Menina de 14 anos está em estado grave e respira por aparelhos. Internada desde o dia 20, ela tinha apresentado melhora durante a semana.
A jovem de 14 anos que contraiu a nova gripe em uma viagem para a Argentina teve "pequena piora" em seu estado clínico neste domingo (28), segundo informou ao G1 a diretora de saúde da Secretaria Municipal de Sáude de São Gabriel (RS), Kátia Raposo Pereira.
A menina está internada em estado grave desde sábado da semana passada (20) e vinha apresentando melhora gradual durante a semana, de acordo com a médica. A paciente está isolada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário de Santa Maria, que fica a 160 quilômetros de São Gabriel, e respira por aparelhos.
Caminhoneiro de 29 anos do Rio Grande do Sul é a primeira vítima fatal. Ministro disse que há outro paciente contaminado que 'inspira cuidados'.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou neste domingo (28) a primeira morte no país causada por influenza A, a nova gripe. Um homem de 29 anos, que esteve na Argentina e estava internado no Rio Grande do Sul, foi o primeiro caso confirmado.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, a vítima era um caminhoeiro da cidade de Erexim. Ele estava internado na cidade vizinha de Passo Fundo. O Ministério da Saúde, porém, não deu detalhes do paciente.
Segundo Temporão, o paciente passou sete dias na Argentina e teve os primeiros sintomas da doença no dia 15 de junho quando ainda estava no país vizinho. Ele foi internado em 20 de junho, no Rio Grande do Sul e, no dia 23, segundo Temporão, teve uma piora, com "sintomas que evoluíram para um quadro de insuficiência respiratória".
"Mesmo devidamente assistido, veio a falecer hoje de manhã. O Ministério da Saúde lamenta profundamente a morte e reafirma que está lançando mão de todos esforços para conter a doença e evitar a ocorrência de óbitos", disse.
A morte do paciente se deu 64 dias após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar que o mundo enfrentava uma pandemia da nova doença.
Apesar da primeira morte registrada no país, Temporão afirmou que o índice de letalidade da doença ainda é considerado "baixo". "Há uma percepção em todo mundo da queda da letalidade. Não existem evidências que esse novo vírus esteja se misturando a outros, o que é compatível com a baixa letalidade. No início, [o índice de letalidade] era de 2%, caiu para 0,5% e agora se aproxima de 0,4%. Está em queda. No Brasil, a maioria dos casos tem sintomas leves", afirmou ele.
Além da morte registrada no Rio Grande do Sul, Temporão afirmou que há outro caso no país cujo paciente "inspira cuidados". "Além disso, está sendo investigada a morte, na última sexta-feira, de um paciente norte-americano no Rio Grande do Sul. Segundo a Secretaria Estadual daquele estado, exames preliminares revelaram que não há evidências de que a causa da morte tenha sido pelo H1N1. Entretanto, os resultados finais devem estar prontos apenas amanhã", acrescentou.
Vacina
O ministro afirmou que uma vacina está em fase final de desenvolvimento, embora tenha dito que não há uma previsão de quando ela pode estar disponível para a população. Ele disse ainda que a transmissão no Brasil não mudou de classificação e, deste modo, permanece "sem sustentabilidade". "Ou [as pessoas contaminadas] vieram de fora, ou transmitiram localmente, mas se deu por um vínculo epidemiológico forte", afirmou.
Desde 11 de junho, quando foi declarado o status de "pandemia" para a nova gripe, o número de casos registrados no Brasil começou a crescer com mais rapidez. Naquele momento, 56 pessoas estavam com o vírus. Neste sábado (27), o Ministério da Saúde confirmou que 591 brasileiros com a nova gripe, um crescimento de 955% nas últimas semanas.
Neste domingo (28), o ministro Temporão afirmou que o aumento do número de viajantes em férias para países afetados, como Estados Unidos, México, Canadá, Chile, Argentina, Austrália e Reino Unido, que possuem "transmissão sustentada", gerou o aumento de ocorrências no Brasil. "Temos um aumento no número de casos importados e temos o início do inverno no Hemisfério Sul, quando os casos de gripe também aumentam", afirmou.
Outros países com mortes
Além do Brasil, outros 12 países também já confirmaram mortes decorrentes da nova gripe. O país com mais casos confirmados de morte é os Estados Unidos, com 127, seguido do México (119), da Argentina (26), do Canadá (21), do Chile (12), da Austrália (5), da República Dominicana (2), da Colômbia (2), e da Costa Rica, Reino Unido, Honduras e das Filipinas, com uma morte confirmada. Estes dados foram divulgados neste sábado (27) pelo Ministério da Saúde.
