Os Bastidores: Entrevista com Fábio Assunção Interpretar um compositor de sucesso como Herivelto Martins, que é um dos grandes ícones do samba e da música brasileira até hoje, não é tarefa das mais fáceis. Fabio Assunção que o diga. O ator teve que fazer aulas de canto e violão, além de estudar com profundidade a vida do músico para poder viver Herivelto na telinha. “Isso acrescentou muito à minha vida”, conta o ator, emocionado após gravar sua última cena na minissérie. Abaixo você lê uma entrevista exclusiva com Fabio e descobre mais um pouco sobre o polêmico Herivelto, que tinha uma relação de amor e ódio com a esposa e colega de trabalho, a cantora Dalva de Oliveira. Confira! Clicando em LER MAIS... Como foi interpretar Herivelto Martins na minissérie? “Foi uma honra muito grande. Acho que é um privilégio como ator fazer um cara como o Herivelto que tinha várias qualidades e várias ‘faculdades’. Ele era palhaço, instrumentista, letrista, compositor, cantor… Ele tinha um lado de diretor do Trio de Ouro, de empreendedor, criou oito filhos – um era da Lurdes. É um cara completo! Fazer um personagem dessa dimensão é um presente! Trabalhar com a poesia dele foi fantástico! E poder vivenciar toda a trajetória do Herivelto, desde o cortiço até a Rádio Nacional, os cassinos… Toda a ascenção dele e depois o ressentimento pela separação… As dores dele e as ausências, as faltas, as tristezas, a decadência… Então é uma trajetória de vida inteira. Eu fiz o Herivelto dos 24 aos 60 anos. Então, desde o primeiro momento, em que ele tinha muitos sonhos, até o momento em que a Dalva morre, em 72. Ele ainda viveu mais vinte anos, mas a história vai até aí.” É difícil fazer o papel de um personagem que existiu de verdade, uma pessoa que muitos telespectadores conheceram na vida real? “É mais complicado porque o Herivelto morreu em 1992, ele ainda está ‘fresco’ na memória de muita gente. Ele é um cara que tinha o jeitão dele, mas eu criei o meu Herivelto. Não procurei imitar o Herivelto. Tentei aproximar a minha alma da alma dele pelas entrevistas que eu vi, pelas imagens que assisti dele, pelos encontros que tive com os filhos e bisnetos dele, pelas músicas que eu ouvi e pelas letras que ele escreveu. Também cheguei perto do personagem através da interpretação da Adriana Esteves em relação à Dalva e da Maria Fernanda Cândido em relação à Lurdes. Tudo isso fez o meu Herivelto acontecer. Então, fazer um personagem que existiu é mais complicados, mas no fundo é mais rico. Ele tem elementos mais palpáveis pra você trabalhar. Quando você cria um personagem, você fica só no seu imaginário e corre o risco de não se perguntar certos detalhes. Você pode achar que ele só é o que está escrito naquela história. Fazendo o Herivelto, percebi que ele é muito mais do que só o que está sendo contado na minissérie. Isso é uma coisa que eu vou levar para os meus próximos trabalhos, assim… Eu vou ter condições de fazer uma biografia mais rica para esses futuros personagens, que nunca existiram na vida real.” Como foi a preparação para viver um músico? “Eu já tocava violão. Tive algumas aulas com o Alfredo Del Penho, com a Ester Elias e tive uns quatro encontros com a Camila Amado. Para me aproximar da música, do samba. Sou paulista, sou completamente diferente… Quer dizer: qualquer um de nós já é diferente daquela geração. O mundo mudou, as relações são outras. Mas, de qualquer forma, o Herivelto era do estado do Rio, de Paulo de Frontin. Viveu no Rio de Janeiro e tinha essa coisa da boemia, do samba, do morro… E isso é uma coisa muito distante pra mim. Foi muito desafiador! Mas foi incrível, muito bom!” Pretende continuar ouvindo esse tipo de música e estudando sobre o assunto? “Quando você descobre uma fonte de riqueza você não abandona. Eu descobri uma geração de letristas e compositores que, com certeza, eu vou estar sempre em contato. É como o caso de outras bandas que passaram pela minha vida e são até hoje inesquecíveis, sejam elas de rock brasileiro, ou os Beatles, por exemplo. São coisas que a gente não esquece… O mergulho que eu fiz nessa geração de ouro da música popular brasileira, uma época antes da bossa nova, vou levar pra sempre na minha vida.” O que o público pode esperar da minissérie? “Acho que as pessoas vão ver a trajetória desse casal, a vida desses dois. Vão ver cenas musicais inesquecíveis, vão saber mais como era vida privada da Dalva e do Herivelto, que era muito instável, entre tapas e beijos! Vão ficar conhecendo outras figuras como Francisco Alves, Grande Otelo, Nilo Chagas, Emilinha Borba, Dercy Gonçalves… Essas pessoas estão presentes na minissérie com seus trabalhos. Vão poder ver o lado religioso do Herivelto, que era umbandista. Vão poder ver uma tecnologia nova, uma minissérie feita em 24 quadros por segundo, como no cinema. Vão ter o prazer de assistir uma minissérie que foi filmado com os recursos mais modernos… Uma fotografia impecável, com planos bonitos… A minissérie tem muitos atrativos! E vão poder ver a Adriana fazendo a Dalva em uma entrega muito bonita!” |