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segunda-feira, 14 de abril de 2008

UNE FAMILLE PORTUGAISE complet 2 vol / Eça de QUEIROZ




UNE FAMILLE

PORTUGAISE

(Os maias)

Complet en 2 volumes

Eça de QUEIROZ

(1845-1900)

traduit du portugais par

Paul Teyssier

1956, CLUB BIBLIOPHILE DE FRANCE

Collection La Comédie Universelle

150*207 mm, 354 et 368 pages, trés belles reliures éditeur demi chagrin brun, dos à quatre nerfs, coiffes carrées, tranchefiles assortis, gardes aux motifs de la collection, intérieur trés frais, tiré sur vélin de Renage ivoire par Damien, Maître imprimeur à Paris

Magnifiques exemplaires

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O suave milagre

Eça de Queirós, José Maria

O suave milagre




Publisher: Publicações Europa-América, Lda



Year of publication:



Location of the quotation: Colecçăo "Livros de Bolso Europa-América" no 224, Lisboa, sd., p. 199-205.



Genre: Prose



Language: Portuguese






Nesse tempo, Jesus ainda se não afastara da Galileia e das doces, luminosas margens do lago de Tiberíade - mas a nova dos seus milagres penetrara já até Enganim, cidade rica, de muralhas fortes, entre olivais e vinhedos, no país de Issacar.
Uma tarde, um homem de olhos ardentes e deslumbrados passou no fresco vale e anunciou que um novo profeta, um rabi formoso, percorria os campos e as aldeias da Galileia, predizendo a chegada do Reino de Deus, curando todos os males humanos. E, enquanto descansava, sentado à beira da Fonte dos Vergéis, contou ainda que esse rabi, na estrada de Magdala, sarara da lepra o servo de um decurião romano, só com estender sobre ele a sombra da suas mãos; e que noutra manhã, atravessando numa barca para terra dos Gerazenos onde começava a colheita do bálsamo, ressuscitara a filha de Jairo, homem considerável e douto que comentava os Livros na sinagoga. E, como em redor, assombrados, seareiros, pastores e as mulheres trigueiras com a bilha no ombro lhe perguntassem se esse era, em verdade, o Messias de Judeia, e se diante dele refulgia a espada de fogo, e se o ladeavam, caminhando como as sombrs de duas torres, as sombras de Gog e de Magog - o homem, sem mesmo beber daquela água tão fria de que bebera Josué, apanhou o cajado, sacudiu os cabelos e meteu pensativamente por sob o aqueduto, logo sumido na espessura das amendoeiras em flor. Mas uma esperança, deliciosa como o orvalho nos meses em que canta a cigarra, refrescou as almas simples; logo, por toda a campina que verdeja até Ascalão, o arado pareceu mais brando de enterrar, mais leve de mover a pedra do lagar; as crianças, colhendo ramos de anémonas, espreitavam pelos caminhos se além da esquina do muro, ou de sob o sicômoro, não surgiria uma claridade; e nos bancos de pedra, às portas da cidade, os velhos, correndo os dedos pelos fios das barbas, já não desenrolavam, com tão sapiente certeza, os ditames antigos.
Ora então vivia em Enganim um velho, por nome Obed, de uma família pontifical de Samaria, que sacrificara nas aras do monte Ebal, senhor de fartos rebanhos e de fartas vinhas - e com o coração tão cheio de orgulho como o seu celeiro de trigo. Mas um vento árido e abrasado otmo esse vento de decolação que, ao mando do Senhor, sopra das torvas terras de Essur, matara as reses mais gordas das suas manadas, e pelas encostas onde as suas vinhas se enroscavam ao olmo e se estiravam na latada airosa só deixara, em torno dos olmos e pilares despidos, sarmentos, cepas mirradas e a parra roída de crespa ferrugem. E Obed, agachado à soleira da sua porta, com a ponta do manto sobre a face, palpava a poeira, lamentava a velhice, ruminava queixumes contra Deus cruel.
