05 de julho de 2010 • 13h26 • atualizado às 13h40
Goleiro disse em entrevista que, se filho de Eliza for dele, irá pedir a guarda da criança
Foto: Fabio Motta/Agência Estado
O advogado que representa a família de Eliza Silva Samúdio acredita que é contraditória a vontade de Bruno, goleiro do Flamengo, em lutar pela guarda de seu suposto filho com a estudante desaparecida desde 4 de junho. "Acho lamentável uma declaração desse tipo. E digo isso sem qualquer referência ao inquérito policial que investiga a suspeita de participação dele no desaparecimento de Eliza", afirmou Jader Marques.
"Ele foi procurado por muitas vezes pela mãe para de alguma maneira auxiliá-la e sempre se negou. A Eliza passou necessidade, não teve em alguns momentos onde morar. Não teve condições na hora de ganhar a criança, passou por dificuldades inclusive para se dirigir ao hospital. Seria engraçado se não fosse lamentável uma declaração desse tipo", disse o advogado. Bruno afirmou em entrevista que, se for comprovado que bebê é seu filho, vai lutar pela guarda da criança.
Marques esteve reunido durante a manhã no Departamento de Investigação de Homicídios em Belo Horizonte, com os delegados que apuram o caso. Ele afirmou que ficou satisfeito com as informações que recebeu e que a polícia está no ritmo certo, mesmo protelando o depoimento de Bruno e do amigo dele, Macarrão. "Não é uma tática, é um procedimento dentro da lei que inclusive diz que o suspeito deve ser ouvido por último", afirmou.
A Polícia Civil informou, ainda, que duas testemunhas moradoras da vizinhança dos amigos de Bruno, em Ribeirão das Neves, prestam depoimento desde o início da manhã pela segunda vez. As autoridades não informaram, porém, o motivo dos novos questionamentos.
O caso
O goleiro do Flamengo nega as acusações de que estaria envolvido no desaparecimento de Eliza. A delegada Alessandra Wilke, que investiga o caso, disse que contatou as amigas de Eliza no Rio, que confirmaram a viagem. No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza teria sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador. Ainda de acordo com as informações recebidas pela polícia sob sigilo, o goleiro teria queimado roupas e pertences de Eliza após o crime.
Segundo a apuração de Alessandra, Bruno esteve no sítio entre os dias 6 e 10 de junho. Na noite do dia 25, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estaria lá. A atual mulher do goleiro, Dayane Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante o depoimento dos funcionários do sítio, um dos amigos de Bruno afirmou que, por volta de 19h do dia 25, Dayane havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Por ter mentido à polícia, Dayane Souza foi presa. Contudo, após conseguir um alvará, foi colocada em liberdade na manhã do dia seguinte. Ela também será novamente convocada a depor.
Outras polêmicas
O goleiro Bruno já esteve nos noticiários policiais outras vezes. Quando jogava pelo Atlético-MG, em 2006, ele foi detido em Ribeirão das Neves, cidade onde morava, por ter participado de um racha de carros durante a madrugada.
Já no Flamengo, em 2008, Bruno e outros atletas da equipe carioca se envolveram em uma briga com garotas de programa durante uma festa no sítio do atleta logo após uma partida entre o rubro-negro e o Atlético-MG.
Bruno também deu uma polêmica declaração em uma entrevista coletiva quando tentou defender o jogador Adriano, seu colega de Flamengo, de uma suposta acusação de agressão à noiva. "Qual de vocês que é casado que nunca brigou com a mulher? Que não discutiu, que não até saiu na mão com a mulher, né cara? Não tem jeito. Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher, xará", disse o goleiro no início de março.