Sim, caro leitor. Você não sabe, mas está saindo do seu bolso um naco da verba que ajuda a envernizar a imagem da ministra-candidata Dilma Rousseff.
Deve-se à repórter Marta Salomon a descoberta: o Planalto usou R$ 2 milhões da verba extraída do bolso do contribuinte para bancar um lote de pesquisas.
Nas sondagens, aferiu-se a popularidade de programas que servem de esteio para a campanha presidencial de Dilma.
Bancados pelos brasileiros que estão em dia com o fisco, os pesquisadores foram às ruas no ano passado.
Produziram-se relatórios que indicam "patamares elevados de desconhecimento" de algumas das principais vitrines do governo. Entre elas PAC e o pré-sal.
Num dos textos, de maio de 2009, anotou-se que era "escassa" a memória do público em relação à publicidade do PAC.
Algo que levou o secretário-executivo da Secretaria de Comunicação da Presidência, Ottoni Fernandes Júnior, a concluir:
"[O PAC] é um programa que tem caráter abstrato e não estava no centro da publicidade institucional".
Os estrategistas do governo foram informados também acerca da "forte desconfiança" da platéia em relação ao programa, sobretudo dos mais ricos.
O Instituto Meta, que participou da empreitada, reproduziu em relatório uma resposta recolhida de entrevistado:
"De certa forma, ele está usando o PAC para eleger a Dilma", anota o documento, de novembro de 2009.
Informa que, entre os entrevistados que já tinham ouvido falar do PAC (menos da metade dos ouvidos), mais de 70% não conhecem suas obras.
Em contraste, um percentual semelhante da população disse conhecer o Minha Casa, Minha Vida, programa que se propõe a entregar um milhão de moradias populares.
O governo "descobriu", de resto, algo que os institutos indepentes já haviam informado sem que o bolso do contribuinte tivesse sido molestado:
A avaliação positiva do governo é mais concentrada nas famílias com renda de até dois salários mínimos, principalmente no Norte e Nordeste.
À medida que o entrevistado aumenta de renda decai o conceito de Lula e do governo dele.
A corrupção serve de tônico para a avaliação negativa. O relatório de novembro ligou o fenômeno à crise do Senado.
O texto fez menção ao "apoio público do presidente Lula a Sarney, principal alvo das denúncias".
Signatário da avaliação, Flávio Silveira aventurou-se explicitamente na seara eleitoral. Num flerte com o óbvio, ele escreveu:
“Não se sabe ao certo o teto do crescimento [de Dilma] e isso vai depender de vários fatores, como a transferência de votos de Lula".
Retorne-se ao início: você, caro leitor, seja eleitor de Serra, de Ciro, de Marina ou da própria Dilma, financiou essa brincadeira.
- Atualização feita às 21h15 desta segunda (8): O Planalto levou à web uma nota. Diz que as pesquisas visam "avaliar e aprimorar" a comunicação oficial. Envolvem três dezenas de ações e programaSecom divulga valores investidos em pesquisas de Comunicação
por Secom em 08/03/2010 13:55hs
Desde o dia 25 de fevereiro, a Secom passou a divulgar o resultado das pesquisas de Comunicação que realiza. Estão disponíveis para consulta, os relatórios de análise das pesquisas quantitativas e qualitativas das campanhas de comunicação, feitas durante o ano de 2009. A Secom realiza esses levantamentos para avaliar e aprimorar a política pública de comunicação implementada pelo Poder Executivo Federal.
A comunicação de mais de 30 políticas públicas ou programas, vinculados ao Poder Executivo Federal, já foi avaliada. Alguns exemplos: Bolsa família, Samu, Farmácia Popular, Ensino Técnico, PAC, Pronaf, Luz para Todos, Reuni, PDE, salário mínimo, Projovem, Olimpíadas, Rede Pública de Saúde, Proinfo, Habitação, aumento do piso previdenciário, pré-sal, Gripe A H1N1, preservação do meio ambiente, desmatamento na Amazônia, Olimpíadas 2016, Copa do Mundo 2014, dentre outras que podem ser observadas nos relatórios de pesquisa.
Abaixo os valores executados na realização das pesquisas.
Pesquisas 2009
Tema da pesquisa | Motivo da Pesquisa | Tipo de Pesquisa | Valor Total R$ |
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PAC | Campanha Publicitária | Qualitativa | 161.879,46 |
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Habitação | Campanha Publicitária | Qualitativa | 159.684,96 |
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Comunicação de Programas I | Avaliar comunicação de Programas | Qualitativa | 203.263,70 |
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Comunicação de Programas I | Avaliar comunicação de Programas | Quantitativa | 272.128,44 |
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Hábitos de Informação | Campanha Publicitária | Qualitativa | 330.384,00 |
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Social | Campanha Publicitária | Qualitativa | 119.763,72 |
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Comunicação de Programas II | Avaliar comunicação de Programas | Quantitativa | 191.288,28 |
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SECOM/MTV | Campanha Publicitária | Qualitativa | 133.070,80 |
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Comunicação de Programas III | Avaliar comunicação de Programas | Quantitativa | 189.686,91 |
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Educação | Campanha Publicitária | Qualitativa | 133.070,80 |
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Portal Internet* | Campanha Publicitária | Qualitativa | 39.921,24 |
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Copa 2014* | Avaliar percepção sobre Copa 2014 | Quantitativa | 315.810,80 |
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Hábitos de Informação N, NE* | Conhecer hábitos de informação do brasileiro | Quantitativa | 269.310,30 |
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Hábitos de Informação S* | Conhecer hábitos de informação do brasileiro | Quantitativa | 167.746,81 |
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Hábitos de Informação SD, CO* | Conhecer hábitos de informação do brasileiro | Quantitativa | 312.077,23 |
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Campanha Final de ano* | Campanha Publicitária | Qualitativa | 133.070,80 |
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Comunicação de Programas IV * | Avaliar comunicação de Programas | Quantitativa | 190.891,65 |
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Total | 3.323.049,90 |
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Atualizado em 04.03.2010 - Fonte: Núcleo de Planejamento SECOM
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