Apenas ouvira, porém, desse novo rabi da Galileia, que alimentava as multidões, amedrontava os Demónios, emendava todas as desventuras - Obed, homem lido, que viajara na Fenícia, logo pensou que Jesus seria um desses feiticeiros, tão costumados na Palestina, como Apolónio, ou rabi Ben-Dossa, ou Simão, o Subtil. Esses, mesmo nas noites tenebrosas, conversam com as estrelas, para eles sempre claras e fáceis nos seus segredos; com uma vara afugentam de sobre as searas os moscardos gerados nos lodos do Egipto; e agarram entre os dedos as sombras das árvores, que conduzem, como toldos benéficos, para cima das eiras, à hora da sesta. Jesus da Galileia, mais novo, com magias mais viçosas decerto, se ele largamente o pagasse, sustaria a mortandade dos seus gados, reverdeceria os seus vinhedos. Então Obed ordenou aos seus servos que partissem, procurassem por toda a Galileia o rabi novo e, com promessa de dinheiros ou alfaias, o trouxessem a Enganim, no país de Issacar.
Os servos apertaram os cinturões de couro - e largaram pela estrada das caravanas que, costeando o lago, se estende até Damasco. Uma tarde avistaram sobre o Poente, vermelho como uma romã muito madura, as neves finas do monte Hérmon. Depois, na frescura de uma manhã macia, o lago de Tiberiade resplandeceu diante deles, transparente, coberto de silêncio, mais azul que o céu, todo orlado de prados floridos, de densos vergéis, de rochas de pórfiro e de alvos terraços por entre os palmares, sob o voo das rolas. Um pescador que desamarrava preguiçosamente a sua barca de uma ponta de relva, assombreada de aloendros escutou, sorrindo, os servos. O rabi de Nazeré? Oh! desde o mes de ljar, o rabi descera, com os seus discípulos, para os lados para onde o Jordão leva as águas.
Os servos, correndo, seguiram pelas margens do rio, até adiante do vau, onde ele se estira num largo remanso, e descansa, e um instante dorme, imóvel e verde, à sombra dos tamarinos. Um homem da tribo dos Essénios, todo vestido de linho branco, apanhava lentamente ervas salutares, pela beira da água, com um cordeirinho branco ao colo. Os servos humildemente saudaram-no, porque o povo ama aqueles homens de coração tão limpo, e claro, e cândido como as suas vestes, cada manhã lavadas em tanques purificados. E sabia ele da passagem do novo rabi da Galileia, que, como os Essénios, ensinava a doçura e curava as gentes e os gados? O essénio murmurou que o rabi atravessara o oásis de Engaddi, depois se adiantara para além... - Mas onde, além? - Movendo um ramo de flores roxas que colhera, o essénio mostrou as terras de além-Jordão, a planície de Moab. Os servos vadearam o rio - e debalde procuraram Jesus, arquejando pelos rudes trilhos, até às fragas onde se ergue a cidadela sinistra de Makaur... No Poço de Jacob repousava uma larga caravana, que conduzia para o Egipto mirra, especiarias e bálsamos de Gilead; e os cameleiros, tirando a água com os baldes de couro, contaram aos servos de Obed que em Gadara, pela lua nova, um rabi maravilhoso, maior que David ou Isaías, arrancara sete demónios do peito de uma tecedeira e que, à sua voz, um homem degolado pelo salteador Barrabás se erguera da sua sepultura e recolha ao seu horto. Os servos, esperançados, subiram logo açodadamente pelo caminho dos peregrinos até Gadara, cidade de altas torres, e ainda mais longe, até ás nascentes de Amalha... Mas Jesus, nessa madrugada, seguido por um povo que cantava e sacudia ramos de mimosa, embarcara no