20/10/2010 20h21 - Atualizado em 20/10/2010 20h26
Dirceu Garcia diz que cobrou R$ 700 por cada um dos doze documentos.
Ele afirmou que, após escândalo vir à tona, jornalista lhe deu mais R$ 5 mil.
Reprodução / TV Globo)
O despachante Dirceu Rodrigues Garcia admitiu ter recebido dinheiro do jornalista Amaury Ribeiro Júnior para agir como intermediário no esquema de quebra de sigilo fiscal na Receita Federal.
Investigação da Polícia Federal apontou que o jornalista encomendou a quebra dos sigilos fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, da filha de José Serra, Verônica, do genro dele, Alexandre Bourgeois, e de outros tucanos entre setembro e outubro de 2009.
Por lei, dados de imposto de renda dos contribuintes são sigilosos. Os dados sigilosos saíram de agências da Receita em Santo André e Mauá. Os dados da filha de Serra e do genro foram obtidos por meio de procurações falsificadas.
Dirceu trabalha como despachante na porta de uma unidade da Junta Comercial, local onde recebeu a encomenda do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, que hoje é repórter da TV Record.
Na época em que solicitou as cópias ao despachante, Amaury trabalhava no jornal "Estado de Minas". A polícia sabe que Amaury estava em um voo que saiu de Brasília e pousou no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, em 7 de outubro do ano passado, um dia antes da entrega das declarações.
No dia 8 de outubro, o jornalista recebeu a encomenda que havia feito ao despachante em um bar no Centro de São Paulo. De acordo com Dirceu, o encontro no local durou pouco mais de meia hora. Ele afirma que o jornalista reagiu com satisfação quando viu as cópias do Imposto do Renda e teria dito que a missão estava cumprida.
"Esperei ele conferir a documentação e ele me passou o valor combinado. Conferi o valor e fui embora", disse o despachante.
Questionado sobre quanto cobrou por cada quebra de sigilo, respondeu: "R$ 700 cada uma". Como era doze, o total foi de R$ 8,4 mil.
Um mês depois da entrega, Dirceu e o jornalista voltaram a se encontrar. Amaury deu ao despachante mais R$ 5 mil. "Ele me ofereceu um auxilio, e quis saber como estava a situação." O despachante afirma que aceitou a oferta de dinheiro. Segundo ele, dois depósitos foram feitos nos dias 9 e 17 de setembro deste ano.
Dirceu disse que não entendeu a oferta como um cala-boca para não falar nada para a PF. "Eu entendi como um auxílio, uma ajuda."
A Polícia Federal confirmou que os depósitos na conta de Dirceu foram feitos em dinheiro vivo, na boca do caixa, num banco em Brasília.
Encomenda
A PF informou que Amaury Ribeiro Júnior confirmou que fez a encomenda e que os documentos irregulares foram pagos pelo jornal "Estado de Minas".
O jornalista alegou aos delegados que começou a investigação porque teria descoberto que um grupo a serviço de José Serra estaria levantando informações sobre a vida do ex-governador Aécio Neves (PSDB). A PF diz que o jornalista não explicou porque tomou essa atitude.
Depois que saiu do jornal mineiro, Amaury afirmou que foi procurado por gente ligada à pré-campanha à Presidência de Dilma Rousseff (PT), interessada no material. Ele disse que chegou a ficar em um flat em Brasília com despesa paga por alguém do PT.
Ele disse ainda à Polícia que as informações fiscais que obteve foram parar no PT porque alguém pode ter visualizado os dados em seu notebook enquanto estava em outro apartamento, não pago pelo PT, mas de propriedade de uma pessoa ligada à pré-campanha de Dilma.
Em junho deste ano, Amaury foi citado pela Revista Veja em um suposto esquema de montagem de um dossiê contra os tucanos. Além de Amaury, estaria envolvido também o delegado aposentado da PF Onézimo Souza.
No dia 20 de abril deste ano, se encontraram em um restaurante Amaury, Onézimo e Luiz Lanzetta que, segundo Onézimo, falava em nome do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT), na época um dos coordenadores de Dilma.
"Queriam que a gente identificasse a origem dos vazamentos que estavam acontecendo dentro do comitê. (...) Depois, queriam investigações sobre o governador Jose Serra", disse Onézimo à revista.
Depois da denúncia, esse núcleo de investigação foi afastado da pré-campanha do PT. No núcleo, estaria envolvendo Amaury Ribeiro Júnior, apontado como mandante do esquema de quebra de sigilos ilegais.
Inquérito
A PF considera encerrado o caso, com a identificação dos responsáveis pela quebra dos sigilos fiscais. Não será investigado se houve participação da pré-campanha de Dilma, nem quem teria dado a ordem para Amaury Ribeiro Júnior encomendar as cópias dos impostos de renda das pessoas ligadas à José Serra.