Mudanças na forma de confirmação
Na última sexta-feira (26), Temporão anunciou mudanças na forma de confirmação da doença. Segundo ele, quando houver um caso confirmado em uma instituição – uma escola ou uma empresa, por exemplo – todas as pessoas que apresentarem sintomas da doença serão consideradas infectadas.
Segundo o ministro, os EUA também seguem esse protocolo, de confirmar casos por vínculos em lugares fechados. Essa nova orientação, no entanto, não vale para residências. Nesse caso, o sistema para identificar o vírus continua o mesmo.
CARACAS (Reuters) - Hugo Chávez, presidente da Venezuela, colocou suas tropas em alerta neste domingo depois de um golpe em Honduras e disse que poderá responder militarmente se seu enviado ao país centro-americano for morto ou sequestrado.
Chávez afirmou que soldados hondurenhos raptaram o embaixador cubano e deixaram o embaixador venezuelano à beira de uma estrada após baterem nele durante o golpe militar contra o presidente hondurenho Manuel Zelaya.
O Exército hondurenho depôs Zelaya e o isolou neste domingo, no primeiro golpe militar na América Central desde a Guerra Fria, depois de ele ter desagradado as forças armadas ao tentar sua reeleição.
Chávez, em pronunciamento na televisão estatal, disse que se o embaixador da Venezuela for morto, ou as tropas entrarem na embaixada venezuelana, "esta junta militar entraria em um estado de guerra de fato, e teríamos que agir militarmente". Ele acrescentou: "eu coloquei as forças armadas da Venezuela em alerta."
Chávez lidera um grupo de países esquerdistas, entre eles Honduras e, no passado, chegou a ameaçar militarmente países da região, mas nunca levou as ameaças em frente.
Chávez disse que se um novo governo for empossado depois do golpe, ele deve ser derrubado.
"Nós os derrubaremos, nós os derrubaremos, eu digo a vocês", disse ele.
Em 2008, Chávez enviou tanques para a fronteira com a Colômbia depois de tropas colombianas atacarem uma base de guerrilheiros no Equador, que é parte da coalizão de países com governo de esquerda na América Latina, liderada pela Venezuela.
Esta crise foi resolvida poucos dias após o incidente, sem uso de violência.
Alguns dos líderes da América Latina que pertencem à coalizão Alternativa Bolivariana (Alba) farão um encontro na Nicarágua para discutir que posição tomar em relação a Honduras.
SÃO PAULO - Com mais de 450 casos confirmados de Influenza A (H1N1), a doença está perto de mudar de estágio no Brasil, segundo o infectologista David Uip, que é diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. "Ainda não termos transmissão sustentada interna, mas estamos no limite", afirma o especialista. A boa notícia é que ele vê o novo vírus como causador de uma gripe muito parecida com a comum, sem maiores riscos para a saúde das pessoas.
Até agora, o protocolo do Ministério da Saúde que detalha os procedimentos a serem seguidos para identificação da doença ainda considera que só deve ser classificado como "caso suspeito" aquele em que o paciente apresenta sintomas de gripe - como febre, dor de garganta e dor de cabeça - e que também tenha estado, nos últimos dez dias, em países com casos confirmados de infecção pelo vírus. A outra hipótese é que o paciente tenha tido contato, nos últimos dez dias, com alguma pessoa classificada como caso suspeito ou confirmado. Portanto, somente nesses dois casos os pacientes têm sido tratados como suspeitos e submetidos a testes.
Na visão de Uip, com a gripe espalhada por mais de cem países e em crescimento no Brasil, começa a perder o sentido seguir mapeando a origem de todos os casos da doença, até porque se torna cada vez mais difícil controlar a transmissão dentro do país. "A minha opinião é de que não precisa testar mais ninguém", diz Uip, citando que apenas ontem, quinta-feira (25), cerca de 500 pessoas estiveram no Emílio Ribas com sintomas de resfriado e gripe e com medo de estarem infectados pela nova gripe, chamada também de gripe suína.
"Não tem sentido fazer consulta para todos os casos de espirro e tosse. Se é o vírus H1N1, ou se é o H5N1 (vírus da Influenza sazonal), tanto faz", afirma o médico, considerando, portanto, que não deve haver alarde sobre o novo vírus. "Era importante (fazer o mapeamento dos casos) até agora para saber o que estava acontecendo, mas o dado epidemiológico vai se perder", sentencia.
