O temperamento forte, a fama de genioso e truculento, fizeram da passagem do maestro John Neschling à frente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo uma história de sucesso - e polêmicas. A mais recente delas foi o anúncio, em junho deste ano , de que ele não renovaria seu contrato de diretor-artístico e regente titular do grupo, que termina em 2010. A decisão, na época, foi atribuída à boataria sobre sua possível saída. "Eu não queria deixar a Osesp. Se saio é porque percebi que o clima estava muito ruim e que, se não o fizesse, seria saído", diz ele em entrevista exclusiva ao Estado, a primeira desde o anúncio de seu desligamento.
Neschling assumiu a Osesp em 1996, chamado pelo então governador Mário Covas para reconstruir a orquestra. Em 12 anos, o trabalho mostra seus resultados. Além dos concertos semanais na Sala São Paulo com casa lotada, um número de assinantes que ultrapassa 12 mil pessoas, as gravações premiadas mundo afora, chegou na semana passada um novo reconhecimento: em seu panorama do cenário orquestral mundial, a revista inglesa Gramophone elegeu a Osesp como uma das três orquestras em que vale a pena prestar atenção.
A trajetória do projeto Osesp nem sempre foi pacífica. Desavenças entre maestros e músicos; polêmicas em torno dos valores investidos na orquestra e outras que dizem respeito a algumas de suas iniciativas, como o concurso de piano Villa-Lobos; jogos de poder entre regentes e governo fizeram parte da rotina do grupo. A situação, no entanto, ganhou força com a chegada do governador José Serra ao poder, em 2007. Ali começou a se falar oficialmente na troca de guarda na direção artística da Osesp. Em seguida, um vídeo colocado no YouTube mostrava John Neschling fazendo comentários pouco amistosos sobre o governador durante um ensaio da orquestra. Estava instaurada a confusão.
Em junho deste ano, a fundação Osesp informava, enfim, ao público a decisão do maestro de não renovar seu contrato. Na época, em entrevista ao Estado, o presidente da fundação, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, dizia que viriam ao Brasil consultores estrangeiros para ajudar na formatação do processo de escolha do novo diretor-artístico. Timothy Walker, da Sinfônica de Londres, o primeiro deles, esteve em São Paulo na semana passada. Na semana que vem, chega ao Brasil Henry Fogel, membro da Liga das Orquestras Americanas.
"Não sou insubstituível", disse o maestro Neschling na tarde de sábado, ao longo de uma conversa de quase três horas em seu apartamento no bairro de Higienópolis. "Mas estou preocupado com a maneira como a sucessão está sendo feita. E magoado por ter sido excluído do processo." A seguir, os principais trechos da conversa:
OSESP, ONTEM E HOJE"Não podemos perder de vista que, há 12 anos, a Osesp era inexistente, existia mal e porcamente, estava acabando. Os músicos ensaiavam em um restaurante, tocavam em cinemas para um público reduzido, tinha uma administração ineficiente. Naquele momento, o governador Mário Covas e o secretário de Cultura Marcos Mendonça me chamaram e tiveram a coragem e a visão de entregar um projeto que não existia na mão de alguém com uma idéia. Era só o que eu tinha a oferecer: uma idéia, um projeto definido. Meu plano era claríssimo, previa certos passos, certas atitudes a serem tomadas, como a construção da Sala São Paulo, para transformar a Osesp em uma orquestra importante. Nem eu sabia qual seria essa importância, hoje as pessoas ficam surpresas ao ver onde chegamos. Depois de 12 anos, não se trata mais de nós dizendo que somos bons. A Gramophone acaba de nos escolher como umas das três orquestras do mundo em que se deve prestar atenção. Não estamos na lista das 20 melhores, mas estamos entre aqueles que podem aspirar a fazer parte dela. É um processo. A Osesp ainda é um work in progress, não é um trabalho terminado, tem muito que melhorar, crescer, em todos os sentidos. Mas chegamos a um ponto que ninguém sonhava. Recebemos cinco Diapason D?Or, o Grammy. Somos a única orquestra do mundo a aumentar, nesses anos, o número de assinantes, que já passa de 12 mil. Não crescemos como em outros anos, 10%, mas no momento atual de crise, mantivemos a subida. Todos os indicativos são de que a orquestra vive um bom momento. Em 2010, vamos tocar no Musikverein, de Viena, e na sede da Filarmônica de Berlim. Em 12 anos, uma orquestra que não existia fez de São Paulo um centro sinfônico."