O inquérito da PF está em fase final e o próximo passo é remetê-lo para o Ministério Público Federal em Brasília.
O advogado de Amaury disse que o jornalista não quer falar sobre a quebra ilegal de sigilo fiscal. O ex-governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), afirmou que não teve qualquer ligação com o episódio. O "Estado de Minas" afirmou que Amaury trabalhou na empresa por três anos e publicou diversas reportagens, mas nenhuma sobre este assunto.
O PSDB disse que o episódio confirma a ligação de uma equipe de inteligência. O PT negou e atribuiu a uma disputa interna dentro do PSDB o que ocorreu.
Num bar, enquanto aguardava a chegada de uma fonte, o jornalista Amaury Ribeiro Júnior, do Estado de Minas, foi baleado por um garoto de aparentemente 18 anos de idade. Amaury investigava homicídios ligados ao narcotráfico no Entorno de Brasília.
Na tarde de quarta-feira (19), o jornalista estava num bar na cidade de Ocidental (GO), a 45 km de Brasília. Segundo testemunha presente no local que não quis se identificar, um garoto de boné, bermuda e chinelo, usando um casaco azul, entrou com uma arma em punho, apontando para o jornalista. Amaury pulou em cima do garoto e os dois rolaram no chão. O garoto disparou e a bala atingiu a barriga de Amaury. O garoto levantou, deu mais um tiro na direção de Amaury -- que não o atingiu -- e fugiu. O jornalista foi consciente até o hospital. De acordo com colegas do Correio Braziliense, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, foi para o Hospital Regional do Gama, onde Amaury está internado. Ele passa bem, está consciente e não corre risco de vida. A primeira reportagem -- dia quatro de setembro -- sobre o assassinado de duas adolescentes chamou a atenção do jornalista, que decidiu investigar o caso. Amaury descobriu uma verdadeira guerra civil dominada pelo tráfico. Desde o início do ano foram mais de 40 menores de idade mortos. O jornalista Morilo Carvalho participava da cobertura e no mesmo dia sofreu ameaças feitas por telefone. Aos 44 anos, Amaury é dono de três prêmios Esso, vencedor de quatro prêmios Vladimir Herzog, membro do ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), um dos fundadores da Abraji e pai de dois filhos. Com mais de 20 anos de jornalismo, foi repórter especial do Globo e da Istoé. |
12/06/2010 07:02 um novo marcos valério Não pára de boiar coisa na lagoa petista. Mais que o jornalista Lanzetta, centro do escândalo da arapongagem, o gajo aí da foto é a mais interesante curiosidade do staff de campanha da Dilma Roussef. Aos 34 anos, feito um maleiro Marcos Valério da vida, transita livremente entre a mais alta burguesia da campanha presidencial petista. Alugou a casa onde funciona o comitê de imprensa do petê em Brasília. Tudo o que se referia à administração estava sob sua responsabilidade através de certo Jorge Luiz Siqueira. O ninho dos espiões tinha outro personagem da órbita de Benedito. Ele se chama Luiz Carlos Ferreira, consultor da Dialog, que na Casa do Lago Sul cuidava dos pagamentos em dinheiro vivo feitos a pedido da Lanza, a empresa de Lanzetta. O jovem empresário petista é quase um mágico. No ano passado o Ministério da Pesca propôs usar 72% de tudo o que gastou em 2009 em um único contrato com a sua empresa Dialog. Seriam entregues a Benedito 94 milhões de reais para sua empresa fornecer, entre outras coisas, cafezinho a funcionários e visitantes. Cada xicrinha custaria aos pagadores de impostos do Brasil a fortuna de 352,22 reais. O Tribunal de Contas da União suspendeu o processo de contratação da Dialog. Amaury Ribeiro Jr. assina com a Record; jornalista fará matérias investigativasA Record acaba de acertar a contratação de Amaury Ribeiro Jr., um dos repórteres investigativos mais conhecidos do Brasil. O jornalista passará a integrar o time do “Jornal da Record” já a partir da próxima segunda-feira (19). Amaury Ribeiro Jr. acumulou em sua carreira diversas premiações por suas reportagens. Entre eles constam quatro prêmios Vladmir Herzog, um dos mais importantes do Brasil, e três prêmios Esso. Já passou pelas revistas IstoÉ, O Globo e Estado de Minas. Também gerou grande polêmica com o livro “Os Porões da Privataria”. Esse é o primeiro grande investimento da Record no segmento de jornalismo investigativo após a saída de Roberto Cabrini para o SBT, que ocorreu em agosto de 2009. |
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Victor
-20/10/2010 às 17:08