lago, num batel de pesca, e à vela navegara para Magdala. E os servos de Obed, descoroçoados, de novo passavam o Jordão na Ponte das Filhas de Jacob. Um dia, já com as sandálias rotas dos longos caminhos, pisando já as terras da Judeia Romana, cruzaram um fariseu sombrio que recolhia a Efraim, montado na sua mula. Com devota reverência detiveram o homem da Lei. Encontrara ele, por acaso, esse profeta novo da Galileia que, como um deus passeando na terra, semeava milagres? A adunca face do fariseu escureceu enrugada - e a sua cólera retumbou como um tambor orgulhoso:
- Ó escravos pagãos! Ó blasfemos! Onde ouvistes que existissem profetas ou milagres fora de Jerusalém? Só Jeová tem força no seu Templo. De Galileia surdem os néscios e os impostores...
E, como os servos recuavam ante o seu punho erguido, todo enrodilhado de dísticos sagrados - o furioso doutor saltou da mula e, com as pedras da estrada, apedrejou os servos de Obed, uivando: «Racca! Racca!» e todos os anátemas rituais. Os servos fugiram para Enganim. E grande foi a desconsolação de Obed, porque os seus gados morriam, as suas vinhas secavam - e todavia, radiantemente, como uma alvorada por detrás de serras, crescia, consoladora e cheia de promessas divinas, a fama de Jesus da Galileia.
Por esse tempo, um centurião romano, Públio Sétimo, comandava o forte que domina o vale de Cesareira, até à cidade e ao mar. Públio, homem áspero, veterano da campanha de Tibério contra os Partas, enriquecera durante a revolta de Samaria com presas e saques, possuía minas na Ática e gozava, como favor supremo dos deuses, a amizade de Flaco, legado imperial da Síria. Mas uma dor roía a sua prosperidade muito poderosa, como um verme rói um fruto muito suculento. Sua filha única, para ele mais amada que vida ou bens, definhava com um mal subtil e lento, estranho nesmo ao saber dos esculápios e mágicos que ele mandara consultar a Sídon e a Tiro. Branca e triste como a lua num cemitério, sem um queixume, sorrindo palidamente a seu pai, definhava, sentada na alta esplanada do forte, sob um velário, alongando saudosamente os negros olhos tristes pelo azul do mar de Tiro, por onde ela navegara de Itália, numa galera enfestada. Ao seu lado, por vezes, um legionário, entre as ameias, apontava vagarosamente ao alto a flecha e varava uma grande águia voando de asa serena, no céu rutilante. A filha de Sétimo seguia um momento a ave torneando até bater morta sobre as rochas - depois, mais triste, com um suspiro, e mais pálida, recomeçava a olhar para o mar.
Então Sétimo, ouvindo contar, a mercadores de Chorazim, deste rabi admirável, tão potente sobre os espíritos que sarava os males tenebrosos da alma, destacou três decúrias de soldados para que o procurassem por Galileia e por todas as cidades dá Decápole, até à costa e até Ascalão. Os soldados enfiaram os escudos nos sacos de lona, espetaram nos elmos ramos de oliveira - e as suas sandálias ferradas apressadamente se afastaram, ressoando sobre as lajes de basalto da estrada romana que desde Cesareia até ao lago corta toda a tetrarquia de Herodes. As suas armas, de noite, brilhavam no topo das colinas, por entre a chama ondeante dos archotes erguidos. De dia invadiam os casais, rebuscavam a espessura dos pomares, esfuracavam com a ponta das lanças a palha das medas; e as mulheres, assustadas, para os amansar, logo acudiam com bolos de mel, figos novos e malgas cheias de vinho, que eles bebiam de um trago, sentados à sombra dos sicômoros. Assim correram a Baixa Galileia - e do rabi só encontraram o sulco luminoso nos