O infectologista diz, inclusive, que a orientação do Ministério da Saúde deve mudar em breve, com a indicação de que só se recomende o uso de remédios nos casos mais graves.
Segundo o especialista, só deve procurar um médico a pessoa que está com uma gripe prolongada, que não melhora, com sintomas de sinusite, pneumonia e falta de ar. "Um quadro que não caminhe como de uma gripe normal, que seja diferente de ficar um ou dois dias com os sintomas tradicionais", exemplifica.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, confirmou na tarde deste domingo (28) a primeira morte no Brasil em decorrência da gripe suína, a chamada gripe A (H1N1). O caso foi registrado em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Trata-se do caminhoneiro Vanderlei Vial, de 29 anos, que esteve na Argentina a trabalho e retornou no dia 20 ao Brasil.
"Infelizmente, o Brasil registra a primeira morte relacionada ao influenza", disse em entrevista coletiva o ministro. "O Ministério da Saúde lamenta profundamente a morte e reafirma que está lançando mão de todos os esforços para conter a doença e evitar a ocorrência de óbitos", completou.
O paciente estava internado no Hospital São Vicente de Paulo e, segundo Temporão, havia manifestado os primeiros sintomas da doença no dia 15 de junho, ainda no país vizinho. O diagnóstico de gripe foi dado no dia 20 de junho e, no dia 23, Vial teve seu quadro agravado e apresentou "sintomas que evoluíram para um quadro de insuficiência respiratória". Ele morreu na manhã deste domingo.
Temporão disse ainda que o índice de letalidade da doença ainda é considerado baixo. "No início, [o índice] era de 2%, caiu para 0,5% e agora se aproxima de 0,4%. Está em queda. No Brasil, a maioria dos casos tem sintomas leves. Há uma percepção em todo mundo da queda da letalidade", falou.
O ministro ressaltou que não existem evidências que esse novo vírus esteja se misturando a outros. Ele confirmou mais 36 novos casos da doença, elevando para 627 as pessoas infectadas no Brasil. Os novos casos estão nos Estados de São Paulo (14), Rio de Janeiro (6), Rio Grande do Sul (5), Distrito Federal (5), Pernambuco (3), Goiás (2) e Tocantins (1).
A Editora Abril divulgou um comunicado interno nesta quinta-feira (25), confirmando que uma funcionária da área de Publicidade do prédio da Marginal Pinheiros, em São Paulo, teve o diagnóstico confirmado de gripe influenza A/H1N1, mais conhecida como gripe suína.
Segundo a nota, o mais provável é que a funcionária tenha sido infectada no último feriado prolongado (Corpus Christi), quando viajou para a Argentina. Como medida para evitar a disseminação do vírus, a Abril determinou o afastamento, por dez dias, das pessoas que trabalham com ela.
Leia abaixo a nota na íntegra:
Nesta quinta-feira, 25/6, uma funcionária da área de Publicidade do NEA - e que já se encontrava afastada do trabalho - teve a confirmação do diagnóstico de gripe influenza A/H1N1, vulgarmente chamada de gripe suína. Ela provavelmente foi infectada no último feriado prolongado (Corpus Christi), quando viajou para a Argentina.
A abriliana foi medicada e não apresenta mais nenhum sintoma da doença. Ela está sendo acompanhada pelo serviço de saúde do Hospital Emílio Ribas,que mantém contato com a equipe de Saúde e Segurança no Trabalho da Abril. O encaminhamento da Abril foi o de afastar aqueles que tiveram contato mais próximo com a funcionária, ou seja, as pessoas da sua equipe, que ficarão afastadas do trabalho até a próxima semana, já que o período de incubação da doença é de, no máximo, 10 dias.
Esses funcionários estão devidamente esclarecidos e, em seu retorno ao trabalho, passarão no Espaço Saúde do NEA (ambulatório) para liberação médica. As ações da Abril estão tendo orientação do dr. Milton Ribeiro, com consultoria do infectologista David Uip.
Providências e orientações gerais
A Abril informa que vem tomando uma série de providências para evitar as doenças do inverno, incluindo a influenza A. Entre essas providências estão o monitoramento constante dos casos de resfriados, tosse e febre que passam em seus ambulatórios e maior freqüência na limpeza geral dos ambientes.
