Especial para o UOL Ciência e Saúde
Toda dieta prevê certa porção de carboidratos porque eles são indispensáveis à produção de energia e serotonina, substância associada ao bem-estar. Contudo, a relação entre depressão e excesso de carboidratos foi identificada não só nos adultos, mas também entre os adolescentes: eles não se refugiam nos lanches, doces e salgadinhos porque são ansiosos e deprimidos, mas o inverso.
O salmão é rico em ômega 3, essencial para o bom funcionamento do cérebro |
"ANTIDEPRESSIVOS NATURAIS" |
ALIMENTOS QUE TRAZEM BEM-ESTAR |
BLOG DA NUTRÓLOGA JANE CORONA |
Speciani comenta que, por causa dos hábitos alimentares modernos, a insulina tem sido considerada um dos hormônios mais difíceis de ser sintetizados pelo organismo (o aumento dos casos de diabetes comprova isso). Mantê-la sob vigilância pode ajudar no controle de sintomas como ansiedade e depressão.
Conforme o médico italiano, o consumo exagerado de doces, massas, pães e farinhas refinadas ainda pode desencadear a chamada resistência insulínica: o organismo fica menos sensível ao hormônio e a produção tem de ser aumentada.
A repetição desse processo aumenta a necessidade de ingerir açúcar, como num ciclo vicioso. Por isso, que come muito carboidrato está sempre faminto: "é esse o processo de constante reposição que causa um efeito negativo sobre o estado emocional e leva à depressão", esclarece Speciani.
A produção de serotonina depende do consumo de carboidratos e, se há um aumento brusco nos índices, "outro mecanismo de defesa orgânica se manifesta: os inibidores, que se nutrem da serotonina do cérebro, provocando novo e sucessivo estado de abatimento", completa o imunologista.
Antidepressivos naturais
Para manter um perfeito funcionamento da bioquímica do humor, Speciani sugere o consumo equilibrado de carboidratos e proteínas, além da inclusão na dieta de alimentos que ele classifica como "antidepressivos naturais". É o caso de amêndoas e avelãs (combinação que ele classifica como uma verdadeira injeção de ânimo), peixes (por causa da presença de ômega 3) e cereais integrais (ricos em tirosina, estimulam a produção de dopamina, que promove o estado de alerta).
Ele sugere que o açúcar seja substituído pelo mel integral, que é rico em triptofano (aminoácido que se transforma em serotonina) e possui índice glicêmico baixo.
Entre os alimentos a serem evitados, o médico cita as farinhas refinadas e o seitan (ou glúten), muito usado pelos vegetarianos, por ser uma proteína sem tirosina. "Para evitar problemas, o seitan deve ser consumido sempre junto com o peixe ou outros alimentos protéicos", aconselha.
Speciani ressalta a importância de se fazer refeições regulares, iniciando o dia com um café da manhã rico em proteínas, carboidratos, frutas e café, dada a predisposição física para o consumo dessas substâncias nesse horário. Nas refeições noturnas, a recomendação é evitar carboidratos simples, de rápida absorção (como mel, açúcar, frutas, xarope de milho, leite e derivados).
Relógio biológico
Aqui no Brasil, Jane Corona, médica especialista em nutrologia, ressalta também a importância dos horários regulares para comer e dormir, já que o corpo funciona como um relógio ao produzir substâncias que interferem no humor.
Segundo ela, no momento em que acordamos, nosso corpo precisa de boa dose de dopamina para nos conectar com o mundo. À noite, para descansar, precisamos da serotonina e da melatonina, oxidante natural que atinge seu pico às 2h00 da manhã. O desequilíbrio nos ciclos pode levar à depressão.
Carência nutricional
Comer bem, equilibradamente e com regularidade pode evitar outra conseqüência, a Síndrome Depressiva de Carência Nutricional: "o cérebro é um órgão que não armazena glicose e esse é o nutriente mais importante para o seu funcionamento", justifica.
Para a especialista, a dieta ideal para fugir da depressão é aquela que inclui gorduras de boa qualidade (mono e poliinsaturadas), encontradas em alimentos como peixes de água fria, semente de linhaça, frutas oleaginosas, azeite de oliva e abacate. "Essas gorduras facilitam a comunicação entre os neurônios", justifica.
Outros nutrientes importantes para a produção de neurotransmissores, de acordo com ela, são as vitaminas A, B, C, D e E, os minerais cálcio, cromo e magnésio e as proteínas animais e vegetais.
Para quem enfrenta rotinas estressantes, Corona sugere caprichar na primeira refeição pela manhã, consumindo pão integral, frutas, leite ou iogurte, linhaça em pó e café ou chá. "Quando for inevitável saltar uma refeição, é bom ter à mão algumas nozes, amêndoas, castanhas e uma fruta, para evitar o consumo de biscoitos", recomenda. Sphere: Related Content