corações. Enfastiados com as inúteis marchas, desconfiando que os Judeus sonegassem o seu feiticeiro para que os Romanos não aproveitassem do superior feitiço, derramavam com tumulto a sua cólera, através da piedosa terra submissa. À entrada das pontes detinham os peregrinos, gritando o nome do rabi, rasgando os véus às virgens: e, à hora em que os cântaros se enchem nas cisternas, invadiam as ruas estreitas dos burgos, penetravam nas sinagogas e batiam sacrilegamente com os punhos das espadas nas Thebahs, os santos armários de cedro que continham os Livros Sagrados. Nas cercanias de Hébron arrastaram os solitários pelas barbas para fora das grutas, para lhes arrancar o nome do deserto ou do palmar em que se ocultava o rabi - e dois mercadores fenícios que vinham de Jope com uma carga de malóbatro, e a quem nunca chegara o nome de Jesus, pagaram por esse delito cem dracmas, a cada decurião. Já a gente dos campos, mesmo os bravios pastores de Idumeia, que levam as reses brancas para o Templo, fugiam espavoridos para as serranias, apenas luziam, nalguma volta do caminho, as armas do bando violento. E, da beira dos eirados, as velhas sacudiam como taleigos a ponta dos cabelos desgrenhados e arrogavam sobre eles as Más Sortes, invocando a vingança de Elias. Assim tumultuosamente erraram até Ascalão: não encontraram Jesus; e retrocederam ao longo da costa, enterrando as sandálias nas areias ardentes.
Uma madrugada, perto de Cesareia, marchando num vale, avistaram sobre um outeiro um verde-negro bosque de loureiros, onde alvejava, recolhidamente, o fino e claro pórtico de um templo. Um velho, de compridas barbas brancas, coroado de folhas de louro, vestido com uma túnica cor de açafrão, segurando uma curta lira de três cordas, esperava gravemente, sobre os degraus de mármore, a aapariçã o do Sol. De baixo, agitando um ramo de oliveira, os soldados bradaram pelo sacerdote. Conhecia ele um novo profeta que surgira na Galileia e tão destro em milagres que ressuscitava os mortos e mudava a água em vinho? Serenamente, alargando os braços, o sereno velho exclamo por sobre a rociada verdura do vale:
- Ó romanos! pois acreditais que em Galileia ou Judeia apareçam profetas consumando milagres? Como pode um bárbaro alterar a ordem instituída por Zeus?... Mágicos e feiticeiros são vendilhões que murmuram palavras ocas para arrebatar a espórtula dos simples... Sem a permissão dos imortais nem um galho seco pode tombar da árvore, nem seca folha pode ser sacudida na árvore. Não há profetas, não há milagres... Só Apolo Délfico conhece o segredo das coisas!
Então, devagar, com a cabeça derrubada, como numa tarde de derrota, os soldados recolheram à fortaleza de Cesareia. E grande foi o desespero de Sétimo, porque sua filha morria, sem um queixume, olhando o mar de Tiro - e todavia a fama de Jesus, curador dos lânguidos males, crescia, sempre mais consoladora e fresca, como a aragem da tarde que sopra do Hérmon e, através dos hortos, reanima e levanta as açucenas pendidas.
Ora entre Enganim e Cesareia, num casebre desgarrado, sumido na prega de um cerro, vivia a esse tempo uma viúva, mais desgraçada mulher que todas as mulheres de Israel. O seu filhinho único, todo aleijado, passara do magro peito a que ela o criara para os farrapos da enxerga apodrecida, onde jazera, sete anos passados, mirrando e gemendo. Também a ela a doença a engelhara dentro dos trapos nunca mudados, mais escura e torcida que uma cepa arrancada. E, sobre ambos, espessamente a miséria cresceu como o bolor sobre cacos perdidos num ermo. Até na lâmpada de barro vermelho secara há muito o azeite. Dentro da arca pintada não restava grão ou côdea. No Estio, sem pasto, a cabra morrera. Depois, no quinteiro, secara a figueira. Tão longe do povoado, nunca esmola de pão ou mel entrava o portal. E só ervas apanhadas nas fendas das rochas, cozidas sem sal, nutriam aquelas criaturas de Deus na Terra Escolhida, onde até às aves maléficas sobrava o sustento!
