Sei o quanto apanhei, ainda antes da decretação oficial da greve dos professores em São Paulo — que, felizmente, não pegou —, quando afirmei tratar-se de uma movimentação de caráter puramente eleitoreiro. Até alguns leitores habituais do blog, sem nenhuma simpatia pelo PT, chegaram a me indagar: “Pô, Reinaldo, você não está exagerando? Será que a Apeoesp não estaria agindo assim ainda que não houvesse eleições?”
Bem, esse sindicato estaria fazendo agitação contra qualquer governo não-petista, isso é evidente. Mas a campanha realmente organizada, com o deslocamento de “células de companheiros” para perseguir o adversário de Dilma em inaugurações, é trabalho organizado pelo partido.
Pense sempre o pior de um petista; você pode estar se antecipando aos fatos, mas jamais estará sendo injusto. E aconteceu! Dilma foi ontem à abertura do 2º Congresso das Mulheres Metalúrgicas do ABC. E com quem ela dividiu a mesa? Com a não-metalúrgica Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, presidente da Apeoesp, aquela que ficou muito brava comigo, vocês se lembram, quando a tratei como mero esbirro do PT. Ameaçou até me processar!
Leiam este trecho da reportagem de Malu Delgado, na Folha:
“Embora o ato fosse voltado para as mulheres metalúrgicas, ‘Bebel’, como foi citada nominalmente por Dilma, compôs a mesa e foi homenageada pelo presidente do sindicato, Sérgio Nobre, que a chamou de “irmã nossa” e defendeu a greve dos professores.”
O congresso, em si, já é uma escandalosa manipulação do sindicato em favor da candidatura de Dilma, outra ilegalidade. O primeiro aconteceu, calculem, em 1978. Lembraram-se de fazer o segundo 32 anos depois, agora que Dilma é candidata. Por quê? Segundo Sérgio Nobre, o presidente, porque “as décadas de 80 e 90 foram de enfrentamento contra a ditadura e a era do neoliberalismo”. Entendi…Foi possível fazer um encontro em 1978 (!), mas depois a ditadura (?) dos anos 80 e o neoliberalismo (!!!) impediram.
Leiam outro trecho da reportagem de Malu Gaspar:
(…)
Dilma fez um discurso voltado para as mulheres, segmento em que cresce menos, segundo as últimas pesquisas. Antecipou o anúncio de uma medida do PAC 2, a segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento, que será lançado só segunda-feira por Lula em Brasília. “Tem uma coisa no PAC 2 muito importante para as mulheres e seus filhos. Nós vamos construir creches.”
O congresso ocorreu no mesmo auditório em que Lula foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em 1978. “Esse auditório é solo sagrado”, disse ele. “Esse local, o presidente Lula me ensinou, é histórico”, repetiu Dilma.
Várias passagens do evento evidenciaram a campanha extemporânea, a começar pelo jingle “Olê, olê, olá, Dilma, Dilma”, entoado várias vezes. Diretora do sindicato, Simone Vieira deixou claro, em seu discurso, que “a Dilma Rousseff é uma das inspirações” para a realização do 2º congresso. Acrescentou, ainda: “A Dilma é a nossa esperança”.
Voltei
Posts abaixo, lembro o caso da cassação de Jackson Lago, que governava o Maranhão. A razão principal foi a sua presença, quando candidato, na celebração de um convênio anunciado pelo então governador, José Reinaldo Tavares. Acima, em plena campanha eleitoral ILEGAL, Dilma resolveu anunciar a “construção de creches” no chamado PAC 2 - outra peça de ficção que vai se juntar ao PAC 1. Este é certamente o ato mais vergonhosa e escandalosamente ilegal protagonizados por Lula e Dilma.
A presença de Bebel, que comanda a campanha suja em São Paulo que pune, na prática, as crianças pobres, é um acinte e revela, uma vez mais, a falta de limites dessa gente, o que inclui, obviamente, Lula e Dilma. Estão naquele estágio em que nem mesmo se ocupam em disfarçar. Nesta sexta, Bebel estará, mais uma vez, no comando de arruaças político-eleitorais disfarçadas de luta sindical.
Chamei ontem os tontons-maCUTs da Apeoesp de “tropas de assalto à democracia”. Como viram, eu me antecipei. Mas não errei.