Dr. Milton Valente orienta para que todos fiquem muito atentos a qualquer sintoma anormal, como tosse, coriza, febre e dor no corpo. Em caso de dúvida, vale procurar rapidamente um recurso de saúde. Se a pessoa estiver na Abril, deve se dirigir ao ambulatórioAlém disso, alguns cuidados básicos podem ser úteis na prevenção das doenças de uma forma geral - em especial a influenza A/H1N1:
lavar as mãos com água e sabão várias vezes ao dia
- evitar tocar olhos, nariz ou boca
- evitar aglomerações
- evitar choques térmicos (troca de ambientes com temperaturas muito diferentes)
- não compartilhar alimentos e objetos de uso pessoal
- cobrir nariz e boca com lenço ou guardanapo ao tossir ou espirrar
- não usar medicamentos sem orientação médica.
A empresa não recomenda viagens para os países que apresentam maior incidência da doença, como EUA, Canadá, México, Chile, Argentina e Austrália. Também reforça o compromisso de manter os funcionários informados sobre qualquer eventualidade ou fato novo relacionado à doença, que já é considerada uma pandemia pelos órgãos públicos de saúde.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, confirmou na tarde deste domingo a morte do primeiro brasileiro vítima da gripe suína (influenza A-H1N1). O paciente morreu em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul.
REVISTAS ABRIL
MAIS INFORMAÇÕES
Temporão não citou o nome da vítima, mas o Hospital São Vicente de Paula, de Passo Fundo, informou que se trata do caminhoneiro Vanderlei Vial, de 29 anos, que esteve na Argentina a trabalho e retornou no dia 20 ao Brasil.
"Lamentamos a morte e reafirmamos que estamos lançando mão de todos os esforços para evitar óbitos", afirmou Temporão.
O ministro informou que houve aumento do número de casos no Brasil. Deste sábado para domingo, disse ele, foram confirmados 36 novos casos. O total de pessoas infectadas chegou a 627.
Até agora foram registradas 320 mortes no mundo por causa da nova gripe.
No sábado, outra suspeita de morte pela gripe suína havia sido levantada pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul. Exames preliminares não revelaram evidências de que a causa da morte do cidadão americano no município de Montenegro tenha sido o vírus H1N1, mas ainda não foi anunciada uma conclusão definitiva.
Gripe suína
Dos primeiros casos no México até o risco de pandemia global, a progressão da doença e suas características.
SÃO PAULO - O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou hoje que a rede municipal de ensino carioca continuará funcionando normalmente apesar do aumento de casos na cidade de influenza A H1N1, que ficou conhecida como gripe suína. Segundo a Agência Brasil, Paes disse que, até o momento, não há informações sanitárias que justifiquem a suspensão de aulas nas escolas.
"Não há necessidade alguma das medidas que temos visto aí, de colégios particulares parando com as aulas ou de empresas fechando. Portanto, a rede municipal vai continuar funcionando a pleno vapor, mesmo com o provável aumento do número de casos", disse.
Paes não descartou que possa haver uma suspensão de aulas na rede, no futuro, mas disse que isso dependerá da evolução da doença e das informações passadas pelas autoridades sanitárias. Até o momento, foram confirmados 60 casos de gripe suína no Estado, dos quais 49 na capital.
BRASÍLIA - O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, confirmou hoje a primeira morte provocada por gripe suína no País. Trata-se de um homem de 29 anos, morador do Rio Grande do Sul, que havia viajado para a Argentina. De acordo com Temporão, ele apresentou os primeiros sintomas no dia 19 e no dia 20 houve a confirmação do contágio. Seu estado de saúde começou a piorar no dia 23, até evoluir para um quadro de insuficiência respiratória. "O Ministério da Saúde lamenta a morte ocorrida na manhã de hoje e reafirma que está lançando mão de todos os esforços para evitar a ocorrência de novos casos e outras mortes", disse Temporão.
A notícia do primeiro óbito, segundo o ministro, não altera em nada a estratégia que vem sendo adotada pelo ministério. "Trata-se de um momento difícil, mas reitero e reafirmo que isso não muda em nada a nossa estratégia". Ele observou que a gripe suína tem características muito semelhantes às da gripe sazonal e até agora tem mortalidade baixa, de 0,4%.
Hoje foram confirmados mais 36 casos de infecção no Brasil. Com isso, sobe para 627 o número de casos confirmados da doença no País. Há também outros 477 pacientes com a suspeita da doença. Segundo ele, 75% dos casos confirmados são de brasileiros que viajaram para o exterior, ou seja, de "casos importados".
O ministro também comentou o caso de um norte-americano que faleceu na última sexta-feira, em Montenegro (RS). "Exames preliminares da Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul apontaram não se tratar de gripe suína. Teremos a confirmação amanhã, com novos exames", afirmou. O ministério não tem informações até o momento se o paciente que morreu na manhã de hoje apresentava alguma doença que o tornou mais vulnerável à infecção pelo vírus A H1N1. Até o fim do dia devem ficar prontos os exames complementares.
