OS MAIAS
O Fabuloso Obsceno (1995)
bastidores Os Maias
Osmar Prado
Osmar do Amaral Barbosa, conhecido pelo nome artístico Osmar Prado, nasceu em São Paulo, em 18 de agosto de 1947. Iniciou sua carreira de ator aos 10 anos de idade, integrando o elenco infantil da novela David Copperfield, na extinta TV Paulista. Interpretou diversos papéis na emissora, onde permaneceu por oito anos. Nessa época, além da televisão, trabalhou em teatro com o ator Sérgio Cardoso.
Em 1965, teve uma passagem pela recém inaugurada TV Globo, onde participou da novela Ilusões perdidas, de Ênia Petri, estrelada por Reginaldo Faria e Leila Diniz. Em 1968, convidado pelo diretor Walter Avancini, assinou contrato com a TV Excelsior para atuar na novela Os estranhos, da qual também participaram Stênio Garcia, Gianfrancesco Guarnieri e – no papel de um detetive – Édson Arantes do Nascimento, o Pelé. Ainda na TV Excelsior, integrou o elenco de duas novelas de Ivani Ribeiro, a superprodução A muralha e Dez vidas, que retratava a Inconfidência Mineira.
Assinou seu primeiro contrato com a TV Globo ainda em 1968, para trabalhar em Verão vermelho, de Dias Gomes. Gravada em Salvador, na Bahia, a novela foi protagonizada por Jardel Filho e Dina Sfat – em sua estréia na emissora – e apresentou Osmar Prado no papel de Bebeto, um jovem apaixonado pela filha do casal, Patrícia, vivida pela atriz Maria Cláudia.
Com o sucesso de sua participação em Verão vermelho, Osmar Prado foi escalado para trabalhar na novela seguinte do autor Dias Gomes, Assim na Terra como no Céu, levada ao ar entre julho de 1970 e março de 1971. Na trama, dirigida por Walter Campos, o ator trabalhou ao lado de Carlos Vereza – no papel do contestador Ricardinho – e deu vida a Mariozinho, jovem que se rebela contra o pai, um delegado repressor.
Ainda em 1971, Osmar Prado participou de O cafona, de Bráulio Pedroso, na qual interpretou Cacá, um jovem cineasta que, junto com os amigos Rogério (Carlos Vereza) e Julinho (Marco Nanini), desejava fazer o filme mais radical do cinema brasileiro. Os personagens faziam uma referência bem-humorada aos diretores Cacá Diegues, Rogério Sganzerla e Júlio Bressane. Na novela, o grupo era liderado pelo Profeta, personagem de Ary Fontoura, uma espécie de guru das praias do Rio de Janeiro.
Osmar Prado voltou a participar de uma novela de Dias Gomes no final de 1971, quando viveu o jogador de futebol Mingo, em Bandeira 2. Para dar vida ao personagem, o ator contou com uma assessoria técnica especial: o craque Mané Garrincha, então atuando pelo Olaria, orientou e participou diretamente de algumas filmagens.
No ano seguinte, Osmar Prado protagonizou sua primeira novela na TV Globo, Bicho do mato, de Chico de Assis e Renato Corrêa e Castro. Ambientada no estado do Mato Grosso, Bicho do mato apresentava o ator no papel do caipira Juba, que se apaixona por uma garota da cidade grande, a Rute, vivida por Débora Duarte.
Em 1973, o ator foi escalado para integrar o elenco fixo do seriado A grande família, escrito por Oduvaldo Vianna Filho. Seu personagem, o estudante politizado Júnior, era o terceiro filho do casal Lineu e Nenê – na época, interpretados por Jorge Dória e Eloísa Mafalda –, e não foi reproduzido na versão atual do seriado. Na década de 1970, quando o país vivia o período mais duro do regime militar, diversas falas de Júnior foram censuradas. Em determinado momento, inclusive, houve tantos cortes no texto que o programa não pôde ser levado ao ar, e a TV Globo teve que exibir a reprise de uma partida de futebol.