O COMEÇO DO FIM"Tudo começou há dois anos, quando assumiu o governador José Serra. Não é segredo nenhum que, mesmo antes da posse, já se falava na minha substituição. O governador não queria, não gostava, não sei o quê. Os motivos? Teve o episódio da Virada Cultural e não sei o que mais, o fato é que a todo momento eu lia que ele não gostava de mim, que havia uma briga entre nós. Quando ele assumiu, continuou a polêmica, com a mídia batendo a todo instante. 2007 foi um ano difícil para mim, fui imolado pela imprensa, todo mundo falava mal de mim, diziam que o concurso de piano era uma fraude, que tudo o que eu fazia era ruim. Isso criou uma situação muito delicada que, evidentemente, teve conseqüências no clima da Osesp, não na qualidade, mas sim no clima. Fizemos a turnê pela Europa e voltamos debaixo de uma saraivada de balas. Ninguém falava - olha só, a Osesp foi à Europa e foi um sucesso. Não, parecia que eu era um bandido, um ladrão, um corrupto. Durante o ano, a coisa foi se acirrando, houve o episódio do YouTube, que criou uma situação entre mim e os músicos."
ALMOÇO"Por tudo isso, há um ano, em dezembro, fui chamado para um almoço com o vice-presidente do conselho (o banqueiro), Pedro Moreira Salles. Para mim, tratava-se da oportunidade de fazer um balanço daquele ano difícil e de discutir a necessidade de um plano de comunicação diferente para 2008, não podíamos continuar daquele jeito. Qual não foi minha surpresa quando, no almoço, ele me afirmou com todas as letras que não havia a menor condição de renovar meu contrato, o que precisaria ser feito até outubro de 2008. Segundo ele, politicamente não havia possibilidade. Naquele dia, embarquei para a Europa e lá conversei com amigos, músicos, com o presidente do selo BIS, empresários. E eles ficaram estupefatos, escreveram cartas para o conselho da Osesp, perguntando o que havia de errado, afinal a orquestra estava em um ótimo momento. Voltei em fevereiro com esse apoio todo e procurei o Pedro Moreira Salles, o presidente Fernando Henrique Cardoso, o Horácio Lafer Piva. Tivemos várias conversas e eu defendi que não era o momento de mudança, que a orquestra estava no meio de um processo e era perigoso uma mudança dessas antes de a sonoridade estar estabelecida, com a disciplina bem estruturada. Não era o momento."
A DECISÃO"Já naquele primeiro almoço, me falaram dos consultores estrangeiros que a orquestra traria para ajudar na busca pelo novo maestro. Ninguém perguntou o que eu achava, apenas me comunicaram. O que disse a eles, depois, foi que o melhor consultor seria eu mesmo - quem conhece esse país? Quem conhece a política local? Eu. Achava a saída muito intempestiva e queria achar outra solução. Eles me perguntaram: quanto tempo mais? Certamente, não seria em 2010. E pedi a eles que não discutissem a questão antes da hora, porque no momento em que se falasse em sucessão, pronto, acabou, a temporada de caça começaria e perderíamos o controle sobre o processo. Mas já em março começaram os boatos, falaram que viria o maestro Daniel Barenboim. É muito difícil para alguém no meu posto conviver com esses boatos. Por um membro do conselho, fiquei sabendo que os consultores haviam sido chamados. Não havia mais clima. Escrevi uma carta ao presidente Fernando Henrique Cardoso, falando sobre tudo isso. Nela, eu colocava que, por tudo o que estava acontecendo, se eu não dissesse que sairia, seria ?saído?. Era uma carta pessoal, não foi oficial. Mas, antes de qualquer resposta, recebi uma carta, uma semana depois, aceitando minha decisão de não renovar meu contrato."