Um dia, um mendigo entrou no casebre, repartiu do seu farnel com a mãe amargurada e, um momento sentado na pedra da lareira, coçando as feridas das pernas, contou dessa grande esperança dos tristes, esse rabi que aparecera na Galileia e de um pão no mesmo cesto fazia sete, e amava todas as criancinhas, e enxugava todos os prantos, e prometia aos pobres um grande e luminoso reino, de abundância maior que a corte de Salomão. A mulher escutava, com olhos famintos. E esse doce rabi, esperança dos tristes, onde se encontrava? O mendigo suspirou. Ah esse doce rabi! quantos o desejavam, que se desesperançavam! A sua fama andava por sobre toda a Judeia, como o sol que até por qualquer velho muro se estende e se goza; mas, para enxergar a claridade do seu rosto, só aqueles ditosos que o seu desejo escolhia. Obed, tão rico, mandara os seus servos por toda a Galileia para que procurassem Jesus, o chamassem com promessas a Enganim; Sétimo, tão soberano, destacara os seus soldados até à costa do mar, para que buscassem Jesus, o conduzissem, por seu mando, a Cesareia. Errando, esmolando por tantas estradas, ele topara os servos de Obed, depois os legionários de Sétimo. E todos voltaram, como derrotados, com as sandálias rotas, sem ter descoberto em que mata ou cidade, em que toca ou palácio, se escondia Jesus.
A tarde caía. O mendigo apanhou o seu bordão, desceu pelo duro trilho, entre a urze e a rocha. A mãe retomou o seu canto, a mãe mais vergada, mais abandonada. E então o filhinho, num murmúrio mais débil que o roçar de uma asa, pediu à mãe que lhe trouxesse esse rabi que amava as criancinhas, ainda as mais pobres, sarava os males, ainda os mais antigos. A mãe apertou a cabeça esguedelhada:
- Oh filho! e como queres que te deixe e me meta aos caminhos, à procura do rabi da Galileia? Obed é rico e tem servos, e debalde buscaram Jesus, por areias e colinas, desde Chorazim até ao país de Moab. Sétimo é forte e tem soldados, e debalde correram por Jesus, desde o Hébron até ao mar! Como queres que te deixe? Jesus anda por muito longe e a nossa dor mora connosco, dentro destas paredes, e dentro delas nos prende. E mesmo que o encontrasse, como convenceria eu o rabi tão desejado, por quem ricos e fortes supriram, a que descesse através das cidades até este ermo, para sarar um entrevadinho tão pobre, sobre enxerga tão rota?
A criança, com duas longas lágrimas na face magrinha, murmurou:
- Oh mãe! Jesus ama todos os pequeninos. E eu ainda tão pequeno, e com um mal tão pesado, e que tanto queria sarar!
E a mãe em soluços:
- Oh meu filho, como te posso deixar? Longas são as estradas da Galileia e curta a piedade dos homens. Tão rota, tão trôpega, tão triste, até os cães me ladrariam da porta dos casais. Ninguém atenderia o meu recado e me apontaria a morada do doce rabi. Oh filho! Talvez Jesus morresse... Nem mesmo os ricos e os fortes o encontram. O Céu o trouxe, o Céu o levou. E com ele para sempre morreu a esperança dos tristes.
De entre os negros trapos, erguendo as suas pobres mãozinhas que tremiam, a criança murmurou:
Mãe, eu queria ver Jesus...
E logo, abrindo devagar a porta e sorrindo, Jesus disse à criança:
- Aqui estou.