Com a morte do autor Oduvaldo Vianna Filho, em 1975, a produção do seriado foi suspensa, e Osmar Prado voltou, então, a participar das novelas da TV Globo. Ainda em 1975, integrou o elenco de duas adaptações de obras literárias feitas pelo autor Gilberto Braga: Senhora, de José de Alencar, e Helena, de Machado de Assis. Na primeira, interpretou o advogado Torquato Ribeiro; em seguida, viveu um dos protagonistas da trama, o Estácio, contracenando com Lúcia Alves, no papel de Helena, e Ida Gomes, como Dona Úrsula.
No ano seguinte, o ator participou da primeira novela escrita pelo autor Cassiano Gabus Mendes na TV Globo, Anjo mau. Protagonizada por Suzana Vieira, como a vilã Nice, a novela apresentou Osmar Prado no papel de Getúlio, marido da personagem Stela, vivida por Pepita Rodrigues. Em seguida, como Eupídio Morungaba, participou da novela Nina, de Walter George Durst, estrelada por Regina Duarte e Antonio Fagundes.
Ainda na década de 1970, Osmar Prado atuou em outras duas produções de sucesso da TV Globo. Em Te Contei? (1978), de Cassiano Gabus Mendes, interpretou o Edu, que vivia um triângulo amoroso com as personagens Shana, interpretada por Maria Cláudia, e Sabrina, vivida por Wanda Stephânia. Em seguida, em Pai herói, de Janete Clair, deu vida ao marginal Pepo.
Em 1980, na novela Chega mais, de Carlos Eduardo Novaes, interpretou o cantor Amaro da Bahia, que formava um par romântico com a personagem de Renata Sorrah. No ano seguinte, no papel de Alfredo, integrou o elenco de O amor é nosso (1981), de Roberto Freire e Wilson Aguiar Filho.
Após quase 15 anos de contrato com a TV Globo, Osmar Prado deixou temporariamente a emissora em 1982, para se dedicar mais ao teatro. Nos palcos, atuou nas montagens de Barrela, de Plínio Marcos, e Gente fina é a mesma coisa, de Alan Ayckbourn. Em seguida, teve uma passagem pela TV Cultura de São Paulo, onde protagonizou a minissérie Seu Quequé, adaptação feita por Wilson da Rocha do conto Pensão Riso da Noite, de José Condé.
O ator voltou a trabalhar na TV Globo no ano seguinte, em 1983, quando foi convidado para integrar o elenco do seriado Mário Fofoca, interpretado por Luis Gustavo. Osmar Prado deu vida ao corretor Donato Freitas, cujo escritório era vizinho ao do detetive Mário Fofoca, e servia de contraponto às situações vividas pelo protagonista. Em telenovelas, ainda em 1983, viveu o Joãozito em Voltei pra você, de Benedito Ruy Barbosa, e fez uma participação especial em Champagne, de Cassiano Gabus Mendes.
Participou pela primeira vez de uma minissérie da TV Globo em 1984, quando viveu o personagem Marcelo, em Meu Destino é pecar, adaptação da obra de Nelson Rodrigues feita por Euclydes Marinho. Voltou a afastar-se da emissora, em seguida, para participar de duas produções da antiga TV Manchete: as minisséries Viver a vida (1984), de Manoel Carlos, e Tudo em cima (1985), de Bráulio Pedroso. Antes disso, porém, ainda em 1984, fez a sua estréia no cinema, atuando no filme Agüenta, coração, de Reginaldo Faria.
Em 1986, de volta à TV Globo, participou de sua primeira novela das oito, Roda de fogo, de Lauro César Muniz, e interpretou um de seus personagens mais carismáticos na televisão, o Tabaco, um motorista sedutor que mantinha romances com três mulheres ao mesmo tempo, e era verdadeiramente apaixonado por todas elas. No papel, Osmar Prado contracenava com as atrizes Inês Galvão (Bel), Carla Daniel (Marlene) e Cláudia Alencar (Patativa).
