Presidente e vice do Egito renunciam; poder passa para as Forças Armadas
Deputado trabalhista israelense já havia dito que "ele sabe que acabou, que é o fim do caminho"
Da Redação, com agências
Egípcios carregam bandeira do país com os dizeres "Nunca ficaremos em silêncio"; a oposição havia prometido intensificar os protestos caso o presidente Hosni Mubarak não renunciasse
'O Egipto está livre!'
11 de Fevereiro, 2011
'O Egipto está livre!' é o grito de alegria que se ouve na Praça Tahrir, a Praça da Liberdade, no Cairo. Centenas de bandeiras agitadas no ar, palmas, cânticos a festejar a saída de Hosni Mubarak. E cada vez mais milhares de pessoas.
«A única solução é o regime cair», escrevia há quatro horas Mohamed AlBaradei no Twitter. «Havemos de vencer», preconizava. A alegria que se vive no país é a demonstração do acerto da previsão.
SOL
Minuto a minuto: "O Egipto está livre"
11.02.2011 - 12:12 Por Maria João Guimarães, Sofia Lorena, Dulce Furtado
Mubarak abandonou o poder. O Exército egípcio anunciou que vai ser o garante das reformas no país e prometeu a realização de eleições livres e justas. Nas ruas de várias cidades do Egipto milhões de pessoas festejam o fim de 30 anos do regime do faraó. A revolução minuto a minuto.
17h04: Explosão de alegria em Tunes. Queda de Hosni Mubark festejada na capital tunisina com buzinas. “Oh, povo egípcio, como és grande!”, ouviu-se na rua, descreve a AFP. A 14 de Janeiro, Tunes festejava a fuga do Zine El Abidine Ben Ali.
16h56: O Presidente dos EUA vai fazer uma declaração sobre o Egipto dentro de cerca de hora e meia. Barack Obama foi informado da demissão de Mubarak e passou alguns minutos a ver a cobertura televisiva dos acontecimentos, disse o porta-voz da Casa Branca Tommy Vietor.
16h55: Agora que Mubarak abandonou o poder, o importante é que “o diálogo seja rápido e que conduza a um governo que respeite as aspirações – e proporcione a estabilidade – do povo egípcio, diz a chefe da política externa da UE, Catherine Ashton. "O futuro do Egipto permanece, com razão, nas mãos do povo egípcio”.
16h39: Não é só a praça que está em ebulição: “No Cairo, os condutores estão a buzinar, há disparos de tiros para o ar”, conta o correspondente da BBC Jon Leyne na capital egípcia. Havia pessoas aos saltos: “Temos um ex-Presidente!”, gritam. “Conseguimos!”.
16h32: “Este é o melhor dia da minha vida”, reage o opositor Mohamed ElBaradei. “O país foi libertado depois de décadas de repressão”. Agora, o Nobel da Paz espera uma “bonita” transição de poder.
16h28: A alegria nota-se também no espaço virtual: “Hosni demite-se. Ganhámos. Ganhámos”, twita Sandmonkey, um dos conhecidos ciberactivistas egípcios. “Não consigo acreditar... 30 anos de ditadura... depois de 30 anos de ditadura… Mubarak demite-se”, diz uma página de um grupo de jovens anti-regime no Facebook. “Tenho orgulho em dizer. Hosni Mubarak, o antigo Presidente do Egipto”, reage também no Twitter o activista de direitos humanos Ramy Raoof.
16h23: “Em nome de Deus, o misericordioso, cidadãos, durante as difíceis circunstâncias que o Egipto atravessa, o Presidente Hosni Mubarak decidiu deixar o cargo de Presidente e encarregou o Conselho Supremo das Forças Armadas de administrar o país. Que Deus ajude toda a gente”, afirmou o vice-presidente, Omar Suleiman.
16h17: Mubarak transferiu as responsabilidades de governação para o Conselho Superior das Forças Armadas, diz a televisão estatal.
16h07: Hosni Mubarak deixou o poder, anunciou o vice-presidente Omar Suleiman. A praça Tahrir explodiu em festa. "O Egipto está livre, o Egipto está livre", grita a multidão.
16h02: “Queridos governos ocidentais, estiveram em silêncio durante 30 anos a apoiar o regime que nos oprimia. Por favor não se envolvam agora”, twitou Wael Ghonim, o executivo da Google que se tornou num dos líderes da revolta.