Quarta-Feira, 02 de Abril de 2008 | Versão Impressa
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Do Começo ao Fim trata de uma relação delicada
O cineasta Aluízio Abranches, de Um Copo de Cólera, fala de seu próximo filme, previsto para ser rodado em junho e que vai narrar a paixão entre dois irmãos
Ubiratan Brasil
Uma relação atípica, revelada de forma serena e carinhosa. É o que pretende o cineasta Aluízio Abranches (Um Copo de Cólera, As Três Marias) com seu novo projeto, a ser filmado em junho - Do Começo ao Fim trata da relação entre dois meios-irmãos (são filhos apenas da mesma mãe). Mais que a camaradagem habitual, Francisco e Thomás se gostam muito. Na verdade, eles se amam. "Com uma narrativa particular, o filme pretende contar a história de um amor incondicional como uma possibilidade, como um contraponto para um mundo cheio de violência, medo e intolerância", afirma Abranches.
Eis seu principal desafio: apresentar uma relação normalmente considerada proibida como algo natural, sem transgressão. Assim, a delicada relação entre Francisco e Thomás não provoca tanto espanto nas pessoas que os cercam - a surpresa inicial logo cede espaço para a conformidade de que a vida segue seu curso natural, ainda que por vias não tão freqüentadas.
"Gosto de lembrar alguns detalhes da história de Juno, filme tão badalado", afirma Abranches. "A gravidez da menina é encarada com naturalidade pelo pai e pela madrasta, que também não se espantam quando ela decide oferecer o bebê para doação. Também a mulher que aceita a criança faz isso com a maior naturalidade. Esse é o tom que busco para meu filme: uma sucessão de acontecimentos aparentemente fora de padrão, mas tratados sem sobressaltos."
Júlia Lemmertz, que participou de Um Copo de Cólera e As Três Marias, retoma a parceria com Aluízio Abranches e vai viver Julieta, a médica que trabalha no setor de emergência de um hospital e se casa com um argentino, Pedro, com quem tem um filho, Francisco. Eles se separam e Julieta conhece o arquiteto Alexandre. Da união, surge Thomás. "O menino, aliás, nasce com os olhos fechados e assim permanece durante várias semanas", conta o diretor, que ainda seleciona o restante do elenco. "A mãe não se preocupa - para ela, quando quiser, Thomás abrirá os olhos. É assim, nos primeiros dias de vida, que ele aprende o que é livre-arbítrio." E, quando decide finalmente descobrir o mundo que o cerca, Thomás abre os olhos e mira direto em Francisco, seu irmão de 6 anos.
O primeiro indício de que os dois vivem uma relação especial é percebida por Pedro, quando os irmãos, ainda garotos, vão a Buenos Aires passar um Natal juntos com o argentino. "Pedro comenta com Julieta sobre a grande cumplicidade dos meninos, mas a mãe não se alarma: ela já conhece o carinho que une os filhos e não se espanta."
Julieta carrega, segundo Abranches, as características que anunciam o eixo central do filme. É uma mulher com outra materialidade. "Eu a descrevo por meio de frase de Bernard Shaw, que dizia: ?Algumas pessoas olham para o mundo e perguntam ?por quê?? Eu penso em coisas que nunca existiram e me questiono ?por que não??"
Do Começo ao Fim não é uma fábula, no entender de seu diretor, pois retrata a rotina de uma família do Rio de Janeiro. E a história dos dois irmãos engloba, na verdade, uma trajetória familiar. A trama se inicia em 1986, com o nascimento de Thomás, e dá um salto para os dias atuais de forma engenhosa - ainda garotos, os meninos vão a Buenos Aires para o enterro de Pedro e, quando chegam ao cemitério, já são adultos e acompanham, na verdade, o enterro da mãe.
Mesmo disposto a colaborar na conscientização de um público, inspirando uma visão otimista da natureza humana, Abranches enfrenta dificuldades em encontrar investidores. O assunto, ainda tabu, afugenta os conservadores - alguns chegaram a propor uma troca no parentesco dos rapazes (primos); outros preferiam que fossem duas irmãs.
A solução veio com Fernando Libonati, sócio-dirigente da produtora Pequena Central, que, sensível a um novo processo de criação, abraçou o projeto. O filme vai ganhar, assim, ares de produção independente, mas garante sua essência libertária.
