DE SÃO PAULO
O número de mortos em consequência das chuvas em cinco municípios da região serrana do Rio chegou a 631 na tarde deste domingo, segundo balanço divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil. Equipes e moradores ainda buscam vítimas.
Moradores ainda buscam corpos em Teresópolis
Cabral decreta calamidade pública em 7 municípios
Veja lista parcial com as vítimas
Leia relatos sobre os estragos
Saiba como fazer doações para as vítimas das chuvas
Veja como ficaram os pontos turísticos
Veja imagens dos estragos no Rio
Veja cobertura sobre chuvas na região serrana do Rio
As mortes ocorreram em Nova Friburgo (285), Teresópolis (269), Petrópolis (56), Sumidouro (19) e São José do Vale do Rio Preto (2). Inicialmente, a Prefeitura de São José do Vale do Rio Preto havia informado que quatro pessoas haviam morrido na cidade, mas a informação foi corrigida no sábado.
POLICIAMENTO
O Comando Geral da PM do Rio determinou na manhã deste domingo a prisão de comerciantes que estiverem cobrando preços abusivos na região serrana. A medida é válida para as cidades de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis e tenta coibir a prática de crimes contra o consumidor.
Segundo o porta-voz da Polícia Militar, coronel Lima Castro, 400 homens da corporação ajudam nos trabalhos de socorro e segurança das vítimas. Em meio a tragédia, tentativas de saque foram relatas por comerciantes.
Depois da tragédia, a população de Nova Friburgo começou a sofrer com o racionamento de comida. Assustados com a dimensão dos estragos causados pelas chuvas, os moradores passaram a tentar estocar comida, apesar da grande quantidade de donativos enviada para a região. Isso provocou uma disparada nos preços.
As chuvas também ilharam produtores rurais e destruíram plantações principalmente de verduras e hortaliças. Como consequência, os produtos já começam a sumir dos supermercados da capital fluminense e, quando encontradas, os preços mais do que dobraram em relação à semana passada.
Hudson Corrêa/Folhapress | ||
Entre escombros, moradores de Teresópolis ainda buscam corpos no bairro Campo Grande; veja imagens |
CALAMIDADE
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), decretou neste domingo estado de calamidade pública nos municípios de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Bom Jardim, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Areal.
No sábado (15), foi decretado luto oficial de sete dias no Estado e de três dias no Brasil.
Felipe Dana/AP | ||
Luis dos Santos, 67, é resgatado neste domingo após ficar vários dias isolado; veja mais imagens |
SUSTO
O governador Cabral sentiu ontem na pele o efeito das chuvas na região serrana. Com visita programada a Nova Friburgo para as 11h, ele não conseguiu pousar na cidade de helicóptero e teve que descer em Cachoeiras de Macacu, a 40 km.
No meio do caminho, na rodovia estadual RJ-116, caiu uma chuva forte e houve um deslizamento abaixo do nível do asfalto, que começou a se desfazer. "É assustador. De repente a água vem e a estrada que estava semibloqueada começa a ruir", disse Cabral.
Anteontem (14), Cabral afirmou hoje que haverá o momento de se fazer "autocrítica" e "avaliação" sobre a tragédia na região serrana, mas que ainda não era hora.
Chuvas
O estado partido: queda de pontes em Bom Jardim isola cidades ao norte de Friburgo
Governo pede ajuda às Forças Armadas para reconstruir ligação na RJ116. Recomendação é para que motoristas evitem transitar pela serra
A ponte da RJ-116 sobre o Rio Grande, na altura do bairro Bem-te-vi: estrada é a ligação do norte da região serrana com Nova Friburgo e a capital (Ana Amélia Erthal/Divulgação)
A força da enxurrada que devastou Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis tem impacto em uma região muito mais ampla que os bairros que registraram mortes e casas destruídas. Os danos à infraestrutura dos municípios ao norte desta parte do estado ainda são incalculáveis e, com a destruição de pontes nas principais rodovias de acesso à capital, ainda não há sequer previsão de normalização do abastecimento e dos transportes.
Na manhã deste domingo, o governador Sérgio Cabral decretou estado de calamidade pública nos municípios de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Bom Jardim, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Areal. A decisão, informa uma nota oficial do Palácio Guanabara, visa a dar agilidade para a contratação de serviços, aquisição de materiais e execução de obras. O decreto de estado de calamidade pública permite dispensa de licitação para reabilitação das cidades mencionadas e destruídas. As medidas entram em vigor na segunda-feira, 17.
A queda de três pontes deixou os municípios a partir de Bom Jardim, a 25 quilômetros de Nova Friburgo, separados do sul do estado. Na manhã da quarta-feira, 12, a força da correnteza do Rio Grande, que recebe toda a água do Rio Bengalas, de Nova Friburgo, varreu casas, derrubou barreiras e praticamente dobrou a calha do curso d’água que se conhecia há mais de 50 anos.