16h01: O secretário-geral do Partido Nacional Democrático, Hossam Badrawi, dá mais informações sobre a sua saída: “É uma demissão da posição e do partido”, disse o responsável, que na véspera praticamente anunciara a saída de Mubarak. “A formação de novos partidos de uma nova maneira que reflicta um novo pensamento é melhor para a sociedade neste ponto”, disse numa entrevista à Hayah TV.
15h55: Nunca mais ninguém pode dizer que “não sabia”, comenta o escritor Elie Wiesel, sobrevivente do Holocausto e Nobel da Paz. No “New York Times” escreve “Por causa do progresso na tecnologia, especialmente no campo da comunicação, ninguém tem já desculpa para dizer: ‘não sei, não sabia, não tinha noção’.”
15h51: Militares ajudam manifestantes no palácio presidencial: há relatos de que alguns soldados, encarregados de proteger o palácio dos protestos, estão a dar água e comida para os manifestantes, atirando os mantimentos sobre o arame farpado que os divide.
15h46: Os confrontos entre manifestantes e polícias desta manhã em El Arish, no Sinai, terão causado pelo menos cinco mortos e mais de vinte feridos, avança a Al-Arabiyah. Uma multidão armada com pequenas pistolas atacara uma esquadra de polícia com o propósito de libertar prisioneiros.15h39: A partida de Mubarak para Sharm el-Sheikh é avaliada como “uma primeira etapa positiva” por um alto responsável norte-americano, em declarações sob anonimato à AFP. As televisões Al-Arabiyah e Canal 10 israelita tinham já anunciado a partida do Presidente para a estância balnear, informação confirmada pelo porta-voz do PND.
15h25: “As pessoas decidiram aumentar a pressão ao regime. Há três a quatro mil pessoas à porta do palácio e muitas mais do outro lado. Mubarak não deve estar lá dentro… Mas mantemos o Presidente sob cerco. É outro símbolo do nosso protesto”, explicou ao “Guardian” Karim Ennarah, que passou duas semanas na praçaTahrir e agora se juntou à multidão diante do palácio.
15h21: Nem chegou a uma semana: o novo secretário-geral do Partido Nacional Democrático, Hossam Badrawi, disse à BBC que vai anunciar a sua demissão “nas próximas horas”. Badrawi foi um dos que ontem sugeriu ao longo do dia que Mubarak se preparava para abandonar o poder.
15h19: Mubarak “é agora uma figura simbólica, delegou todos os poderes no vice-presidente”, disse à BBC o professor Maged Boutros, um importante membro do PND, o partido no poder.
15h15: Trocas de tiros entre polícias e manifestantes em El Arish, no Sinai, onde umas mil pessoas atacaram uma esquadra para libertar prisioneiros, deitaram fogo a carros e lançaram cocktails molotov contra os agentes, relatam as agências.
15h13: Pelo menos dois helicópteros levantaram voo do palácio presidencial do Cairo, diz a Reuters. Um membro do partido de Mubarak afirmara antes que o Presidente já tinha partido para a estância balnear de Sharm el-Sheikh.
15h01: “Oh Suleiman, oh Suleiman, também não te queremos!” cantam os manifestantes em Tahrir.
14h57: A Irmandade muçulmana é um movimento “maioritariamente secular”, diz o conselheiro de topo para os serviços secretos do Presidente norte-americano, James Clapper´
14h45: Mais de um milhão de pessoas estão já nas ruas por todo o Egipto. Só no Cairo estão mais de 200 mil pessoas na Praça Tahrir (Libertação) e dezenas de milhar em frente ao edifício da televisão estatal, a Nile TV.
14h42: Um “comunicado importante e urgente” da presidência egípcia é esperada dentro em breve, anuncia a televisão estatal.
14h40: O "New York Times" considera que a partida de Mubarak para a casa de férias em Sharm el-Sheikh constitui um “momento muito significativo” nos 18 dias de protestos maciços no país, ao mesmo tempo que várias figuras do regime egípcio se esforçam por fazer passar a mensagem de que o Presidente concedeu mesmo transferir os poderes para o vice-presidente, Omar Suleiman. A partida do Presidente pode ter como objectivo acalmar a situação nas ruas, diz a BBC.
14h25: Hosni Mubarak deixou mesmo o Cairo esta manhã e foi para o palacete que possui na estância balnear de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, confirmou o porta-voz do Partido Nacional Democrático (PND, no poder).
