justiça internacional, antes de 15 de dezembro, poderia significar que o país não pagará a próxima parcela dos seus títulos Global, que vencem nessa data.
"A decisão (de pagar a parcela) a toma o presidente, mas se trabalhou um caso concreto de apresentar (a ação) antes de 15 de dezembro", disse o ministro equatoriano da Política, Ricardo Patiño, que acompanha o presidente Rafael Correa à cúpula da Alba em Caracas.
"Claro que é possível", disse Patiño, também presidente da comissão que auditou a dívida, ao ser questionado sobre o não-pagamento da próxima parcela.
É a primeira declaração mais incisiva do Equador desde a divulgação do resultado da auditoria, na semana passada, que qualificou como ilegal e ilegítima a maioria da dívida externa, inclusive créditos bilaterais e multilaterais.
No próximo dia 15, vence uma parcela de 30,6 milhões de dólares do título Global 2012, e outra de 30,4 milhões de dólares do Global 2015.
A ameaça de ir à Justiça internacional desperta nos mercados o temor de que o Equador repita a moratória declarada em 1999.
"Frente à clamorosa ilegalidade, ilegitimidade desta dívida, estamos analisando os mecanismos para não pagar, ir a uma luta jurídica, ir aos tribunais internacionais", disse Correa em Caracas durante a cúpula da Alba, entidade integrada por Bolívia, Cuba, Nicarágua e Venezuela -- todos países com governos esquerdistas, a exemplo do Equador, que participa como convidado.
Correa afirmou que o Equador já está se ressentindo dos resultados da auditoria, por causa de um atraso na liberação de verbas solicitadas pelo país ao Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Quito pleiteia mais de 1 bilhão de dólares para projetos de infra-estrutura e ajuda emergencial ao setor produtivo. Diante das restrições, e dizendo-se ameaçado e pressionado por setores não-especificados, Correa pediu apoio da América Latina.
Chávez, seu amigo e aliado, disse que o seu país e a Bolívia também realizarão uma auditoria em suas dívidas externas.
"Cada país tomará sua própria decisão. Neste momento, não quero antecipar nada. É uma recomendação do governo venezuelano, da qual tomamos nota para avaliá-la agora com mais calma", afirmou.
A Venezuela deve criar uma comissão para auditar a dívida, mas segundo o ministro de Finanças, Ali Rodríguez, não existe em princípio indícios de ilegitimidade na dívida externa nacional.
(Por Fabián Andrés Cambero e Alexandra Valencia)