Como explicou ao site de VEJA o prefeito Affonso Monnerat, de Bom Jardim, a cidade ficou partida em quatro. “A ponte da RJ 116 sobre o Rio Grande separou o Centro do bairro Bem-te-vi e da comunicação com Nova Friburgo. As barreiras impedem acesso à zona rural, Barra Alegre. A queda de outra ponte impede a passagem para o distrito de Banquete”, disse. O próprio prefeito só conseguiu chegar ao centro da cidade na quinta-feira, depois de ficar isolado na zona rural do município. A Polícia Militar trabalha para a recuperar as pontes da cidade. “O maior problema de Bom Jardim é o isolamento. Lá está péssimo. Estamos dando prioridade para o município também”, afirma o porta-voz da PM do Rio, Coronel Lima Castro.
A partir de Bom Jardim, pela RJ116, chega-se aos municípios de Duas Barras, Cordeiro, Cantagalo e Macuco, pólo produtor de cinema do estado do Rio. “A produção de cimento, assim como as pequenas indústrias locais e os produtor da lavoura dessas cidades precisa, agora, dar uma volta de 300 quilômetros para chegar ao Rio”, detalhou o secretário de governo de Bom Jardim, Descio Frerie. A Ampla conseguiu religar cerca de 80% da energia elétrica em Bom Jardim. Mas a cidade ainda não tem nenhum telefone – fixo ou celular – em operação. A promessa das operadoras é de que a situação começasse a se normalizar neste domingo.
Cratera aberta na RJ-116, em Nova Friburgo: risco permanente
A RJ-116, no trecho que está sob administração da concessionária Rota 116, está com tráfego interrompido preventivamente quilômetros 75 e 78. O procedimento de “Pare e Siga” está sendo adotado no km 92, na localidade do Vale do Tainá. Já o km 102, em Bom Jardim, continua sem passagem após a queda das pontes. Os postos de pedágios da Rota 116 em Itaboraí e Cachoeiras de Macacu estão recebendo as doações para Nova Friburgo.
Segundo informou a Secretaria Estadual de Obras, o departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ) conseguiu liberar em meia-pista parte da RJ-142, retirando 25 barreiras no trecho que liga os distritos de Muri à Lumiar, que também é uma opção de tráfego até Nova Friburgo. O tráfego está liberado no trecho da RJ-142 que liga Lumiar até Casimiro de Abreu. O DER conseguiu liberar a RJ-130 (via que liga Teresópolis à Nova Friburgo) e a RJ-150 (entre as cidades de Friburgo e Amparo), mas alguns trechos permanecem em meia-pista.
Saiba a situação das demais estradas na região serrana:
RJ-172 – A estrada que liga Macuco e Manuel de Moraes está liberada para trafego de veículos leves, com limitador de altura no local, para controlar o acesso à ponte na localidade de Manoel de Moraes.
RJ-146 – Ainda está interditada devido às pontes que cederam no trecho entre o município de Bom Jardim e o distrito de Barra Alegre. Estudos estão sendo feitos para solucionar a questão.
RJ-163 – Está liberada somente para veículos leves, entre Capelinha e Visconde de Mauá.
RJ-155 – A rodovia que liga Barra Mansa a Angra dos Reis está com tráfego liberado, com equipes de monitoramento no local.
RJ-162 – Está funcionando apenas meia pista do Km 73 ao Km 74. Um bueiro estourou arrebentando parte do asfalto da estrada. Equipes estão no local trabalhando para liberar o trânsito. Essa rodovia liga o município de Rio das Ostras ao município de Trajano de Moraes, passando por Casimiro de Abreu e pela região serrana de Macaé.
RJ-194 – Está interrompida. O Rio Paraíba do Sul está aproximadamente 10 metros acima do nível e invadiu a rodovia numa distancia de 4 km de Gargaú.
RJ-134 – Interdição na entrada do município de São José do Vale do Rio Preto até a BR-116 devido a várias quedas de barreiras, além da queda de duas cabeceiras da ponte logo no início da cidade. Funcionários e máquinas trabalham na limpeza e retirada de barreira, tendo que avaliar as medidas a serem tomadas com relação à ponte e erosões de pista.
RJ-176 – Em São Sebastião do Alto, a RJ-176 também está interditada devido ao transbordamento do Rio Grande. Medidas de reparo emergenciais já começaram na localidade.
RJ-192 – A ligação entre São Fidelis e Itaocara está com trafego normalizado, após uma pequena erosão na cabeceira da ponte, ocasionada pela elevação do Rio Grande na localidade conhecida como Cambiasca.
Sphere: Related Content