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A Cidade e as Serras


A Cidade e as Serras by Queiroz

Author: Queiroz, José Maria Eça de, 1845-1900

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Eça y los atentados

En Galicia, el escritor portugués que mas se aprecia, aparte José Saramago, es sin duda José Maria Eça de Queiroz (1845-1900). Porque es casi gallego al haber nacido en la vecina villa de Póvoa de Varzim, cercana a Viana do Castelo. Y porque sus mas célebres novelas - El primo Basilio, El crimen del Padre Amaro- fueron traducidas al castellano por nuestro Don Ramón María del Valle-Inclán.

Eça de Queiroz fue un incansable viajero: asistió en noviembre de 1869 a la inauguración del canal de Suez. Estuvo también de cónsul en La Habana hacia 1872, donde atendía y defendía a los 100.000 chinos venidos de Macao, colonia portuguesa, utilizados por los hacendados como mano de obra barata, dócil y explotada.

Sus últimos años los pasó en París, donde falleció y donde fue corresponsal del diario de Río de Janeiro Gazeta de Noticias. Una editorial francesa acaba de tener la feliz ocurrencia de editar, bajo el titulo Lettres de Paris, una suculenta selección de aquellas crónicas enviadas cada mes de 1880 a 1897.

El librito no tiene desperdicio y es de una insólita actualidad. Con su característica causticidad, este fino observador va describiendo los acontecimientos, las personalidades y no sin sarcasmo las costumbres de los franceses. En este genero chico de la crónica periodística, podemos admirar el inmenso talento literario de Eça de Queiroz, "uno de los mas grandes escritores de todos los tiempos", según Jorge Luís Borges.

Me ha interesado en particular un largo artículo de 1894 en que trata de un atentado cometido el 9 de diciembre de 1893 por el anarquista Auguste Vaillant, quien acababa de ser guillotinado el 5 de febrero.

Los atentados eran más frecuentes que ahora porque se juntaban dos elementos detonadores: la dinamita y el anarquismo. A semejanza de lo que ocurre hoy con el binomio hombre-bomba / islamismo radical. La dinamita la había inventado en 1866 el sueco Alfred Nobel, a partir de una sustancia muy explosiva y caprichosa puesta a punto por el italiano Ascanio Sobrero: la nitroglicerina. Nobel la mezcla con una roca silicosa absorbente, la diatomita, y obtiene el explosivo que pronto va a hacer estragos en los campos de batalla.

Pero no sólo allí. Por su facilidad de utilización, la dinamita se convierte en el arma ideal de los terroristas. En Europa, a finales del siglo XIX, se cometen tres atentados con dinamita ¡cada día!

Vaillant había lanzado su bomba, llena de clavos y metralla, en la Asamblea contra los diputados. Y aunque no había matado a nadie, el simbolismo convertía el acto en crimen supremo contra la democracia. Eça de Queiroz empieza recordando la bomba del Liceo de Barcelona lanzada por Santiago Salvador el 7 de noviembre de 1893, justo un mes antes de Vaillant.

Toda su reflexión resulta muy valiosa hoy cuando el mundo, nolens volens, está embarcado en lo que el presidente estadounidense llama "guerra mundial contra el terrorismo". Dice el escritor que la represión debe ser inteligente (y la pena de muerte no lo es) ; de lo contrario, en vez de reducirse, el número de terroristas se multiplica: "Está demostrado, por la propia policía, que a causa de esas represiones el número de anarquistas ha crecido en una proporción de ¡mil por uno!"

Es, en cierto modo, lo que esta pasando hoy en Irak. Así que, además del reciente informe Baker, no sería superfluo que el presidente Bush leyera tambien estas no caducas reflexiones del muy lúcido Eça de Queiroz.

Diario EL PAÍS S.L.

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Queiroz, José María Eca de

Queiroz, José María Eca de (1845-1900)
Escritor portugués, considerado el mayor novelista del país. Estudió Derecho e ingresó en el cuerpo diplomático en 1872. Después de prestar servicios en Cuba e Inglaterra, fue destinado a París en 1888 para cubrir el cargo de cónsul en el que permaneció hasta su muerte. Los primeros escritos de Eça de Queirós en Portugal, consistieron en ensayos y relatos cortos caracterizados por la ironía y un componente de fantasía macabra. Más tarde, formó parte de un grupo de intelectuales portugueses impulsores de reformas artísticas y sociales, abogando por el realismo y el naturalismo en la literatura. Durante sus años de cónsul, Eça de Queirós escribió sus novelas más famosas, en las que denunció los males de la vida portuguesa contemporánea. El crimen del padre Amaro (1875) trata de los efectos destructivos del celibato en un sacerdote de carácter débil y los peligros del fanatismo en una ciudad portuguesa de provincias; El primo Basilio (1878) satiriza el amor romántico. Considerada su obra maestra, Los Maias (1888), narra la degeneración de una familia como símbolo de la decadencia de la clase alta de la sociedad portuguesa. La ciudad y las sierras (publicada póstumamente en 1901) despliega su nostalgia por las bellezas del campo portugués.