O DIA SEGUINTE"Eles, então, me chamaram para conversar. A decisão já estava tomada. E continua tomada, eu vou embora, minha permanência ou não já não deve ser discutida. Enfim, queriam que eu participasse do processo de seleção do novo maestro. O que eu respondi é que eu não poderia participar de um processo de sucessão no qual não acreditava. Eu queria uma sucessão orgânica, tranqüila, bem-feita, tudo o que acho que não será agora, colocando o projeto em risco. Propus, então, uma transição mais lenta, pacífica. Pedi mais dois anos de contrato ao longo dos quais eu regeria menos e ajudaria a procurar um substituto. Não obtive resposta. E, tempos depois, vejo no jornal que chegou o primeiro dos consultores. Isso me deixa cada vez mais certo da minha decisão."
CONSULTORES"Estou preocupado com o futuro. A Osesp é um projeto meu, não deles. Mas, agora, é deles, daqueles que não me quiseram mais na orquestra, a responsabilidade de levá-la adiante. O perigo é imenso. A possibilidade de dar errado é grande porque não há um projeto claro. A vinda dos consultores é símbolo disso. Você traz um cara inexpressivo para passar aqui não mais que 36 horas para dizer o que mudar no projeto? A Osesp é concreta, não é abstrata, está aí, toca, viaja, grava. Falaram que vão trazer um australiano... Onde tem uma Osesp na Austrália? Se eles sabem tanto, por que não criaram uma lá? É de um provincianismo muito grande. Além disso, você traz o cara para vir dar palpite aqui e ele não tem como ajudar porque não conhece a questão. O problema na Osesp não é artístico, é político. Como eles vão lidar com uma vida política que não conhecem?"
JOGO POLÍTICO 1"Todas as grandes orquestras do mundo foram criadas por grandes maestros e todas tiveram momentos em que eles foram contestados. Eles precisavam incutir uma linha dura para iniciar o trabalho. Não conheço nenhuma orquestra criada por um conselho de sábios. Todas tiveram alguém forte à sua frente, moldando a instituição. Mas no Brasil há características que impedem isso e uma delas é a falta de continuidade. Além, claro, da famosa frase do Tom Jobim: fazer sucesso no Brasil é um perigo, é uma cultura autofágica que odeia a recusa da mediocridade. A Osesp é uma instituição de R$ 67 milhões ao ano. É muito dinheiro e dinheiro é poder. Ninguém brigava para tirar o Eleazar de Carvalho da Osesp porque ninguém queria a Osesp. Os regentes querem ter o poder que vem com o posto de chefe da Osesp, querem usá-la para se projetar internacionalmente. Nesse sentido, a orquestra é uma jóia. E o governo não quer um cara que chega e diz o que quer, que defende o fato de quem manda aqui é ele, que sabe o que quer. Durante oito ou nove anos, me aceitaram assim e eu correspondi com os resultados conquistados. Até que assumiu um governo que acha que pode fazer melhor, apesar de não ter a menor idéia do que é uma orquestra sinfônica. Aí vira briga e busca de prestígio."
JOGO POLÍTICO 2 "Em Birmingham, depois que o maestro Simon Rattle saiu da orquestra, ninguém mais sabe o que acontece lá. Em Montreal, foi o mesmo depois da saída do Charles Dutoit. Não sou insubstituível, mas não concordo com a maneira como está acontecendo a troca. Agora, a responsabilidade é deles e eles têm de arcar com esse peso. Mas, o que vai fazer uma Secretaria de Cultura que só desconstrói? Fecharam a Universidade Livre de Música, estão destruindo o Conservatório de Tatuí. Dizem que vão construir um teatro de dança. Duvido. Eu não durmo de preocupação! Essa é uma grande responsabilidade. Levar um projeto como a Osesp adiante é muito difícil, precisa de mais trabalho exaustivo para que ela se estabeleça como grande orquestra e não desapareça. É difícil chegar ao ranking das melhores, mas é mais difícil ficar nele. Qual a mágica solução que vem agora de fora? O que há de novo para acrescentar a um projeto que é indiscutível?"
