Durante visita à Penitenciária Nelson Hungria, o deputado estaduall Durval Ângelo (PT/MG) conversa com o detento Macarrão (Foto: Alair Vieira/ALMG/Divulgação) O detento Luiz Henrique Ferreira Romão, amigo do goleiro Bruno de Souza conhecido como Macarrão, admitiu na quarta-feira (20) que o sangue encontrado no carro do jogador de futebol é mesmo de Eliza Samudio.
Macarrão está preso no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem (MG), por suspeita de envolvimento no desaparecimento da jovem. E recebeu visita da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de MG, após denúncia de que estaria sofrendo intimidações. Um trecho do vídeo com a conversa com o deputado estadual Durval Ângelo (PT) foi divulgado pelo jornal "O Tempo".
O réu disse que nunca mentiu sobre a presença do sangue da jovem no carro, que foi comprovada pela perícia. O deputado afirma para Macarrão: "o sangue deu DNA da Eliza". Na resposta, o detento concorda com o resultado da perícia e descarta ter mentido sobre o tema. "Deu. A gente nunca mentiu o negócio de sangue nem nada não", comenta Macarrão.
Durval volta a questionar o réu. "Vocês nunca mentiram isso? Porque o DNA deu da Eliza", completa o deputado. "Nunca mentimos que o sangue que tinha lá era da Eliza", afirma Macarrão.
Ainda sobre as provas coletadas no inquérito, o deputado comenta que a quebra do sigilo do telefone indica a presença de Macarrão em locais relacionados ao desaparecimento da jovem. "As provas são fortes, tá? Você nunca mentiu? Logo nos primeiros depoimentos você já tinha falado sobre isso, que o sangue poderia ser da Eliza?", pergunta Durval.
O detento afirma que a omissão foi orientada pelo advogado. "Eu nunca menti sobre isso, não. Nunca falei porque meu advogado nunca deixou. Isso aí eu nunca falei não foi porque eu não quis, eu sempre quis falar."
Em entrevista ao G1, o deputado Durval Ângelo afirmou que a família de Macarrão procurou a Comissão de Direitos porque ele estaria sendo ameaçado dentro da cela. "O pessoal estava fazendo gozação, pedindo para ele mostrar a inscrição que ele tem do Bruno. Ele afirmou que os agentes penitenciários estavam expondo-o ao ridículo", disse.
Ainda de acordo com Durval, ele assume a participação no traslado de Eliza Samudio a Belo Horizonte, mas diz que é inocente no caso do desaparecimento.
Entenda o caso
A jovem Eliza Samudio mudou-se para o Rio de Janeiro no início de 2009. Em abril ou maio do mesmo ano, ela conheceu o goleiro Bruno e os dois tiveram um relacionamento. Em outubro, ela fez um boletim de ocorrência por agressão e sequestro no Rio. Nessa época, Eliza relatou a um órgão da imprensa que estaria grávida do goleiro.
Em fevereiro de 2010, a jovem deu à luz um menino e alegou que o atleta era o pai da criança. Segundo a polícia, entre os dias 5 e 8 de junho, Eliza foi levada do Rio para Minas. Ainda segundo a polícia, no dia 9 de junho, ela foi levada do sítio do Bruno, em Esmeraldas para Vespasiano. Ambas as cidades ficam na Grande BH. A mulher teria sido morta, na madrugada do dia 10, em Vespasiano.
Ex-namorada do goleiro Bruno chega ao Rio.
(Foto: Tássia Thum/G1) Entre os dias 24 e 25, a polícia recebeu denúncia de que Eliza teria sido agredida no sítio. Logo em seguida, começaram as investigações sobre o paradeiro da moça. A criança foi encontrada em Ribeirão das Neves, na Grande BH, e alguns suspeitos foram convocados para depor.
Dia 6 de julho, a polícia ouviu um adolescente que estaria dentro do carro, junto com Eliza, na viagem do Rio para Minas. A Justiça determinou a prisão de Bruno e do amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão. Nesse dia, um exame comprovou que o sangue no carro de Bruno era de Eliza.
No dia seguinte, Bruno e Macarrão se entregaram na Polinter do Andaraí, na Zona Leste do Rio. A Justiça mandou prender Dayanne de Souza, mulher de Bruno, e Sérgio Rosa Sales, primo do jogador.
Ainda no dia 7 de julho, a polícia fez buscas na casa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em Vespasiano. O menor foi ouvido outra vez e Bruno foi indiciado como mandante do sequestro de Eliza do Rio para Minas.
No dia 8, Bola foi preso e Bruno e Macarrão foram transferidos para Minas. No dia 9 de julho, Sônia Moura conseguiu a guarda do neto na Justiça. Flávio Caetano, Wemerson Marques, o Coxinha, e Elenilson Vitor da Silva foram presos.
Goleiro Bruno desmaia após audiência em Ribeirão
das Neves, Minas Gerais, em outubro.
(Foto: Pedro Triginelli/G1 MG) No dia 10 ou 11 de julho apareceu mais um nome no caso: Fernanda Gomes de Castro, que também teria tido um relacionamento com o jogador.
No dia 12, o adolescente foi ouvido no Rio e, no dia seguinte, foi transferido para Minas. Ele disse à polícia que foi chamado para um “dar susto” em Eliza, junto com Macarrão.
No dia 14, a polícia fez novas buscas pelo corpo de Eliza na casa de Bola, em Vespasiano.
O Flamengo mandou uma carta de demissão de Bruno no dia 16, mas anulou a decisão no dia 20. No dia 29 de julho, polícia indiciou Bruno e mais oito pessoas pelo desaparecimento e morte de Eliza
Em 5 de agosto, Fernanda foi presa em Minas. No dia 6 de outubro, Bruno teve um um mal súbito durante audiência em Ribeirão das Neves e é levado para posto médico.
Bruno, Macarrão e Marcos Aparecido dos Santos,
o Bola (Foto: Alex Araújo/G1 MG) No dia 23, o advogado Ércio Quaresma deixou a defesa do goleiro. Quatro dia depois, Flávio Caetano é solto pela Justiça.
A Justiça do Rio condenou Bruno no dia 7 de dezembro de 2010 por manter Eliza em cárcere privado.
Em Minas, no dia 17 de dezembro, a Justiça decidiu que o jogador, Bola, Macarrão, Sérgio, Dayanne, Fernanda, Wemerson Marques e Elenilson da Silva vão a júri popular.
O goleiro, Macarrão e Sérgio vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Bola, que também está preso, vai responder no júri popular por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.
No dia seguinte, Dayanne Souza, Fernanda Castro, Wemerson Marques (que acompanhou Dayanne e Flávio Caetano no dia em que eles levaram o filho de Eliza para uma casa na Grande BH) e Elenilson da Silva (amigo de Bruno, trabalhava como caseiro e secretário do goleiro) foram soltos e respondem em liberdade por sequestro e cárcere privado.
Dayanne Souza (Foto: Pedro Triginelli/G1) Na prisão, Bruno ganhou o direito de treinar com bola no dia 22 de dezembro. Em 2011, no dia 19 de maio, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou habeas corpus para Bruno pedido pelo advogado Cláudio Dalledone Júnior.
No dia 20 de abril deste ano, Bola foi transferido da Nelson Hungria para a Penitenciária Jason Soares Albergaria, em São Joaquim de Bicas, na Grande BH.