14h24: Mubarak terá dito ao deputado trabalhista israelita Benjamin Ben-Eliezer que procurava “uma porta de saída honrosa”. Ben-Eliezer disse que na conversa telefónica de ontem, pouco antes de Mubarak discursar à nação, o líder egípcio “já sabia que era o fim”. Ben-Eliezer, antigo ministro do Comércio de Israel, é considerado um dos políticos israelitas mais próximos de Mubarak.
14h16: É aguardado ainda hoje um novo, e terceiro, comunicado do Conselho Superior das Forças Armadas. A declaração feita esta manhã pelos militares pedia aos egípcios a regressarem à “vida normal” para que depois possa ser oficialmente levantado o estado de emergência em vigor no país desde 1981. O Exército afirmava ainda que será “garante” das reformas prometidas ontem à noite por Mubarak e da realização de eleições livres e justas, além de se comprometer a que não serão perseguidos aqueles que, nas ruas, "rejeitaram a corrupção e exigiram reformas".14h14: Mais uma música da revolução.
14h08: De dezenas de outras cidades egípcias chegam relatos de manifestações: a multidão em Alexandria já não se mede em número de pessoas mas em dezenas de avenidas repletas de gente a gritar para que Hosni Mubarak abandone o poder; dezenas de milhares em Suez tomaram o controlo de vários edifícios governamentais; 150 mil pessoas cercam o quartel-general da polícia e das forças de segurança do Estado na cidade portuária de Domietta; dezenas de milhares manifestam-se em frente ao edifício do governo local de Sharqiya; mais de 50 mil protestam em Qin, cidade natal do vice-presidente Omar Suleiman, outras 20 mil marcham em Arish.
14h02: Os manifestantes avolumam-se junto ao palácio presidencial em Heliopolis, a uns 30 quilómetros de distância do Cairo, rodeado por um aparatoso sistema de segurança, com veículos blindados, tanques armados e centenas de militares. Ali, como no Cairo, grita-se “vai-te Mubarak” e a multidão de mais de três mil pessoas já grita insultos contra os soldados. A Al-Jazira avalia que este é o local com maior potencial de conflito.
13h57 O nosso enviado Paulo Moura, no Cairo , diz-nos ao telefone que a oposição parece estar dividida sobre o que fazer. São já muitos os que acham que chegou a hora de ir para casa, mas admitem que não conseguem comandar todas as multidões que estão na ruas.
13h50: As multidões de manifestantes pró-democracia extravasam hoje da Praça Tahrir e começam a congregar-se aos milhares junto ao edifício da televisão estatal, a Nile TV, e outros pontos estratégicos da capital egípcia. Junto à Nile TV, alguns relatos falam já em mais de seis mil pessoas observadas pelos militares armados que mantêm a segurança no local, onde ninguém está autorizado a entrar nem sair.
13h40: O site de Internet do Partido Nacional Democrático (PND, no poder) foi atacado por hackers. Ao abrir, uma só mensagem na página: “Fechado até à queda de Mubarak e do regime”.
13h34: Baradei no Twitter: “O país está todo nas ruas. A única saída para o regime é partir. O poder do povo não pode ser esmagado” diz o líder oposicionista. “Nós venceremos. Ainda há esperança de que o Exército se junte a nós."
13h25: Hosni Mubarak pode ter já abandonado o Cairo nas últimas horas. O canal árabe al-Arabiya reporta que o Presidente e familiares partiram da capital para “destino desconhecido” a partir de uma base área nos subúrbios do Cairo. Já a televisão israelita Channel 10 diz que Mubarak partiu para a estância do Mar Vermelho Sharm el-Sheikh, onde possui uma casa. E um diplomata ocidental, citado sob anonimato pela BBC News, confirmou que o chefe de Estado egípcio terá abandonado o Cairo por volta das 13h00.
13h22: OS Estados Unidos denunciam entraves do Irão às emissões dos media que estão a cobrir a situação no Egipto. E BBC está a denunciar que o seu serviço persa está bloqueado desde quinta-feira por causa da cobertura que está a fazer a revolução egípcia
13h20: "Se ele está determinado, nós estamos ainda mais, É um contra 85 milhões", disse Chérif el-Araf, um jovem manifestante de 16 anos na Praça Tahrir, à AFP.
13h18: A Irmandade Muçulmana rejeitou os discursos ontem feitos por Hosni Mubarak e o seu vice-presidente, Omar Suleiman. “São só mais palavras enganadoras para tentar pôr termo às exigências do povo”, afirma a organização partidária em comunicado.
http://www.publico.pt/Mundo/minuto-a-minuto-o-egipto-esta-livre_1479775?all=1
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