Luiz Antônio Barreto de Castro falou a parlamentares no Congresso.
Segundo ele, não houve recursos para projeto de sistema de radares.
exposição no Congresso (Foto: José Cruz / Agência
Senado)
O secretário demissionário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia, Luiz Antônio Barreto de Castro, afirmou nesta quinta-feira (20) que há cerca de dois anos foi montado pelo órgão o protótipo de um sistema de radares para monitorar e alertar sobre tragédias como a que atingiu o Rio. Os mortos em decorrência das chuvas já ultrapassam 750, na que é considerada a maior catástrofe natural do país.
“O Rio de Janeiro sabia que a chuva ia acontecer. O radar disse que ia acontecer, mas não tinha um sistema, e o radar ficou com aquilo [a informação] na mão, que não foi pra lugar nenhum”, disse o secretário.
Segundo ele, o protótipo exigia um investimento inicial de R$ 36 milhões que evitaria as mortes ocorridas na Região Serrana do estado. “Se gastarmos R$ 36 milhões ao longo deste ano, no ano que vem não morre ninguém. Não é uma coisa mágica. A pessoa fica olhando os radares, vê a quantidade de chuva que está caindo e fala para a Defesa Civil: ‘tira as pessoas de lá’”, disse.
Barreto de Castro participou nesta quinta da reunião da comissão representativa do Congresso, convocada para debater a medida provisória que liberou R$ 780 milhões para as vítimas das chuvas na região Sudeste.
A comissão é formada por 25 parlamentares (17 deputados e 8 senadores) que podem ser convocados durante o recesso parlamentar para debater assuntos urgentes.
A assessoria de imprensa do Ministério da Ciência e Tecnologia informou que Barreto de Castro não representava o ministério na reunião. Ele foi convidado pelo Congresso na condição de especialista em prevenção de tragédias. O secretário foi demitido no processo de troca de comando do ministério, mas ainda não deixou o cargo. A assessoria informou que o ministério não comentaria as declarações do secretário.
PAC
Para Barreto de Castro, o projeto de criação de um sistema de radares, com estimativa de custo total de R$ 115 milhões poderia ter saído do papel.
Segundo ele, fracassaram as tentativas de incluí-lo nas duas versões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
“No PAC 1, não sei dizer por que não entrou. Mas, no PAC 2, o Ministério do Planejamento disse que não ia entrar mais nenhum ministério no programa”, declarou.
Na reunião, deputados e senadores aprovaram a recomendação de criação de uma comissão permanente especial para discutir soluções de prevenção de catástrofes climáticas.
Os parlamentares aprovaram ainda uma moção de solidariedade à população do Rio de Janeiro e de outros estados afetados pelo excesso de chuvas. No texto, o Congresso se compromete ainda a acelerar a votação de medidas emergenciais para amenizar os efeitos da tragédia e para reconstruir as cidades.
Rio de Janeiro
A presidente do Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea), Marilene Ramos, afirmou que o estado do Rio de Janeiro não possui um radar próprio. De acordo com o , o órgão envia os alertas com base nas informações fornecidas pelos radares do Instituto Nacional de Pesquisas (Inpe) e da Aeronáutica.
No entanto, ela diz que, um dia antes da tragédia na Região Serrana, três alertas foram enviados às defesas civis do estado e do município de Nova Friburgo. Um dos alertas, ainda segundo Marilene Ramos, enviado por volta da meia-noite, apontava o risco de transbordamento dos rios Cônego e Bengalas. Por fim, a presidente do Inea afirmou que vai apurar se alguma providência foi tomada pelas autoridades após o recebimento dos alertas. O Inea estuda uma maneira de melhorar os sistemas de alertas no estado.
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