A FUNÇÃO DO DIRETOR"É claro que pode funcionar um diretor-artístico menos forte, que não seja também o regente titular, como eles têm dito. Funciona em Londres, Chicago, Nova York. Mas essas orquestras têm 100 anos de idade. Falem o que quiserem, mas as orquestras precisam de uma figura de galeão. Montreal não era conhecida pelo seu diretor-executivo mas, sim, pelo seu maestro. Quem era o diretor da Filarmônica de Nova York durante a gestão de Leonard Bernstein? Ninguém sabe. Esse formato pode funcionar quando a orquestra tem maturidade para se autogerir. Se um música da Filarmônica de Berlim não toca bem, o primeiro a reclamar é seu colega. Aqui, ainda estamos numa fase em que a orquestra funciona como corporação, defende a mediocridade, o músico não cobra um colega porque tem medo de ser o próximo. Ouvi do Pedro Moreira Salles que, em seu banco, um executivo que chega aos 60 anos precisa começar a pensar na sua saída. Não trabalho num banco! A fase de glória de um regente vem depois dos 60 anos. Há, em tudo isso, uma tentativa de enfraquecer a figura do maestro. Tenho sérias dúvidas sobre se isso vai fazer bem ao grupo."
MÁGOA"O que mais me magoa é ver um trabalho reconhecido internacionalmente, uma posição que adquiri ser colocada em jogo com ligeireza. O que me deixa magoado não é querer rediscutir as coisas mas, sim, fazer isso sem a minha presença, sem pensar que esse foi o trabalho de uma vida. Eles têm todo o direito de não renovar meu contrato. Mas há maneiras e maneiras de fazer isso. Frituras políticas independem de você, não há saída. Quando um governador, um secretário de Cultura ou uma de suas assessoras decide tirar você da jogada, e têm poder político para tanto, o conselho acaba sendo influenciado e acaba cedendo. Agora, insisto que não há razão artística para minha saída. O que existe é uma assessora do secretário, Cláudia Toni, que foi diretora da Osesp e cuja missão pessoal é, hoje, se vingar. Ela sempre foi assim, é uma pessoa muito idiossincrática. Você consegue imaginar uma pessoa que é assessora da Secretaria de Cultura e se recusa a falar com o maestro da Osesp? Eu não sei se o conselho concorda com a necessidade de mudança, mas se rendeu a ela."
A FUNDAÇÃO"No começo do projeto Osesp, eu dizia para o Marcos Mendonça: ?Você confia em mim? Me dá o dinheiro então que eu administro.? E ele sempre respondia: ?Maestro, sempre terá alguém acima de você, a burocracia estatal é assim.? A idéia da fundação, portanto, surgiu já no primeiro dia do projeto. Cortei minhas próprias pernas com isso? A instituição agora existe e continuo achando que é a melhor maneira de fazer a Osesp. Mas, estranhamente, a orquestra ficou mais dependente agora do Estado do que era antes. Nossa autoridade vinha dos resultados que obtínhamos e o governo a aceitava. Era muito mais fácil se livrar de mim naquela época, eu brigava demais com o governo. Nem sempre consegui o que queria, mas eles respeitavam quando eu dizia que esse ou aquele era o caminho a seguir. Hoje, tem sempre alguém de fora dizendo o que é melhor, o que devemos fazer."
FUTURO DA OSESP"Eu diria que estamos no fim do capítulo 1. Saímos do zero e chegamos a uma orquestra que no mundo todo sabem que existe, que é boa, que vale a pena ouvir, que ganha prêmios. Mostramos ao mundo como Villa-Lobos é interessante. As pessoas começaram a ouvir as sinfonias de Guarnieri. Colocamos a música brasileira num patamar de respeito internacional. Comissionamos obras, fizemos 30 e poucas primeiras audições. Editamos partituras , gravamos, elevamos o nível de público, com três casas cheias por semana. No começo, tínhamos uma média de 90 pessoas por concerto; hoje, são 1.400. O segundo capítulo? É continuar, fazer o que a Gramophone espera de nós, corresponder às expectativas. Há muito o que fazer, é preciso trabalhar a sonoridade, essa é uma orquestra com músicos de escolas diferentes. Ainda precisamos de uma primeira flauta, primeiro violoncelo, primeira viola. Temos de ir moldando a orquestra para que ela tenha uma sonoridade própria. Há ainda que incutir a autoconfiança, a autodeterminação, os músicos não podem depender do maestro para tocar bem, a orquestra tem de ter estrutura para cuidar da própria qualidade. Inundamos a orquestra nos últimos 12 anos com novos repertórios, agora é momento de curtir essa expansão, aprofundar a interpretação, fazer com que essa orquestra possa tocar com menos ensaios para poder render mais. Ainda é um trabalho tão longo quanto o que fizemos até agora. Estamos no fim do capítulo 1, e o 2 vai demorar tanto quanto ele."