No ano seguinte, voltou a trabalhar numa trama escrita por Dias Gomes, Mandala, que também foi exibida no horário das oito da noite. Com a cabeça raspada, Osmar Prado viveu o monge budista Gérson Silveira – interpretado na primeira fase da novela pelo ator Danton Mello –, irmão da protagonista Jocasta, vivida por Vera Fischer.
Em 1988, interpretou um dos personagens principais de Vida nova, de Benedito Ruy Barbosa: o italiano Pietro, que morava em um cortiço e era apaixonado por Gema, vivida pela atriz Nívea Maria. Também em 1988, Osmar Prado voltou a trabalhar numa minissérie da emissora, O pagador de promessas, de Dias Gomes, vivendo o padre Elói, sob a direção de Tizuka Yamasaki.
Atuou em nova minissérie dois anos depois, Riacho Doce, de Aguinaldo Silva e Ana Maria Moretzsohn. Baseada na obra de José Lins do Rego, Riacho Doce apresentou Osmar Prado no papel do pescador Neco. Em 1992, o ator participaria de outra trama escrita pelos mesmos autores (além do autor Ricardo Linhares), a novela Pedra sobre pedra, na qual viveu mais um personagem de grande repercussão junto ao público, o Sérgio Cabeleira, que assustava os habitantes da cidade de Resplendor em noites de lua cheia.
Em 1993, interpretou aquele que talvez seja seu maior sucesso na televisão, o Tião Galinha, um personagem exótico que carregava as crendices e fábulas do universo popular na novela Renascer, de Benedito Ruy Barbosa. O personagem, que era catador de caranguejo e sonhava ter uma roça, acreditou que poderia criar um diabinho em uma garrafa para realizar seu desejo. O papel rendeu a Osmar Prado o prêmio de melhor ator coadjuvante da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
Apesar do sucesso obtido pelo personagem, o ator deixou a TV Globo ainda durante as gravações de Renascer. Transferiu-se para o SBT, que reorganizava seu núcleo de dramaturgia com a novela Éramos seis, de Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho. Ainda no SBT, Osmar Prado integrou o elenco da novela Sangue do meu sangue (1995), de Vicente Sesso.
Osmar Prado voltou a trabalhar na TV Globo em 1998, convidado para interpretar o prefeito Barnabé de Barros, na novela Meu bem querer, de Ricardo Linhares. Dois anos depois, participou da novela Esplendor, de Ana Maria Moretzsohn, no papel de Rodolfo Bernardes.
Em 2001, integrou o elenco da premiada minissérie Os Maias. Baseada na obra de Eça de Queiroz, com adaptação feita por Maria Adelaide Amaral, a minissérie foi estrelada por Fábio Assunção e Ana Paula Arósio, interpretando Carlos Eduardo e Maria Eduarda, e apresentou Osmar Prado no papel de Tomás de Alencar.
Ainda em 2001, na novela O clone, de Glória Perez, o ator interpretou Lobato, um advogado de classe média, ex-dependente químico, que luta para se manter longe do álcool e da cocaína. Através dele e da personagem Mel, interpretada pela atriz Débora Falabella, a autora introduziu na novela a discussão sobre o uso de drogas, o drama dos usuários e as possibilidades de tratamento, o que ajudou a garantir uma grande repercussão na mídia e estimulou uma campanha contra o uso de drogas e pela valorização da vida. Em seguida, atuou em Chocolate com pimenta (2003), de Walcyr Carrasco, no papel do caipira Margarido.
Em seguida Em 2005, Osmar Prado integrou o elenco da premiada minissérie Hoje é dia de Maria, de Luiz Fernando Carvalho e Luís Alberto de Abreu, baseada na obra de Carlos Alberto Soffredini. O ator voltaria a atuar em Hoje é dia de Maria – Segunda jornada, exibida no mesmo ano.