"Não fiz um filme gay", diz diretor de longa sobre irmãos amantes EDUARDO TARDIN Da Redação
Desde que vazou na rede no início do mês, o vídeo promocional do filme "Do Começo ao Fim" tem causado polêmica na internet. Dirigido por Aluízio Abranches, de "Um Copo de Cólera" e "As Três Marias", o filme mostra a relação incestuosa entre os meio-irmãos Francisco e Thomás, vividos pelos atores João Gabriel Vasconcellos e Rafael Cardoso. No elenco, estão ainda Julia Lemmertz, como mãe dos rapazes, e Fábio Assunção como o pai de um deles. Apesar das cenas dos irmãos trocando carinhos no banho e na cama, Abranches faz questão dizer que não fez um "filme gay", e nem saberia dizer se os personagens que criou são necessariamente homossexuais. "Pode ser uma relação que acontece só entre os dois", desconversa. "Quis apenas tratar de dois assuntos que me interessam bastante, que são as relações amorosas e a família".
O fato de Francisco e Thomás serem meio-irmãos não foi uma forma de aliviar a história. "Não tinha nem o que aliviar ali", diz o diretor, que também assina o roteiro. "Quando jovem fui um ávido leitor de Eça de Queiroz e reli 'Os Maias' várias vezes, talvez na esperança de que alguma vez os protagonistas fossem ter um final feliz", diz. "No meu filme, queria uma história de amor entre irmãos que não tivesse que acabar em sangue, como sempre acontece", diz Abranches, que não vê problemas numa relação como a retratada no filme: "estou esperando alguém me dizer porque não poderia acontecer".
Uma das características do filme que mais deve causar desconforto, segundo o diretor, é o fato de a relação de Francisco e Thomás ser tratada como algo perfeitamente normal. "Quero poder levantar uma discussão sobre esses dois tabus, mas sem focar neles; em nenhum momento no filme isso [a viabilidade do romance] é posto em discussão".
Ele também acredita que a relação incestuosa retratada não é mais polêmica do que o fato de serem dois homens. "Já li comentários indignados por causa do incesto, mas tenho certeza de que o que incomoda mais é a relação entre dois rapazes. A homossexualidade é mais tabu que o incesto intre irmãos", acredita o diretor.
ABOUT THE MOVIE Director: Aluizio Abranches Produced by: Pequena Central, of (actor) Marco Nanini Cast: João Gabriel, Rafael Cardoso, Gabriel Kaufmann, Lucas Cotrim, Júlia Lemmertz e Fábio Assunção. about: after the death of their mother, two brothers start an homossexual relationship. Release: 28 aug 2009
Do Começo ao Fim, que Aluízio Abranches concluiu na semana passada, mostra o relacionamento entre dois irmãos
Ubiratan Brasil, RIO
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O clima de tranqüilidade dentro da casa contrasta com a tempestade que cai lá fora. O mundo desabando em raios e trovões parece não incomodar o diretor Aluízio Abranches que, naquela tarde de outubro, observa os atores Julia Lemmertz, Louise Cardoso e Fábio Assunção se acomodarem em uma mesa de jantar. Juntos, também os garotos Gabriel Kaufmann e Lucas Cotrim, que vivem os pivôs de Do Começo ao Fim, novo longa de Abranches cujas filmagens terminaram na semana passada, depois de locações no Rio e em Buenos Aires.
A cena, acompanhada pelo Estado, retrata um trivial almoço em família, em que a forte presença da mãe (Julia Lemmertz) já prepara o espectador para o tipo de relacionamento pouco usual que vai marcar a convivência entre os dois irmãos (Gabriel e Lucas). "Fiquei quatro anos cuidando dessa história, tomando todas as precauções para que nenhum detalhe se transformasse em um exagero", conta o cineasta, autor de obras como Um Copo de Cólera e As Três Marias.
Tamanho cuidado, de fato, é bem vindo - Do Começo ao Fim trata de um tema delicado. Gabriel e Lucas interpretam Thomás e Francisco, dois garotos que têm a mesma mãe, Julieta (Julia, atriz com presença constante nos filmes de Abranches), mas pais distintos. Juntos, os irmãos desenvolvem um carinho muito particular que logo se transforma em amor.
O relacionamento diferenciado, aliás, é revelado de uma forma delicada - Thomás nasce com os olhos fechados e assim permanece durante várias semanas. "Mas a mãe não se preocupa", conta Abranches, autor do roteiro. "Para ela, quando quiser, Thomás abrirá os olhos. É assim, nos primeiros dias de vida, que ele aprende o que é livre-arbítrio." E, quando decide finalmente descobrir o mundo que o cerca, Thomás abre os olhos e mira direto em Francisco, seu irmão de 6 anos.
