08/04/2008 - 14h16
São Paulo - O promotor Francisco Cembranelli, responsável no Ministério Público Estadual (MPE) pela investigação da morte de Isabella Nardoni, de 5 anos, que caiu do sexto andar de um prédio na zona norte de São Paulo, adotou hoje um discurso mais cauteloso em entrevista sobre o andamento das investigações.
Segundo Cembranelli, "todas as especulações da imprensa são muito precipitadas" e é preciso aguardar os dados oficiais. Cembranelli reuniu-se hoje por duas horas com o delegado Calixto Calil Filho, do 9º Distrito Policial, que voltou a pedir sigilo nas investigações.
Conforme Cembranelli, a informação de que as manchas encontradas no carro de Alexandre Nardoni, pai de Isabella, não são de sangue - atestada por peritos do caso - não consta do laudo e ainda não há posição oficial do Instituto de Criminalística (IC) sobre a questão. "Nada foi comprovado. É especulação. Aguardo a posição oficial do Instituto de Criminalística", disse.
O promotor, que inicialmente acreditava que as investigações pudessem ser concluídas em 30 dias, evitou fornecer um novo prazo para o encerramento do processo. "Sei que a sociedade quer respostas. Eu também quero. Mas temos de ter calma suficiente para apresentação de um resultado que satisfaça a todos", afirmou.
Conforme o promotor, outros depoimentos ainda serão tomados pela polícia, mas não há data prevista. Cembranelli afirmou que é contrário à libertação do pai e da madrasta de Isabella, Anna Carolina Jatobá, uma vez que o Ministério Público já teria manifestado que os fundamentos para decretação da prisão "estão todos presentes".
Na sexta-feira, o promotor afirmou, em entrevista coletiva, que a versão dos suspeitos era "fantasiosa", com base na leitura dos depoimentos de Alexandre e Anna Jatobá. Segundo ele, havia contradições nos relatos. Ele chegou a citar exemplos de divergências nos depoimentos que corriam em sigilo.
Vídeo mostra imagens de Isabella em supermercado pouco antes de morrer
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08/04/2008 - 07h58
Perícia descarta sangue no carro do pai de Isabella
Pai e madrasta de Isabella pedem liberdade à Justiça; delegado manterá sigilo
da Folha Online
Texto alterado às 17h35
Os advogados que defendem o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Trotta Jatobá, respectivamente pai e madrasta de Isabella Oliveira Nardoni, 5, entraram com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo às 17h15 desta segunda-feira. Ambos são suspeitos da morte da garota e estão presos desde a semana passada.
Um dos advogados do casal, Rogério Neres de Sousa, informou que o documento foi protocolado. No pedido, os advogados questionam a prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça. Eles alegam que o casal têm endereço fixo, não possui antecedentes criminais e, ao contrário do que diz a Polícia Civil, não oferece risco às investigações sobre o crime.
A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça confirmou o recebimento do pedido. A assessoria informou, entretanto, que o pedido será analisado por um desembargador do TJ, que ficará responsável pela relatoria. Ainda não há um prazo definido para a decisão --favorável ou não ao casal.
Ainda nesta segunda-feira, o delegado responsável pelas investigações, Calixto Calil Filho, do 9º DP (Carandiru), informou que manterá o sigilo do caso, apesar de a Justiça ter determinado nesta segunda-feira que o inquérito não precisaria mais ser mantido em segredo.
Calil Filho preside o inquérito. Ele solicitou à Justiça a prisão temporária do pai da garota, Alexandre Nardoni, e da madrasta, Anna Carolina Trotta Jatobá. Nardoni e Jatobá estão presos desde quinta-feira (3), respectivamente, na carceragem do 77º DP (Santa Cecília) e na do 89º DP (Portal Morumbi).
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, para manter o sigilo, o delegado invocou o artigo 20 do Código de Processo Penal, que diz "A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade."
Silêncio
Além de determinar a prisão, o juiz Maurício Fossen, da 2ª Vara do Júri, também havia decretado sigilo no inquérito. Hoje ele reviu sua decisão e suspendeu sua própria determinação.
Em seu despacho de hoje, o juiz escreve que o sigilo era importante para "conclusão dos trabalhos que estão sendo desenvolvidos pela autoridade policial". Segundo Fossen, o promotor de Justiça José Taddei Cembranelli, que acompanha o caso, revelou detalhes à imprensa, na sexta-feira (4).
Cembranelli afirmou que há diversos aspectos das versões apresentadas pelos suspeitos que são contestados pelas testemunhas. O promotor chamou os depoimentos de Alexandre Nardoni, pai da garota, e a madrasta dela, Anna Carolina Jatobá, de "fantasiosos".
Para o promotor, se estiverem em liberdade, Nardoni e Jatobá retornarão ao apartamento onde o crime ocorreu e, inevitavelmente, terão contato com as testemunhas que participam do inquérito. Desde o crime, os peritos da Polícia Civil retornaram ao apartamento ao menos uma vez, e o carro --um Ka-- no qual o casal chegou, na noite do crime, continua lacrado.
Crime
Isabella foi encontrada com parada cardiorrespiratória no jardim do prédio onde mora o pai dela, na região do Carandiru (zona norte de São Paulo), na noite do último dia 29 de março. Segundo Nardoni, ela teria sido jogada do sexto andar do edifício. A menina morava com a mãe, mas visitava o pai a cada 15 dias.
Na versão apresentada à Polícia Civil, o pai de Isabella afirmou ter chegado de carro ao edifício onde mora, com os três filhos dormindo. Ele disse ter levado Isabella para o apartamento e retornado à garagem para ajudar a mulher com os outros dois filhos.
Quando voltou ao imóvel, Nardoni teria encontrado a luz acesa e percebido que a menina havia desaparecido. Ele teria, então, visto um buraco na tela de proteção da janela do quarto ao lado e Isabella deitada no jardim. Os bombeiros tentaram reanimar a menina por 34 minutos, mas não conseguiram.