Religioso foi assassinado na noite deste sábado a golpes de faca e pau
Gazetaweb - com Janaína Ribeiro e Dulce Melo
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07.11.2009 21h36
Em clima de muita comoção acontece o velório do padre Hidalberto Henrique Guimarães, na paróquia Nossa Senhora das Graças, centro do município de Murici. Centenas de pessoas já passaram pelo salão da igreja, onde está o corpo do sacerdote. Fiéis e amigos do padre Guimarães, como era mais conhecido, estão revoltados com a forma brutal do assassinato e cobram justiça para o caso. Na manhã desta segunda-feira (09) ocorrerá o sepultamento, marcado para as 8 horas, no cemitério de São José, no bairro do Trapiche, em Maceió. A polícia ainda não tem pista dos homicídas.
O corpo de padre Guimarães chegou a Murici por volta das 13h deste domingo (08). Quando o carro da funerária chegou, já aguardavam na paróquia o arcebispo de Maceió, Dom Antônio Muniz, o prefeito da cidade, Renan Filho e centenas de católicos que freqüentavam as missas celebradas pelo religioso.
“A cidade parou quando soube do crime. Ficamos todos estarrecidos. Por que tamanha perversidade? O que leva um ser humano a tirar a vida do outro de uma maneira tão violenta? Nós queremos que os assassinos do padre Guimarães sejam presos e condenados pelo que fizeram. Tamanha barbárie não pode ficar impune”, cobrou a missionária da Congregação Claretiana, irmã Maria Salete, que trabalha com o sacerdote.
Renovação carismática chocada Laura Manuela, que faz parte do grupo da Renovação Carismática da Igreja Católica, parecia ainda não acreditar no que aconteceu. “Nós estávamos reunidos, aqui mesmo na paróquia, com o nosso grupo de oração. Foi quando chegou uma companheira e disse que não tinha uma boa notícia para nos dar. Todo mundo caiu no choro e ficamos a nos perguntar quem, a partir daquele momento, iria continuar nos evangelizando. O padre Guimarães tinha muito carisma, era amigo de todos e adorava levar a palavra de Deus para os fiéis”, contou a estudante.
A dona de casa Maria José dos Santos, que acompanhava as missas do religioso há sete anos, relembrou o trabalho atuante do religioso. “Além de celebrar as missas aqui na cidade e nas capelas da periferia e das fazendas, ele era participativo, ajudava a intermediar conflitos e fazia um trabalho de conscientização pela paz nas escolas e com os grupos de jovens. Inclusive, recentemente, ele comandou a caminhada pela paz aqui em Murici. Até parece uma ironia do destino o que aconteceu. Logo o padre que combatia tanto a violência, transformou-se numa vítima fatal dela. Esperamos que as autoridades consigam tomar pé dessa onda de criminalidade que assola o nosso estado”, disse ela.
Homenagens Antes mesmo do corpo do padre chegar a Murici, os fiéis da paróquia Nossa Senhora das Graças já haviam rezando por ele. A primeira celebração aconteceu às 07h da manhã de hoje e foi ordenada por religiosos de municípios vizinhos.
Por volta das 15h, já com o corpo dentro da igreja, houve mais uma missa. Desta vez, com a participação do arcebispo de Maceió.
Sobre o caixão e, ao lado dele, fotos do padre Guimarães, um chapéu de palha que ele costumava usar e muitas flores e velas. Do lado de fora da paróquia, uma faixa com dizeres de que o padre era um homem de fé e que os moradores de Murici vão sentir muito sua falta.
“Ele era um homem de Deus e veio para nos servir. Estamos chocados. O clima na cidade realmente é de comoção total. E aqueles que conviviam aqui, no dia-a-dia com o Guimarães, ainda estão em desespero, buscando uma resposta para esse crime brutal”, lamentou o funcionário público Paulo Piramar, que era amigo do padre quando este ainda era pároco da igreja de São José, no bairro do Trapiche da Barra.
O crime O padre Hidalberto Henrique Guimarães, 48 anos, que era pároco da cidade de Murici há sete anos, distante 54 quilômetros de Maceió, estava desaparecido desde a última quinta-feira (05). No final da noite deste sábado (07), ele foi encontrado morto, em estado inicial de decomposição, dentro de sua residência, na rua Jurema, n° 90, próximo a avenida principal do Aeroclube em Maceió, no bairro Tabuleiro do Martins. O Instituto de Criminalística comprovou que o religioso foi vítima de golpes de facas e paus.
Logo quando a polícia e a perícia chegaram à cena do crime, a cozinha e a sala da residência do religioso ainda estavam tomadas por marcas de sangue nas paredes e no piso. Já os móveis estavam revirados.
Falta do religioso Padre Guimarães celebraria uma missa na cidade de Branquinha, na noite deste sábado (07),às 19h, e não compareceu. Estranhando a ausência do sacerdote, um afilhado dele, de nome não revelado pela polícia, preocupou-se e se dirigiu até a cada do religioso para saber o que havia acontecido. O jovem teria chamado pelo pároco, e como foi não foi atendido, entrou no imóvel e avistou o padre morto no chão da cozinha.
Perícia Peritos do Instituto de Criminalística afirmaram, ainda no local, que no corpo do padre Guimarães havia muitas perfurações, concentradas nas regiões abdominal e torácica, além de outras na cabeça, coxa e braços. Os assassinos também teriam tentado decapitar o sacerdote.
Os técnicos também informaram que existiam marcas de sangue nas paredes, uma suposta prova de que o padre tentou se levantar, mesmo depois de ter sido esfaqueado. Pelas digitais colhidas, as mãos eram mesmo de Hidalberto Henrique Guimarães.
Ainda segundo a perícia, ficaram comprovadas pisadas de duas pessoas dentro de casa, uma que estaria calçando sandálias e outra, tênis e não havia registros de arrombamento no imóvel.
Pelos primeiros levantamentos, provavelmente a porta da frente foi aberta e fechada com a chave que foi encontrada jogada na área, como se os criminosos tivessem arremessado-a após deixarem o imóvel.
A Polícia Civil informou que não trabalha com a possibilidade de crime de assalto por conta da forma como o padre foi assassinado. O crime será investigado pelo 4º distrito policial.
OrdenaçãoHidalbeto Henrique Guimarães, ordenou-se padre na Igreja de São José, no bairro Trapiche da Barra, em Maceió, no dia 14 de dezembro de 1992 e há sete anos era o pároco da Matriz de Nossa Senhora das Graças, em Murici. Ele também se formou recentemente em jornalismo.
Sepultamento De acordo com o arcebispo de Maceió, Dom Antônio Muniz, o sepultamento do padre Guimarães vai acontecer na manhã desta segunda-feira (09), por volta das 10h, no cemitério de São José, no bairro do Trapiche da Barra.
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