A naturalidade com que se desenvolve o relacionamento entre os dois irmãos é permitida graças à presença de Julieta, que se transforma no eixo do filme. Abranches costuma descrevê-la com uma mulher com outra materialidade. "Sua personalidade se encaixa bem em uma frase de Bernard Shaw, que dizia: ?Algumas pessoas olham para o mundo e perguntam ?por quê?? Eu penso em coisas que nunca existiram e me questiono ?por que não??."
O mesmo clima de tranqüilidade é transmitido pelo elenco que, segundo o diretor, compreendeu o espírito da história. A ponto de se tornar rotineiro o fato de, a cada dia de filmagem, os atores contribuírem com sugestões, seja um acréscimo no diálogo ou algum gesto logo incorporado na história. "Eles entenderam que o filme não é uma fábula, mas o retrato de uma família que incorpora uma novidade."
A preparação para a filmagem, no entanto, não foi fácil. Abranches conta que, logo depois do primeiro dia de trabalho, passou quase duas horas conversando com seu analista. "Eu precisava me sentir plenamente seguro em conduzir a história, pois só assim teria a certeza de lidar bem com a trama." O cineasta determinou o terceiro dia de filmagem como um marco - se terminasse bem, o restante fluiria tranqüilamente.
Iniciada em 20 de setembro, a produção de Do Começo ao Fim seguiu conforme o previsto. "Foi realmente essencial o elenco entender a paixão daqueles meninos sem preconceito, como algo que acontece entre dois rapazes de bem com a vida", comenta Julia Lemmertz, intrigada com o roteiro na primeira leitura. "Aos poucos, percebi que o filme não ostenta um sentimento de culpa, mas também não deixa de apresentá-lo."
As cenas que poderão provocar mais polêmica mostram os irmãos já adolescentes, interpretados por Rafael Cardoso (Thomás) e João Gabriel Vasconcellos (Francisco). Com a desinibição de dois amantes, eles trocam carinhos e beijos, consumindo uma paixão.
As imagens foram assistidas pelo ator Marco Nanini que, ao lado de Fernando Libonati, comanda a Pequena Central, produtora do filme. Trata-se da primeira investida cinematográfica da dupla, habituada a trabalhar junto no teatro. "Buscamos produções pequenas mas que acrescentem, que encontrem um lugar destacado em meio aos filmes em exibição", conta Libonati, revelando ainda um investimento de R$ 800 mil. Um dinheiro bem empregado, segundo Nanini. "Vi as primeiras imagens rodadas por Aluízio e fiquei satisfeito: são fortes, mas recheadas de carinho", avaliou.
Uma aposta que confirma tanto a essência libertária da Pequena Central como o talento de Abranches para cuidar de temas delicados .
'Do começo ao fim', de Aluizio Abranches, causa polêmica antes mesmo da estreia
Publicada em 13/05/2009 às 09h42m Mauro Ventura
RIO - O cineasta Aluizio Abranches recebeu na quinta-feira à tarde um telefonema do produtor Fernando Libonati: "Tá na rede. Vazou." Ele se referia a um promo - filme promocional - de quatro minutos de "Do começo ao fim", previsto para estrear no segundo semestre. Veja o promo de "Do começo ao fim"
- Deu um frio na barriga quando eu soube. Fiquei muito nervoso. É muito cedo - diz Abranches.
A divulgação prematura também atrapalhava a estratégia de lançamento de um filme com temática polêmica: "Do começo ao fim" trata de um romance entre dois irmãos. Escrito e dirigido por Abranches ("Um copo de cólera" e "As três Marias"), conta a história da médica Julieta (Julia Lemmertz). Ela tem dois filhos: Francisco (Lucas Cotrim, quando criança, e João Gabriel Vasconcelos, na fase adulta), com o primeiro marido, o empresário Pedro (o argentino Jean-Pierre Noher); e Thomás (Gabriel Kaufman e Rafael Cardoso), com o atual marido, o arquiteto Alexandre (Fabio Assunção). Rosa (Louise Cardoso) é a melhor amiga de Julieta. Os dois meninos têm uma diferença de idade de seis anos. Eles desenvolvem uma relação mais íntima do que o normal. A mãe percebe, mas diz: "O que posso fazer?".