Titulo
Mandarín, El



Memorias de una horca



Reliquia, La

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A.B.S.U.R.D.O. na cidade se SOCORRO EM SP ! !

Bebê filha de mãe com síndrome de Down e pai com atraso mental não consegue ser registrada



Jussara Soares, Diário de S.Paulo

SÃO PAULO - A pequena Valentina é fruto de uma história de amor incomum. A mãe, Maria Gabriela Andrade Damate, de 27 anos, é portadora da síndrome de Down. O pai é Fábio Marcheti de Moraes, de 28 anos, que em razão de complicações no parto tem um atraso mental. O nascimento saudável da menina, há 23 dias, ganhou registro na imprensa de todo o país. Só ainda não foi lavrado no livro das certidões do Cartório de Registro Civil da cidade de Socorro, a 135 quilômetros da capital.

Foto de Daniel Mobília, Diário de S.Paulo

O cartório recusou-se a registrar a criança no nome do pai, alegando que Fábio não consegue declarar a paternidade.

- Ele não sabe dizer o nome dele completo, nem onde mora - explicou uma funcionária do cartório, que se negou a dizer seu nome à reportagem do jornal Diário de S.Paulo.

Deste modo, Valentina deveria ser registrada apenas com o nome da mãe e com paternidade não declarada. Em seguida, a família deveria ingressar com uma ação de investigação de paternidade.

- Não aceito isso. É um caso inédito, mas o Brasil inteiro conhece a história deles. É o direito de Valentina. É preconceito. Falta inclusão - disse a mãe de Gabriela, Laurinda Ferreira de Andrade, de 51 anos, informando que, por isso, a neta ainda não tem plano de saúde.

O promotor de Socorro, Elias Francisco Chaib, informou que o Ministério Público irá ingressar com um procedimento na Vara da Infância e Juventude para que se registre o nascimento de Valentina.

- Vamos ouvir os pais e os avós da Valentina. E se Fábio conseguir declarar que é o pai, não será necessário nem a realização do exame do DNA - disse.

Bem-vinda

No dia em que Valentina deveria ganhar uma certidão de nascimento, pais, avós e tios foram ao cartório com câmeras fotográficas na mão para registrar o momento. Eles sabem que a mais nova integrante da família é para lá de especial.

Casos de filhos de mães com síndrome de Down são raros. Segundo o médico geneticista Walter Pinto Júnior, professor titular de genética da Unicamp, são menos de 50 relatados do mundo. Entretanto, não por conta da deficiência, mas porque relacionamentos como o de Gabriela e Fábio não são comuns.

- São poucas as meninas com Down que se casam. Muitas famílias não aceitam que elas tenham relacionamento. O caso desta família é realmente especial - diz o médico, que acompanhou Gabriela e se dispôs a fazer o exame do DNA para que Fábio comprove a paternidade de Valentina.

Segundo o professor, uma portadora da síndrome de Down tem 85% de chance de ter um filho saudável. Já os homens com síndrome são estéreis.

A gravidez de Gabriela foi descoberta aos seis meses. Mas antes mesmo de saber que Valentina viria ao mundo sem nenhuma deficiência, as duas famílias se apressaram em comemorar a chegada da bebê.

- Estávamos angustiados porque não imaginávamos que isso poderia acontecer. Mas depois decidimos que independentemente de como a Valentina viesse seria bem-vinda. Agora, o único problema dela é ser mimada - diz Laurinda.

penso que devemos nos manifestar contra esse ABSURDOOOOO:


Designação:CARTORIO REGISTRO CIVIL DE SOCORRO
Endereço:R. MARECHAL FLOREANO PEIXOTO 265
Bairro:CENTRO
Cidade:SOCORRO
Uf:SP
Cep:13960-000

Tel 19 3895.5516

Aqui foi o unico ligar que achei sobre cartorio no municipio de Socorro - SP

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