FUTURO DO MAESTRO"Tenho uma história, uma carreira, toda minha vida regi na Europa e volto sempre para lá, tenho concertos. Eventualmente, assumirei uma orquestra européia, não tem por que não acontecer. Não estou preocupado com o meu futuro."
PolêmicasA CHEGADA
Em 1996, o maestro John Neschling era anunciado como regente titular e diretor artístico da Osesp, com o objetivo de reconstruir o grupo.
A PRIMEIRA POLÊMICA
Em 2001, após desentendimentos com o maestro Minczuk, na época diretor artístico adjunto, oito músicos, entre eles representantes da orquestra, são demitidos por Neschling.
TURNÊ E DEMISSÃO
Após a primeira turnê pelos Estados Unidos, a diretora-executiva da Osesp, Cláudia Toni, deixa o cargo presumidamente por conta de desentendimentos com o maestro Neschling sobre a produção da viagem.
FESTIVAL
Em 2004, Roberto Minczuk é escolhido pelo governo para dirigir o Festival de Campos do Jordão. Começava, nos bastidores, o desentendimento entre ele e Neschling, fazendo com que Minczuk deixasse a orquestra um ano depois.
VIRADA
Em 2005, no primeiro ano da gestão de José Serra como prefeito de São Paulo, a Osesp recusa-se a participar da Virada Cultural, alegando falta de condições de trabalho.
CONCURSO
Em 2006, a reputação do Concurso Internacional de Piano Villa-Lobos é colocada em questão com acusações de fraude e interferência na seleção de candidatos.
FARPAS
Começam, no início de 2007, os desentendimentos entre o maestro John Neschling e o governo do Estado. O secretário de Cultura João Sayad diz à imprensa que considera alto o salário do regente. Durante o Festival de Campos do Jordão, Serra encontrava-se com Minczuk - nos bastidores, os boatos davam conta de que ele estudava a possibilidade de empossá-lo como novo diretor da Osesp.
YOUTUBE
É colocado no YouTube um vídeo em que Neschling chama o governador de "menino mimado e autoritário".
SAÍDA
Em junho deste ano, a fundação Osesp informa decisão de Neschling de não renovar seu contrato em 2010.
PROCESSO SELETIVO
No dia 3 de dezembro, chega a São Paulo Timothy Walker, o primeiro dos consultores internacionais que vão ajudar a Osesp na escolha do novo maestro.
Frases"Há um ano fui chamado para um almoço com o vice-presidente do conselho, Pedro Moreira Salles. E ele me disse com todas as letras que não havia a menor condição política de renovar o meu contrato com a orquestra em 2010"
"A decisão foi tomada e continua tomada. Eu vou embora, minha permanência já não deve ser discutida. Queriam que eu participasse da escolha do substituto, mas não posso fazer parte de um processo em que não acredito, que está sendo feito de maneira intempestiva e irresponsável"
"Estou preocupado com o futuro. Agora está nas mãos deles a responsabilidade de dar continuidade ao projeto. O perigo é imenso. Não há uma idéia clara do que eles vão fazer. A vinda dos consultores é símbolo disso. Você traz um cara inexpressivo lá de fora para ficar aqui 36 horas e dizer o que tem que mudar no projeto. Isso é muito provincianismo"
"Durante anos, me deixaram fazer meu trabalho e eu honrei a confiança. Agora assume um governo que acha que pode fazer melhor, apesar de não ter idéia do que seja uma sinfônica."
JOHN NESCHLING, MAESTRO