- 19 de dezembro de 2011 |
- 23h20 |
Categoria: Trabalho
SUZANE. G. FRUTUOSOCom a expansão imobiliária dos últimos anos na cidade de São Paulo, o setor de elevadores já sente os reflexos da alta demanda por profissionais especializados. A falta de mão de obra para manutenção e instalação dos aparelhos preocupa. Segundo o Sindicato das Empresas de Elevadores do Estado de São Paulo (Seciesp), há pelo menos 5 mil vagas abertas na região que precisam ser preenchidas com urgência em 2012. No Brasil, o número chega a 10 mil. Todas as empresas estão contratando.
“Além das obras de edifícios residenciais, a construção de estádios para os próximos eventos esportivos — como a Copa do Mundo e a Olimpíada — também intensificaram a demanda. Estádios não são finalizados sem elevadores e escadas rolantes”, explica Jomar Cardoso, presidente do Seciesp e fundador da Villarta Equipamentos de Elevação.
O salário inicial de um técnico é de cerca de R$ 1 mil. Em três anos, os pagamentos variam entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil. Com seis anos na função é possível alcançar um salário de cerca de R$ 5 mil. Quem tem formação em cursos profissionalizantes de mecânica e elétrica leva vantagem. Mas o pré-requisito é mesmo ter o segundo grau completo.
O especialista diz que o segmento sempre foi carente de profissionais qualificados e formação. As próprias empresas preparam seus funcionários. Mas está difícil acompanhar o ritmo atual. Em 2008, 10 mil elevadores foram fabricados no País. Esse ano já são 15 mil. “Um aumento de 50% em três anos, que indica a necessidade de mais gente trabalhando. O esforço tem sido grande para qualificar pessoal”, afirma Cardoso.
Marcelo de Souza, coordenador de montagem da Alfa Elevadores, conta que o mercado cresceu, mas a quantidade de cursos formais não acompanhou esse aumento. “A formação desses profissionais é cara e demorada, levando pelos menos uns três anos. De dez contratados como ajudantes, apenas seis continuam.” A empresa tem colocado anúncios em jornais buscando técnicos de elevadores. Quase não recebe retorno.
Nos últimos cinco anos, o sindicato ofereceu cursos gratuitos de um mês ou menos em manutenção, instalação e montagem de elevadores. A partir do ano que vem, as aulas serão realizadas em parceria com a Secretaria Municipal do Trabalho. “A ideia é melhorar o conteúdo, passando a carga horária de 96 horas para 180 horas”, diz o presidente do Seciesp. Os cursos serão pagos. Os valores ainda serão definidos, porém não deverão ser elevados.
Crescimento
O técnico em manutenção de elevadores Anderson Campanha, 21 anos, trabalha há três meses na área. Ele foi metalúrgico durante pouco mais de um ano. Amigos que já trabalhavam com elevadores o convenceram a mudar para o ramo. “Não falta serviço e as perspectivas de crescimento profissional são muito boas.”
Campanha tem segundo grau completo e diz ter participado da capacitação de um mês oferecida pelo sindicato. Ele planeja para 2012 um curso profissionalizante de um ano de técnico em elétrica.
Souza, da Alfa Elevadores, confirma a percepção positiva de Anderson. “Fazemos de tudo para manter esses profissionais satisfeitos e longe do assédio das concorrentes. Para quem tem vontade de trabalhar, não falta emprego e ascensão.”