- É algo que vai acontecendo naturalmente - diz Abranches. Diretor quis falar de uma "forma feliz"
O filme dá um salto de 15 anos, até o enterro da mãe, quando os rapazes têm 20 e 26 anos. Eles se relacionam e enfrentam uma separação, quando o mais novo vai morar na Rússia, treinando para as Olimpíadas. O diretor fugiu dos clichês, de mostrar pais abusadores, filhos que vivessem sem maiores contatos com o mundo exterior e castigos moralistas.
- É uma família amorosa, libertária, os pais se dão bem. Os irmãos não vivem num lugar ermo, em que não tivessem oportunidade de conhecer outras pessoas. Quis falar do assunto de forma feliz, que não fosse um bode. Por que toda vez que se fala de incesto é de forma trágica?
Mesmo sabendo que está abordando um tema para lá de controverso, Abranches diz que o objetivo principal não foi a polêmica.
- São dois assuntos espinhosos, incesto e homossexualismo, mas acima de tudo quis contar uma história de amor. E que não tivesse um julgamento nem levantasse bandeiras.
Para tanto, optou por falar de forma carinhosa.
- São movimentos lentos. É tudo muito suave no filme. Queria um clima harmonioso - diz ele, elogiando a fotografia do suíço Ueli Steiger, que fez filmes como "Godzilla", "O dia depois de amanhã" e "O patriota".
Ele mostrou o primeiro corte do filme - ainda faltam a edição de som, a música, a mixagem e a finalização da imagem - para amigos.
- Em primeiro lugar, eles têm elogiado o talento da Julia. Em seguida, a beleza do filme. Depois, a delicadeza como o tema foi tratado. E, por fim, qual dos dois atores é mais bonito. Aí já estou rindo de orelha a orelha, porque é sinal de que todas as outras discussões já aconteceram.
Mas Abranches enfrentou reações de possíveis patrocinadores.
- Foi difícil à beça de vender. Levei vários "nãos". Diziam que o conselho da empresa não ia aceitar um tema desses, alegavam problema de verba. São assuntos tabus.
Teve quem sugerisse a troca por duas irmãs. Um dos patrocinadores, que disse ter gostado de "O segredo de Brokeback Mountain", saiu da sala, voltou e falou: "Vem cá, será que não poderiam ser dois primos, em vez de dois irmãos?". Ele explicou que não teria a mesma força. O empresário acabou patrocinando. Foi um dos dois únicos que o diretor conseguiu, num total de R$ 200 mil. Com um detalhe: exigiram anonimato. Abranches também ganhou um prêmio espanhol de pouco mais de US$ 100 mil, do fundo Ibermedia.
- O resto do dinheiro é nosso mesmo, e empréstimo em banco.
O filme é uma co-produção dele e da Pequena Central, de Marco Nanini e Fernando Libonati, e terá distribuição da Downtown, de Bruno Wainer.
Depois que as imagens foram parar no YouTube, o panorama econômico começa a mudar.
- Começou um minimovimento de procura.
Ele garante que o vazamento do DVD promo - exibido para alguns investidores - não foi intencional.
- Quando soube, fui logo ao YouTube e já tinha dois mil acessos. Liguei na hora para um amigo, que conhece um especialista em internet. Queria tirar da rede. Esse homem falou que eu podia botar no YouTube como se fosse invasão de privacidade ou tentar bloquear. Mas lembramos do caso da Daniela Cicarelli (que tentou remover um vídeo em que aparece com o namorado em uma praia da Espanha). Quando olhamos de novo, já havia duas páginas com o promo. Ele falou que eu podia ligar para essas duas pessoas e pedir para retirar. Mas, quando vimos de novo, já eram dez páginas.
O jeito foi relaxar. O risco agora é a pirataria. Está sendo aplicada marca d'água em cada cópia.
- Estou morrendo de medo.
A ideia surgiu em 2004, um ano antes do curta-metragem "Starcrossed", que vem sendo comparado a "Do começo ao fim". O filme também fala do amor proibido entre dois irmãos, mas o fim é bem diferente.
- Nunca tinha visto. Vi agora, não tem nada a ver - diz Abranches.
Os quatro atores que vivem os irmãos foram escolhidos por testes.
- Já Julia, ao ler o texto, disse: "Nossa, nunca vi um roteiro tão delicado." E Fabio falou: "Nunca fiz um filme assim. Tô doido para fazer."
A julgar pelos comentários postados na internet, a melhor opção foi não bater de frente com a rede.
- A Julia brincou dizendo: "Vão ter que inventar um Bonequinho de queixo caído" - diz Abranches, referindo-se à cotação da crítica do GLOBO. Alguém sugeriu: "Ou dois Bonequinhos de mãos dadas."
Pelo que se viu até agora, mais provável são os aplausos.