O mundo do automobilismo perdeu uma de suas estrelas. Na madrugada desta quarta-feira (20), foi confirmada a morte do artista Cloacyr Sidney Mosca, o Sid Mosca, responsável pela criação das mais conhecidas pinturas de capacetes de pilotos brasileiros. Sid, que havia sido internado no último sábado (16), não suportou uma batalha contra o câncer.
A obra mais famosa de Sid foi, sem dúvida, as linhas do capacete do tricampeão Ayrton Senna, com as cores amarelo, azul e verde. Ele ficou mundialmente conhecido, porém, muito antes disso. Em um GP do Brasil nos anos 1970, foi contratado por Colin Chapman, dono da Lotus, para recuperar a pintura de um dos carros da equipe que havia pegado fogo um dia antes da prova. O trabalho rápido e preciso de Sid permitiu que o bólido alinhasse no dia seguinte com a pintura perfeita.
Mosca também colocou vida nos carros da Brabham e da Jordan. Entre os capacetes, muitos pilotos famosos tiveram as linhas de seus cascos criadas (ou evoluída) pelo artista. É o caso de Rubens Barrichello, Felipe Massa, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Tony Kanaan, Keke Rosberg, entre outros. Foi dele também a criação dos capacetes comemorativos oficiais dos 50 anos da Fórmula 1.
Atuamente, trabalhava na oficina Sid Special Paint ao lado de seu filho, Alan. Eles, aliás, são os responsáveis pela pintura do capacete especial entregue durante a premiação Capacete de Ouro, da Revista RACING.
Pelas redes sociais, vários pilotos e pessoas ligadas ao automobilismo homenagearam o artista. Foi o caso de Helio Castroneves, Bia Figueiredo, Enrique Bernoldi, Luciano Burti, João Alberto Otazú, entre outros.
HISTÓRIA - No início dos anos 1970, Mosca entrou para o mundo das corridas como piloto. Mas foi o visual agressivo da pintura de seu carro que causou furor e trouxe vários pedidos de outros competidores, fazendo com que Sid produzisse em sua oficina de pintura e funilaria na época.
Criou e pintou carros fantásticos, desde a Brasília de nº 17 de Ingo Hoffmann, que fez história no automobilismo brasileiro, ao Copersucar, na Fórmula 1.
Foi de Sid a criação da pintura do capacete de Emerson Fittipaldi, na época o único brasileiro a vencer na Fórmula1. Emerson foi seu Top Model até a última corrida que participou. Sempre deu liberdade para Sid mostrar suas criações e efeitos especiais, sendo o capacete dele o que mais evoluiu em design sem perder a personalidade de sua imagem.
Na Fórmula1, pintou Brabhams, Lotus, Jordans, entre outros. Foi cumprimentado pessoalmente pelo maior projetista de todos os tempos, Colin Chapman, que o agraciou com um certificado de grande apreciação, pelo feito de pintar em 12 horas a Lotus de Mario Andretti, que foi destruída pelo fogo na tarde do dia anterior ao GP Brasil de F1 em 1977.
Era considerado pelos mais místicos um pintor que dava sorte, pois, além do brilho na pintura, “seus pilotos” brilham nas pistas de todo o mundo. A realidade é que, com os capacetes que pintou na F1, foram campeões mundiais Emerson Fittipaldi (1972/1974), Nelson Piquet (1981/1983/1987), Ayrton Senna (1988/1990/1991) e Keke Rosberg (1982). Na Indy, Emerson foi campeão duas vezes nas 500 Milhas de Indianápolis.
Sid considera o capacete de Ayrton Senna a sua criação que mais se destacou no automobilismo mundial. Mais do que isso, despertou nos brasileiros o amor pelas cores de nossa bandeira.
Sid acredita que dificilmente alguém viveu tantas emoções como ele. Quando via esses pilotos em ação, sentia estar no cockpit de seus carros através da pintura de seus capacetes. Nestes quase 30 anos pintando, Sid deu a mesma atenção aos garotos do kart, até os experientes pilotos da F1 ou F-Indy.
Para comemorar, em 1999, os 50 anos da F1, Bernie Ecclestone, o presidente da FOA (Formula One Association), encomendou ao Sid uma pintura em capacete, em série única de 50 unidades, para homenagear pessoas e pilotos ilustres do mundo da Fórmula1.
Era o único “Custom Painter” sul-americano que pertence ao Metal Flake Design Group, entidade voltada para pinturas especiais personalizadas. Ensinou a profissão ao seu filho Alan Sidney Mosca.
“A pintura do capacete é a outra face do piloto, que lhe dá uma identificação quando está em ação nas pistas, e me sinto feliz por poder participar da criação da sua imagem, peça valiosa e importante no decorrer da sua carreira. Sinto-me gratificado pelo reconhecimento pleno que tenho tido na minha profissão”, disse Sid, em mensagem publicada no site da oficina:
www.sidmosca.com.br.
(Com informações da Revista Recing)
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