Em 2006, Osmar Prado participou do remake da novela Sinhá Moça, de Benedito Ruy Barbosa. Exibida pela primeira vez em 1986, com Lucélia Santos e Marcos Paulo nos papéis principais, a nova versão apresentou Débora Falabella e Danton Mello como Sinhá Moça e Rodolfo, além de Osmar Prado no papel do dominador Barão de Araruna. No ano seguinte, atuou em Eterna magia, de Elizabeth Jhin. Em 2008, o ator estava na novela Ciranda de pedra, de Alcides Nogueira. Ele também integrou o elenco das minisséries JK (2006), de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira, e Amazônia – De Galvez a Chico Mendes (2007), de Glória Perez.
Osmar Prado também é atuante no teatro e no cinema. Entre os filmes em que trabalhou estão Ipanema toda nua (1971), de Libero Miguel, Agüenta, coração (1984), de Reginaldo Faria, O grande mentecapto (1989), de Oswaldo Caldeira, Boca de Ouro (1990), de Walter Avancini, A hora marcada (2000), de Marcelo Taranto, Desmundo (2002), de Alan Fresnot, e Olga (2004), de Jayme Monjardim, onde interpretou o presidente Getúlio Vargas.
No teatro, fez peças como Um rubi no umbigo (1979), de Ferreira Gullar; Um caminho para dois (2005), entre outras.
Última atualização: 06/2008
[Fontes: ANTUNES, Elizabete. “Versão original tinha nomes como Brandão Filho e Eloísa Mafalda do elenco” IN: O Globo, 25/03/2001; “A televisão está sendo mal utilizada” IN: Última Hora, 08/06/1978; COSTA, Luiz. “Astro do SBT solta o verbo em defesa de ‘Sangue do meu sangue’ IN: O Estado de S. Paulo, 15/09/1995; FERREIRA, Adriana. “Abençoado Propagandas. Deus e pelo diabo” IN: O Globo, 03/04/1993; FERREIRA, Mauro. “Osmar critica elites em tom medieval” IN: O Globo, 10/05/1996; “Frente a frente com o drama” IN: Correio Braziliense, 21/04/2002; GONÇALVES, Cláudia. “Na pele do monstro” IN: Folha de S. Paulo, 23/01/1994; GONÇALVES. Olívia. “‘Pintando o sete’ nas telas e na televisão” IN: O Globo, 07/09/1988; MARIA, Cleusa. “Eles roubaram a novela das oito” IN: Jornal do Brasil, 14/10/1986; MARINHO, Flávio. “Do drama engajado à comédia, dois papéis sucessivos num mesmo palco” IN: O Globo, 26/09/1982; MARTINS, Eliane. “Mistério em Resplendor” IN: O Globo, 12/01/1992; MARTUCHELLI, Adriana. “Pietro, um desafio para Osmar Prado” IN: O Globo, 11/12/1988; OLIVEIRA, Roberta. “‘Até logo’ aos musicais e a volta aos clássicos” IN: O Globo, 13/02/2002; “O sofredor (e engraçado) Morungaba” IN: Última Hora, 29/06/1977; PENTEADO, Lea. “Estudar e trabalhar: para um profissional de TV a difícil harmonia” IN: O Globo, 18/11/1978; PIERRY, Marcos. “Já experimentei maconha” IN: Isto É, 10/06/2002; “‘Renascer’ domina premiação de críticos” IN: Folha de S. Paulo, 02/06/1994; SOUZA, Ana Cláudia. “Um ator em busca de um personagem” IN: Jornal do Brasil, 27/11/1993; “Vocação para a comédia” IN: O Dia, 04/08/1999; www.itaucultural.org.br, acessado em 11/2006; www.teledramaturgia.com.br, acessado em 11/2006; http://us.imdb.com, acessado em 11/2006.]
Fonte :
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